Longo Século XX
Trabalho Universitário: Longo Século XX. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: fdsds • 11/5/2014 • 1.683 Palavras (7 Páginas) • 499 Visualizações
O declínio do poderio mundial norte-americano, a partir de 1970, inicia um debate acadêmico sobre a ascensão e queda de estados hegemônicos; alguns autores buscam identificar similaridades estruturais nas diferentes situações históricas estudadas.
Hegemonia aqui é entendida como a capacidade de um estado de exercer funções de liderança e governo sobre um sistema de nações soberanas; não se trata de dominação pura e simples, mas de dominação intelectual e moral; as forças de oposição são eliminadas pela coerção e pelo exercício do poder econômico (corrupção, fraude). A hegemonia é também estabelecida a partir de um interesse geral que motive a adesão de estados a uma coalizão.
As ascensões e declínios de estados hegemônicos não ocorrem num sistema mundial se expandindo independentemente numa estrutura invariável; o sistema mundial se forma e expande baseado em recorrentes reestruturações fundamentais; ascende o estado que aproveita com êxito situações de conflito que levam a um caos sistêmico, generalizando uma demanda por “ordem” e restabelecimento da cooperação interestatal.
O moderno sistema de governo emergiu da desintegração do sistema da Europa medieval, que consistia numa relação senhor-vassalo, uma mistura de público e privado, mobilidade geográfica do poder e legitimação dada por um corpo comum de leis, religião e costumes. O sistema moderno torna as esferas pública e privada distintas; a jurisdição é claramente demarcada por fronteiras nacionais e está estreitamente associado ao desenvolvimento do capitalismo como sistema de acumulação mundial.
Este vínculo é tanto contraditório como único: o capitalismo e os estados nacionais surgiram juntos e são inter-dependentes, mas há condições que fazem os capitalistas se oporem à ampliação do poder do estado; enquanto o foco estatal é a aquisição de territórios e o controle de populações, o foco do capitalista é o acúmulo de capitais. O estado usa o controle do capital como meio de adquirir territórios; o capitalista usa o controle do território como meio de acumular capitais. O apoio capitalista ao estado está condicionado ao seu funcionamento como facilitador do acúmulo de capitais. Cita como exemplo China e Europa nos séculos XIV-XV: enquanto o capitalismo é o grande motivador do esforço europeu de adquiri territórios, a China (superior tecnologicamente e muito rica) não tem motivação econômica para ir à Europa.
A invenção do estado moderno ocorre primeiro nas cidades renascentistas da Itália setentrional. Veneza tem uma oligarquia mercantil que controla o poder estatal, com quatro características básicas:
Sistema capitalista de gestão do estado e da guerra.
Equilíbrio de poder como garantia de independência.
Guerras concebidas como indústria de produção de proteção, autocusteadas.
Desenvolvimento de redes de diplomacia para manutenção do equilíbrio.
Às cidades italianas sucederam a Espanha. A nova tecnologia militar e o fluxo de riquezas vindas da América produziram um enorme aumento nos gastos militares; a escalada militar e a afirmação dos estados nacionais criaram enormes conflitos e tensão social; o uso da religião nos conflitos de poder aumentou a violência.
As Províncias Unidas sobressaíram-se neste cenário, por serem os primeiros a liquidar o sistema de governo medieval. A Holanda surge como potência hegemônica após a Guerra dos Trinta Anos. Os acordos para proteger o comércio em tempo de guerra celebrados na Paz da Westfália criaram as condições para a expansão do capitalismo; Haia permanece até hoje como o centro da diplomacia européia.
De 1652 a 1815 há a luta entre França e Inglaterra pela supremacia. Na primeira fase ambas tentaram anexar a Holanda para controlar suas redes comerciais; na segunda fase dos conflitos o alvo são as próprias redes comerciais holandesas; a geografia política do comércio mundial é reestruturada radicalmente: saem de cena portugueses, espanhóis e holandeses; ascendem franceses e ingleses no século XVIII.
Características do capitalismo durante o mercantilismo anglo-francês: colonização direta, escravismo capitalista, nacionalismo econômico.
No século XVIII o caos sistêmico é fruto da intromissão do conflito social nas lutas de poder; o equilíbrio é restabelecido com o Tratado de Viena (1815); a hegemônica agora é do imperialismo britânico de livre comércio; todo o sistema interestatal é reorganizado, e passa a haver um controle inédito de uma única potência sobre quase todo o mundo. A Inglaterra combina duas filosofias: uma política “veneziana” de equilíbrio europeu e aliança com monarquias reacionárias e uma política “espanhola” de imperialismo colonial e controle direto no restante do mundo (à exceção da América, onde há uma política de apoio à emancipação das novas nações em troca da abertura dos mercados).
A partir de 1870 a Alemanha e os Estados Unidos vão alterar a balança de equilíbrio da Pax Britânica; ambas as nações experimentam uma fase territorialista com motivação econômica; em seguida experimentam uma espetacular fase de industrialização. Mas a posição geo-econômica dos Estados Unidos (tamanho territorial, posição insular em relação à Europa e central entre centro e regiões coloniais) será determinante em seu sucesso sobre a rival.
A próxima crise sistêmica foi motivada por um processo de socialização da gestão da guerra e do estado: a industrialização da guerra vai aumentar a influência das classes operárias; há contestação do imperialismo e uma polarização entre duas facções opostas: Inglaterra e França a favor de manter o status quo (imperialismo de livre comércio) e os novatos (Alemanha, Japão) exigindo uma mudança no poder mundial. As duas guerras mundiais vão levar à ascensão dos Estados Unidos como nova potência hegemônica e produzir uma nova reformulação do sistema interestatal, baseado na oposição Estados Unidos x União Soviética.
Diferenças entre os períodos hegemônicos britânico e norte-americano:
Foco inglês no imperialismo; os EUA apostam na descolonização.
Livre cambismo inglês; os EUA fazem pressão por abertura de mercados em mão única.
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