Melhoria contínua

1.Introdução

A Melhoria Contínua (MC) pode ser considerada como um dos fundamentos dos sistemas de

produção baseados nos modelos de Gestão da Qualidade Total, Produção Enxuta e

Manufatura de Classe Mundial. Embora, seja freqüentemente associada a tais modelos, a MC

pode ser implementada como um programa independente, que produz avanços cumulativos

nos indicadores de resultados de uma organização. Neste sentido, a MC é uma importante

estratégia para o aumento da competitividade de qualquer organização (MARIN-GARCIA et

al, 2007).

Caffiyn (1999) conceitua MC como um processo concentrado na inovação incremental e que

deve envolver toda a organização. Trata-se de um conceito simples, de fácil entendimento e

de baixo nível de investimento. Segundo Bessant e Francis (1999), a MC é resultado de três

elementos: caminhos, posição e processo. Os dois primeiros relacionam-se ao conjunto de

competências que uma organização acumula ao longo do tempo e ao posicionamento em

termos de produto/mercado que pretende adotar. O terceiro elemento refere-se às rotinas da

organização que determinam sua forma de inovar, aprender e de se renovar.

Muitos temas têm sido relacionados à MC. Entre estes se destacam: os modelos de

organização das equipes de melhoria (AUGSDORFERE, HARDING, 1995; DABHILKAR,

BENGTSSON, 2004); a formação de habilidades dos membros das equipes de melhoria

(BESSANT; FRANCIS, 1999; JABNOUN, 2001; LEE, 2004; ABRAHAMSSON; GERDIN,

2006); o relacionamento entre MC e sistemas de gestão da qualidade (CHAPMAN;

HYLAND, 1997; HYLAND ET AL, 2000); a utilização de mecanismos de suporte e

ferramentas (DELBRIDGE; BARTON, 2002); o uso de indicadores de desempenho e

sistemas de informação como suporte às atividades de MC (BECHET ET AL, 1999).

ANAIS

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A identificação de fatores críticos que influenciam positivamente o resultado das ações de MC

tem sido estudada por Atkinson (1994) e Marin-Garcia et. al (2007). Entretanto, muitas

organizações têm encontrado dificuldades para implementar esse conceito de forma efetiva.

Mais pesquisas empíricas devem ser conduzidas para identificar os fatores que realmente

contribuem para o sucesso das atividades de MC e, conseqüentemente, para o próprio

desempenho da organização. Este é o objetivo deste artigo, que analisa:

•o impacto dos meios e técnicas utilizadas no apoio e suporte à identificação de

problemas nos resultados das atividades de MC;

•a influência dos sistemas de incentivos nos resultados das atividades de MC;

•as ferramentas que mais contribuem para o sucesso das atividades de MC.

Para este propósito foi realizado um levantamento (survey) em empresas brasileiras que

adotam sistemas formais de gestão da qualidade. Os dados coletados foram analisados por

meio de técnicas estatísticas descritivas e multivariadas.

Por meio desta introdução fica delineado o escopo deste artigo. As três seções seguintes

apresentam uma breve revisão bibliográfica sobre Melhoria Continua. Na seção três é

apresentado o método utilizado. Os resultados da análise descritiva e multivariada são

apresentados na seção quatro e discutidos na seção seguinte. Por fim, têm-se as considerações

finais do artigo.

2. Melhoria Continua

Savolainen (1999) afirma que a renovação das práticas organizacionais é resultado de um

processo de adaptação estratégica decorrente de influencias externas e que dá origem a novos

modos