“O Deus exilado” Breve História de uma Heresia, Fiorillo, Maria Pacheco – Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
Por: boava • 7/10/2016 • Resenha • 4.353 Palavras (18 Páginas) • 716 Visualizações
“O Deus exilado” Breve História de uma Heresia, Fiorillo, Maria Pacheco – Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
Recapitular, um passado estando ele perdido, subtraído ou até mesmo esquecido pelo passar do tempo, torna se uma missão desafiadora, pois exigem do historiador uma dedicada e profunda pesquisa da fonte. É por isso, que de inicio, temos como principal objetivo agradecer e parabenizar, a esta brilhante historiadora e seus cooperadores por esta magnifica e grandiosa conquista. “Obra” indispensável para quem vive de curiosidade, desconfiança a respeito do cristianismo e suas raízes. Sem limitação, o livro aborda com grande ênfase os textos enigmáticos do gnosticismo tendo também a preocupação em relatar o avanço do fundamentalismo religioso que se encontra infiltrado em todo planeta e principalmente nas regiões mais pobres e desassistidas (Paquistão, Afeganistão) especializadas em precoces lavagens cerebrais. Aborda vários outros temas entre eles a infalibilidade papal, ataques aos religiosos liberais, fanatismo religioso onde religiões são feita e refeitas tornando - se desfiguradas.
Capitulo I “Sobreviventes” - Iraque, 2008.
Neste primeiro capitulo Marilia nos traz um cenário de uma intensa guerra, grandes destruições, opressões, seguidas de inúmeras mortes, traz a tona também a força dos mercenários americanos sobre aquela que foi uma cidade famosa sendo destacada por ser o maior mercado editorial da região. Região esta totalmente abalada com tanta prepotência pelos que se dizem donos do mundo causando muitos danos colaterais tendo como alvo principal a (comunidade dos mandeanos). Único grupo gnóstico que sobreviveu a esta intensa guerra desprovida e que chegou intocável até o século XXI mantendo-se isolados sem perder seus hábitos e costumes mais que se tornaram refugiados de seu próprio destino.
Os mandeanos ocupavam a região entre rios (Delta, Tigre e Eufrates) divisa Iraque e Irã esta fronteira que é caracterizada por eles de (Muro de Berlim), foram chamados de banhistas diários por praticar o ritual do “batismo ou Masbuhta”, ritual de purificação que deve ser feito repetitivamente, diariamente. O significado de mandeanos (parente aramaico) “Conhecedor” aquele que possui e conhece a gnose. Rodeados a perseguições eles eram tolerados pelos bizantinos e mulçumanos por serem monoteístas. O segundo mantinha uma proposta de que para os mandeanos se manterem seguros e coexistentes “aceitassem o Islã como sua única e verdadeira religião ou então seriam executados, perseguidos, torturados a qualquer modo, não poupando nem as mulheres que se recusassem a usar o hijab”.
Uma placa era sempre exposta na lojinha de um mandeano com dizeres relacionados a João Batista era um meio de se refugiarem, acabarem com as perseguições iminentes, usavam estes artifícios para ficarem ilesos não se submetendo a opressão da época, pois se mostravam neutros perante as depurações Cristãs e Islâmicas, demonstrando que eles também não consideravam Jesus o principal profeta.
O livro nos desperta um grande entendimento sobre os textos mandeanos, a autora distribui com extrema delicadeza e habilidade textos principais como o Ginza (Tesouro) o Livro de João e o Diwan Abathur. Os mandeanos são pessoas simples, comuns com sua comunidade baseada em três estratos conforme o grau de sabedoria do participante: (sacerdotes, os homens ilustrados e pessoas comuns) tinham certa propensão ao socialismo. De acordo com a autora os mandeanos não eram considerados heróis, presavam a paz, sossego e discrição. Não se deixavam convencer por nenhuma religião seja ela cristã ou muçulmana, delicadezas neste caso eram deixadas a parte. Maomé era totalmente ignorado por eles, assim como Cristo. O batismo cristão em água parada era visto por eles como uma das piores calamidades, pois para eles a água corrente assegura status nesta vida e tranquilidade na outra e intervindo também na conexão com o “Divino”.
No cotidiano dos mandeanos em relação à alimentação é proibida a ingestão de cogumelos e carnes com exceção a carne do cordeiro, quanto às vestes são mais exigentes, é habito vestir roupas brancas, inclusive as roupas de baixo, proibido o corte de cabelo e barba. O celibato era visto como uma abominação, a procriação é encarada por eles com um dever sagrado, matem-se isolados das musicas por considerarem que as melodias veem das sombras.
Capitulo II – “Vozes do Deserto”
Neste capitulo destaca-se a descoberta dos inúmeros manuscritos antigos no deserto do Egito libertando do exilio grupos que haviam sidos condenados ao cala-se e a uma amnésia forçada, destaca - se também a cobiça dos negociantes.
A religião maniqueísta e dualista de extrema importância foi resgatada graças a estes manuscritos e a iconografia, pinturas em frisos e estandartes causaram uma grande agitação entre os historiadores. Entre essas e outras descobertas acharam 36 evangelhos diferentes dos canônicos, cartas com livre acesso pelas congregações cristãs. Entre estes textos o único disponível na biblioteca de Nag Hammadi seria o Evangelho de Tomé. Após o decreto do príncipe de Alexandria o gnosticismo enfraqueceu mais não se extinguiu os textos censurados se tornaram de grande importância religiosa, no entanto que foram enterrados em mosteiros e preservados pelos próprios monges, foi mantido outras versões para este mesmo fato. A algo que nos deixa curioso qual o objetivo destes textos serem guardados com tanto apresso pelos próprios monges? Todas as respostas podem ser interpretadas nesta magnifica obra de Marília Fiorillo onde ela enfatiza trinta anos de segredos muito bem guardados, negligenciados, tirados de circulação pela ira, pela inveja, censurados pelos que só viviam da fé, bispos católicos. Fiorillo menciona a opinião Gnóstica perante a fé do cristão, pois considera a fé um caminho errôneo para se conectarem com “Deus” insistem que o único e mais vantajoso caminho para esta conexão só se encontra nas entranhas do “conhecimento”.
Capitulo III – “A Fraqueza de Deus”
A autora destaca que o ponto forte e primordial para os gnósticos é o poder da imaginação que postos em pratica se tornam ameaçadores, principalmente para os que vivem somente da fé. Esta “fé” que não conseguiu sozinha, controlar os grandes conflitos, guerras, destruição a todo vapor, opressões, ausência da justiça, a fúria da natureza sobre a quem a transforma mais também a destrói, falta de amor sobre a humanidade... “Fé” que não foi capaz de transformar este mundo em um mundo de igualdade e liberdade, onde se preserva
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