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O Programa de Iniciação Científica 2019

Por:   •  28/11/2023  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.535 Palavras (7 Páginas)  •  50 Visualizações

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FASM - Programa de Iniciação Científica 2019

Título: Identidade e Memória do Interior: paisagens sócio-econômicas e culturais presentes nos registros do Cartório de Dores da Vitória, distrito de Mirai/MG.

Orientandos: Débora Mariana de Souza Freitas; Daniely Caroline Briguente Bazoti Labarba; Ronaldo Pereira dos Santos

Orientadores: Maria de Lourdes Lima Malafaia e Sergio Antônio de Paula Almeida

Palavra Chave: Registros civis, paisagens, memória.

[pic 1]

Introdução

Desde a fragmentação da história, conceito apresentado por François Dosse, a historiografia se estendeu muito além das mentalidades, embora toda sua finalidade esteja ligada a essa terminologia. Tal fragmentação trouxe novas abordagens e conseguinte a percepção das paisagens e do patrimônio cultural existente no silêncio das fontes. Esta história renovada, a partir do movimento dos Annales, traz assim, uma nova atmosfera quanto ao que se percebe nas fontes de investigação.

Escondidos nos arquivos cartoriais interioranos encontram-se boa parte de nossa proto-história e memória social. Estes arquivos esquecidos se deterioram pelo tempo ou pelo uso constante de sua finalidade, entretanto eles possuem outra face para a produção historiográfica: a de contar a memória e de apresentar as paisagens[1] de outrora, raízes da identidade social.

Paisagens e fragmentos culturais fazem parte deste novo olhar, que impulsiona a curiosidade de novos pesquisadores, tão logo se percebe a possibilidade de encontrar tesouros escondidos. Assim, estes documentos cartoriais possuem a capacidade, além de sua finalidade tradicionalista, de contribuir para se compreender a cultura de uma região, e desta formalançar um novo olhar sobre as populações locais.

[pic 2]

Resultados e Discussão

Foram catalogados 1045 registros de nascimento do Cartório de Registro Civil do Distrito de Dores da Vitória, pertencente ao município de Miraí no período entre 1889 a 1902. Durante a catalogação, pôde-se perceber aspectos da vida cotidiana da sociedade regional no final do século XIX e início do século XX e, por conseguinte, a possibilidade de construção de um imaginário sobre a região. Este “imaginário”, embora soe como palavra vazia, é de fundamental importância para se compreender costumes da sociedade local, através de seu modus operandi. A esta discussão, se junta Le Goff[2], quando reafirma a necessidade de um documento para que se faça a história, e assim compreende-se que os registros civis do Cartório de Dores da Vitória fazem parte desta monumentalização a que serve o historiador, na busca por respostas do cotidiano de sua sociedade.

Trazem, portanto, os registros civis do Cartório de Dores da Vitória, as paisagens do tempo, escritas e esquecidas no seu próprio silêncio, entretanto o historiador possui a capacidade de lhes dar nova finalidade.

Paisagens existentes nos registros do Cartório Civil de Dores da Victória – Distrito de Miraí/MG (1889-1902)

Toponímia

Estrutura Socioeconômica

Religiosa

Lugares

População

Ocupações

 Da Conceição

 Santa Anna

 Brasileiros

 Lavradores

 Do Espírito Santo

 Santo Antônio

 Franceses

 Negociantes

 De Jesus

 São Brás

 Indígenas

 Parteiras

 João Baptista

 São José

 Italianos

 

 José

 Santa Rita  

 Portugueses

 

 Maria

 São Sebastião

 

 

Fonte: Cartório de registro civil do Distrito de Dores da Vitória

[pic 3]

Conclusões

        

A evolução material da sociedade ocidental em sua busca por desenvolvimento tecnológico criou mecanismos de organização com o objetivo tornar a vida mais fácil e, consequentemente, previsível. Essa busca por uma constante padronização se reflete nos costumes básicos, que se tornam naturais ao ponto de não percebermos sua efemeridade no tempo histórico; hoje, os hábitos sociais humanos não são os mesmos de um século atrás, assim como não serão iguais em um futuro próximo. Os costumes do povo ocidental aparentam estar cristalizados aos olhos contemporâneos, e a percepção sobre as paisagens culturais, sociais e econômicas não são tão evidentes. Por exemplo, atualmente sabemos que o local padrão de nascimento dos indivíduos de nossa sociedade é o hospital – ou ao menos almeja ser – entretanto, este hábito se configura numa paisagem do presente, e a análise deste acontecimento pode gerar clareza sobre como funcionam as relações humanas em nosso tempo.

        Historicamente, registrar pontos de ruptura é um hábito desde a Antiguidade, e o mecanismo utilizado para levar o feito à posteridade são os registros civis que, ao longo da história, se configuraram de muitas formas: eclesiásticos, laicos e formais (MACRAKIS, 2000).

A história brasileira é inicialmente formulada a partir de registros eclesiásticos na qual apresentam diversas características subjetivas de quem os registrou, às vezes com omissões prejudiciais e adições desnecessárias, entendendo que este julgamento é feito ao comparar o uso dos registros antigos com os dos dias de hoje, pois, o que se registrava anteriormente serão as paisagens analisadas neste trabalho.

        Os primeiros registros civis do cartório de Dores da Vitória datam de um período (1889-1902) em que a sociedade brasileira sofria sérias transformações; passava-se do Império para a República, a Igreja era desmembrada do Estado, e com isso os registros eclesiásticos foram passados para a jurisdição estatal, porém, a recente mudança não anulava o aparato sociocultural enraizado nos costumes da época, e se reflete nas formas de redigir os registros.

        Hoje, de acordo com a Constituição Federal de 1988, “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Sendo assim, observa-se nos registros atuais uma padronização que respeita esse direito constitucional. Nos registros de Dores da Vitória não temos tais princípios assegurados e a variedade de situações encontradas permite traçar paisagens sobre a forma como se desenvolveu o distrito em seus parâmetros econômicos, sociais e culturais.

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