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O Renascimento Resumo e Referências

Por:   •  7/4/2023  •  Trabalho acadêmico  •  1.398 Palavras (6 Páginas)  •  125 Visualizações

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1 - DA RENASCENÇA E REFORMA À CONQUISTA DO MUNDO NOVO 

BASE: 6.

A Renascença pode ser apreendida dentro de um período de transformações em diversos âmbitos que concernem à mudança de uma série de práticas características do período medieval e que serão importantes para a análise de diversos contextos, com destaque para o Europeu.

Jean Delumeau, em sua obra XXXX destaca a problemática em se trabalhar com o termo Renascimento a partir de uma análise que trate de rupturas abruptas com o período medieval, destacando então transformações culturais, técnicas e do plano da consciência que serão determinantes. Nesse sentido, compreende o período entre o século XIV ao século XVII, para debater as especificidades das transformações que destaca como importantes, sobretudo no que considera “uma promoção do Ocidente numa época que a civilização da Europa ultrapassou, de modo decisivo as civilizações que lhe eram paralelas”. Dessa forma, considera que houve uma superação européia em comparação com contexto como asiáticos ou arábes, que se mostravam em evidência anteriormente, seja pelo desenvolvimento.

Alguns elementos podem ser enunciados como importantes ao longo deste processo de transformação, sobretudo entre os anos de 1320 e 1450: privações, epidemias (peste negra), guerras, aumento brutal da mortalidade, diminuição da produção de metais preciosos e avanço dos turcos. Delumeau vai argumentar que a história do Renascimento diz respeito, então,  à história desses desafios, elencando então elementos em resposta a estes tais como: crítica ao pensamento clerical do período medieval, recuperação demográfica, progressos técnicos, as grandes navegações, uma estética nova, o cristianismo reelaborado e rejuvenescido.

Os fatores de superação e transformação serão percebidos, também no plano da consciência. Delumeau destaca a percepção de diferença das comunidades que experienciaram o período renascentista em comparação ao período anterior, entendendo-se então nessa diferença.

Com relação a algumas das características pertinentes de análise quando se trata desse recorte denominado renascimento, sobretudo ligados à consciência de si e dos outros, assim como os primeiros debates e sentimentos que envolvem pertencimento ou “nacionalismo”. As noções de fronteiras e águas territoriais, a ascensão do individualismo, e o humanismo, este último com destaque com relação à utilização, em um primeiro momento, o “latim renovado” nas publicações, assim como admiradores dos escritores antigos o farão em línguas vernáculas, que gradativamente foram sendo promovidas.

No viés de análise das transformações, é importante o debate acerca do papel da Reforma Protestante. É possível que a  Reforma seja a melhor síntese desse conjunto de transformações, composto pela Renascença no campo cultural, pela formação do Estado Absolutista no campo político e pela transição do Feudalismo para o Capitalismo nas relações econômicas e de trabalho, desdobrando-se para além da Europa a partir das disputas colonialistas.

As reformas religiosas, protestantes e católicas, no século XVI europeu, tiveram impactos fundamentais nos modos de ser e estar no mundo, possibilitando o surgimento de novas concepções éticas, estéticas e políticas. Colocou em novos termos as relações entre liberdade e obediência, entre consciência e crença, pensamento e ação.

No clássico Crítica da filosofia do direito de Hegel, mais conhecido pela famosa frase “A religião é o ópio do povo”, Karl Marx interpretou a Reforma como “o passado revolucionário da Alemanha” – mas uma revolução que teria ficado circunscrita ao campo teórico, “na cabeça do monge”, como no século XIX estaria “na cabeça do filósofo” (os idealistas alemães). Se a Reforma não foi para Marx uma “solução” (emancipação humana da religião) ela representou “a maneira correta de pôr o problema” (secularização), pois como ele escreveu: “não se tratava a partir desse momento do combate do leigo contra o clérigo exterior a ele, mas do combate contra o seu próprio e íntimo clérigo, contra a sua natureza clerical”. Como isso se deu? A Reforma alterou a relação dos homens com a autoridade e com a crença, pois como escreveu Marx: “Certamente Lutero quebrou a fé na autoridade, restaurando a autoridade da fé, libertou o homem da religiosidade exterior fazendo da religião a consciência do homem, libertou o corpo de suas cadeias carregando com elas o coração”. A religião passou a ser cada vez mais um assunto da consciência, e esta, um elemento fundamental da liberdade individual diante dos poderes eclesiásticos e políticos.

No clássico A ética protestante e o espírito do capitalismo Max Weber interpretou a Reforma como a formação de um novo ethos, a expressão cultural e religiosa da racionalização da vida no mundo ocidental. O capitalismo em sua racionalização das relações econômicas e de trabalho beneficiou-se desse ethos, teceu com ele “afinidades eletivas”, reativações mútuas no modo como o capitalismo e o protestantismo passaram a moldar as relações sociais. Para Max Weber, o conceito moderno de vocação era filho da Reforma Protestante, representava a ascese como um exercício espiritual saindo da vida monástica e invadindo as atividades seculares. A partir de Lutero o trabalho adquiriu centralidade como forma de servir a Deus: “O único modo de vida aceitável por Deus não era o superar a moralidade mundana pelo ascetismo monástico, mas unicamente o cumprimento das obrigações impostas ao indivíduo pela sua posição no mundo”. A partir do protestantismo, com Lutero e posteriormente Calvino, a vocação se tornou o princípio que norteava a vida pública do fiel, racionalizando suas atividades no mundo, numa ascese intramundana assim definida: “O ascetismo cristão, que de início se retirava do mundo para a solidão, já tinha regrado o mundo ao qual renunciara a partir do mosteiro, e por mais da Igreja. Mas no geral, tinha deixado intacto o caráter naturalmente espontâneo da vida laica do mundo. Agora avançava para o mercado da vida, fechando atrás de si a porta do mosteiro; tentou penetrar justamente naquela rotina de vida diária, com sua metodicidade, para amoldá-la a uma vida laica, embora não para e nem deste mundo”. Portanto, para duas escolas sociológicas diferentes, não é possível compreender a Reforma Protestante como um processo histórico relativo apenas à vida religiosa, mas como um novo modo de ser, estar e agir no mundo na configuração histórica do capitalismo e dos valores de sua classe dominante, a burguesia.

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