O início da antropologia no Brasil
Pesquisas Acadêmicas: O início da antropologia no Brasil. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: 24584285 • 3/10/2014 • Pesquisas Acadêmicas • 1.780 Palavras (8 Páginas) • 384 Visualizações
Introduzimos este trabalho com uma pincelada sobre como se deu a início da Antropologia, no Brasil. A seguir relataremos vida, obra e contribuições de Gilberto Freyre e Sergio Buarque de Holanda, Antropólogos, reconhecidos pela importância de suas obras para compreensão da sociedade brasileira.
A Antropologia surge no Brasil quando a monarquia entra em seus últimos anos e o ideal de governo republicano abre a imaginação da classe média e de parte da elite nacional. O darwinismo social penetra com força total no pensar dos intelectuais brasileiros.
Com uma mistura de darwinismo social, de positivismo e de determinismo biológico e geográfico, nasce a primeira sistematização do pensamento antropológico brasileiro.
Entre mais ou menos 1880 e 1930, o Brasil viveu seu período de autoestima mais baixa de toda a sua história. Como um país com tantos negros e tantos mestiços poderia ter futuro?
Os pensadores brasileiros, para se considerar cientistas, tiveram que aceitar o paradigma do darwinismo social e acatar suas consequências político-culturais. Assim é que foi surgindo um pensamento antropológico sobre o Brasil.
Não há um ou alguns “pais” da Antropologia brasileira, mas há algumas figuras que fizeram pesquisa, descreveram singularidades culturais, propuseram questões e respostas para encarar problemas brasileiros por um viés que podemos chamar antropológico.
Sobre populações indígenas destacaram-se: Couto de Magalhães, Curt Unkel e Capistrano de Abreu, que graças a suas pesquisas a cultura desse povo ficou conhecida na literatura mundial.
Sobre os negros destaca-se Nina Rodrigues, e sobre o conjunto cultural realçam-se as análises de Sílvio Romero, Manoel Bonfim e Euclides da Cunha.
Foi o advento da Semana da Arte Moderna, realizada em São Paulo em março de 1922, que sacolejou a nação, desencadeando o processo de modernização cultural.
Participaram os poetas e escritores Manuel Bandeira, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Monteiro Lobato Azeredo do Amaral Câmara Cascudo, e foi-se desencadeando o processo de modernização cultural da nação.
Isso implicava, o autoconhecimento da cultura brasileira, que se baseava em estudos e pesquisas sobre costumes do povo, no seu passado, no seu presente e nas suas realizações concretas.
Com a chegada do rádio em 1927, e passou a veicular músicas de autores populares, a cultura brasileira estava em caminho sólido de reversão de sua autoestima.
Gilberto de Mello Freyre, nasceu no Recife, Pernambuco, em 15 de março de 1900, filho do Dr. Alfredo Freyre - educador, Juiz de Direito e catedrático de Economia Política da Faculdade de Direito de Recife - e Francisca de Mello Freyre.
Foi doutor pelas Universidades de Paris (Sorbonne), Colúmbia (EUA), Coimbra (Portugal), Sussex (Inglaterra) e Münster (Alemanha). Em 1971, a Rainha Elizabeth lhe conferiu o título de Sir (Cavaleiro do Império Britânico).
Sociólogo, antropólogo, escritor, pioneiro da Antropologia Cultural Moderna Brasileira com a obra "Casa-grande & Senzala".
Através da influência Franz Boas, “pai” da antropologia americana moderna, crítico feroz dos determinismos biológicos e geográficos, levanta argumentos antropológicos que desbarataram no Brasil o paradigma do darwinismo social, que se baseava na ideia de que o racismo e a inferioridade do mestiço se fazia dominadora.
Freyre conceituou seu objeto, a formação racial e histórica da cultura brasileira, como uma totalidade em que se integravam desde a economia, o meio ambiente, a cozinha, até as religiões, os rituais, os mínimos detalhes de comportamento.
No plano político-cultural apresentou uma nova autoimagem para o Brasil, pelo reconhecimento do valor das contribuições de cada grupo racial-cultural, cuja mesclagem é que teria formado a cultura brasileira.
Supervalorizou o modo brasileiro de inter-relacionar os seus componentes sociorraciais, ao comparar com o modo americano, e com isso formulou as bases da chamada ideologia da “democracia racial”, segundo a qual no Brasil não haveria preconceito de raça, mas tão somente preconceito de cor e de classe.
A sua contribuição para o estudo de gênero é tão importante que até hoje é insuficientemente valorizada.
Gilberto Freyre, continuou sua obra de análise da formação brasileira através
de duas dezenas de livros.
Escreveu sobre a passagem da influência preponderante do mundo urbano no livro Sobrados e Mucambos; sobre o mundo inicial do republicanismo em Ordem e progresso; escreveu sobre a influência de ingleses e holandeses no Brasil, sobre o papel cultural da economia açucareira; qual um Antônio Vieira moderno, escreveu sobre a cultura portuguesa civilizando o mundo africano e espalhando sentimentos positivos pela Ásia.
. Suas análises sobre o mundo feminino do Brasil tradicional são de uma importância ímpar e de absoluta originalidade.
Do mesmo modo, as suas investigações sobre as gerações, as tensões entre jovens e velhos, a ascensão do mulato e do bacharel constituíram-se em contribuição preciosa para a compreensão de processos de mudança social, longe, portanto, de fixar-se num modelo estático e rígido
Identificou na família patriarcal o eixo fundamental da sociedade brasileira, tema que suscitou e suscita até hoje interessantes discussões sobre as suas relações com o poder público e com o Estado.
O foco no cotidiano, no dia-a-dia, no mundo doméstico, no que poderíamos chamar hoje de microssociologia, não o afastou de uma visão ampla, de longue durée da sociedade brasileira e de suas relações com o mundo em geral.
É interessante, com uma perspectiva temporal mais longa, identificar como Freyre preocupou-se com as relações de produção, de alguma maneira dialogando com Marx, com as relações entre religião, valores e capitalismo, com Weber, e com os processos interacionais, com Simmel. As biografias e as trajetórias individuais não são apenas pretextos, mas focos privilegiados de análise no decorrer de toda a sua obra.
A obra de Freyre tem um efeito inovador, superando explicações sociobiólogicas e as que se apóiam em determinismos geográficos, permitindo um novo degrau analítico de interpretação social do Brasil.
A contribuição de Gilberto Freyre no campo educacional estaria numa filosofia que integrasse experiência e educação. Uma visão filosófica em bases antropológicas, não apenas em categorias abstratas universais, mas numa filosofia para a vida (cf. Rego, 1999, p.184).
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