OS CAMINHOS PARA UMA EFETIVA REFORMA EDUCACIONAL.
Por: Alexandre Drews • 11/12/2019 • Ensaio • 1.928 Palavras (8 Páginas) • 277 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL
CAMPUS DE ERECHIM
CURSO DE HISTÓRIA
ALEXANDRE DREWS
CAMINHOS PARA UMA EFETIVA REFORMA EDUCACIONAL.
ERECHIM
2016
OS PROCESSOS CONTEMPORÂNEOS DE MUDANÇA DA EDUCAÇÃO SECUNDÁRIA NA AMÉRICA LATINA: ANÁLISE DE CASOS NA AMÉRICA DO SUL. Resenha de: BRASLAVSKY, CECÍLIA. Educação secundária: mudança ou imutabilidade? UNESCO, cap. 5, p. 187-234, 2002.
1 CREDENCIAIS INTRODUTÓRIAS
O texto analisado se chama “Os processos contemporâneos de mudanças da educação secundária na América Latina: análise de casos na América do Sul” e constitui o quinto capítulo do livro “Educação secundária: mudança ou imutabilidade?” fazendo parte de um projeto de edições da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura no Brasil que visa orientar educadores e interessados sobre as perspectivas de mudanças da educação secundária na América Latina.
Foi publicado no ano de 2002 pela professora e doutora em filosofia Cecília Bravlavsky, que na época da publicação era diretora do Escritório Internacional de Educação da UNESCO.
O trabalho da professora aborda as principais tendências de desenvolvimento da educação secundária, trazendo o ponto de vista do mundo de trabalho contemporâneo, analisando qual o papel da educação secundária no aprofundamento das desigualdades sociais da sociedade em que vivemos. Problematiza a questão do lugar da educação secundária nas estruturas dos sistemas de ensino, bem como o papel dos padrões e avaliações, propondo alternativas de mudança e possibilidades de alterações dos pragmáticos métodos utilizados atualmente, explanando sobre como uma maior intervenção da comunitária da educação pode alterar a cultura juvenil, escolar e a própria vida estudantil.
2 RESUMO DA OBRA
Apesar de a educação secundária seguir avançando em números estatísticos por toda América Latina, não se pensa em efetivas reflexões sobre as mudanças que possam sanar os arcaicos vícios desta instituição, bem como os novos problemas que surgem diariamente e seguirão surgindo ante essa era de constantes inovações globalizadas que vivemos.
Para que exista a identificação de questões e se encontrem soluções efetivas para os problemas educacionais, é preciso que se reforce o diálogo, as discussões e o intercâmbio de ideias em um nível internacional, tendo como base tanto as experiências históricas, como as vigentes, de métodos de implementação de políticas educacionais.
Ante as modernas revoluções tecnológicas, vivemos mais do que nunca em um mundo globalizado, onde tendências políticas, sociais, culturais não reconhecem fronteiras e se perpetuam por todos os povos, para bem ou para mal.
Uma das principais questões problemáticas da globalização é a transnacionalização dos mercados de trabalho que impõem nos processos econômicos uma agenda burguesa benéfica somente as grandes empresas com poder de se moverem internacionalmente. Tais medidas precarizam as condições de trabalho, diminuindo as ofertas e adiando o ingresso do jovem no mercado de trabalho afetando diretamente as ofertas educativas destinadas aos jovens e adolescentes.
As instituições de ensino secundárias educam para uma formação visando o ingresso em um mercado de trabalho que certamente não terá condições de abrigar todos estes estudantes.
Cresce assim o nível de desigualdade social a ponto da violência urbana oriunda desta desigualdade tomar o caráter de uma guerrilha urbana que não visa uma reforma política ou social como ideal, apenas se perpetua por si mesma, amparada na ignorância daqueles que lutam tanto do lado do braço armado do estado quanto do lado marginalizado pela sociedade, que busca sobrevivência.
Ao invés de a educação se propor somente a finalidade de formar o trabalhador, deveria visar uma múltipla formação. Formar sim para o mercado produtivo, com componentes científicos e tecnológicos e ante as aptidões que cada jovem detém individualmente, mas formar também para uma vida social em harmonia, para a vida familiar, para a produção cultural, com componentes humanísticos intrínsecos de todo ser humano.
Formar um cidadão que saiba pensar e também saiba fazer, fortalecendo valores que promovam a construção de uma forte consciência social, para que o próprio jovem perceba as desigualdades ao seu redor reforçando no estudante seu próprio senso crítico.
A grande questão estrutural de uma verdadeira reforma educacional do ensino secundário consistiria em quebrar a rigidez com que é instituído. Vivemos tempos de forte dinamismo e constantes mudanças sociais que afetam inclusive as ofertas de trabalho, e não se compactuam com a atual rigidez dos sistemas de ensino. Atualmente a educação visa a formação de três ou quatro modelos de profissionais, sendo o “mero” diplomado no ensino médio, o perito mercantil, que se dedica a atividade tanto industriais como comerciais, e os técnicos, agropecuários ou industriais.
Políticas de ajuste fiscal sempre estiveram ligadas às reformas educacionais, assim a educação sempre foi prevaricada financeiramente, tendo o governo o papel de tentar reduzir ao máximo os investimentos estatais nestas áreas. Estas medidas são efetuadas através de uma descentralização, incumbindo a outras esferas estatais, como municípios e estados, que não dispõem de verba suficiente, para tais investimentos, ou sendo através de uma destinação (direta, ou indireta) do fornecimento de políticas educativas para os sistemas privados.
Assim, é preciso eludir os problemas de insuficiência de recursos. Alguns estados trazem como solução estabelecer que a educação dos jovens não tenha que ser gratuita, propondo que quem possa pagar, que pague e as que não podem, fiquem de fora, ou tentem conseguir vagas gratuitas ou formas de apoio. A grande questão que surge desta proposta é que quem pode pagar por uma educação privativa, já paga. O problema é que aqueles que lutam por ingressar ou continuar mais anos na educação secundária, não pertencem aos grupos com condições destinar recursos próprios para instituições privadas.
Todos os jovens deveriam ter condições e oportunidades de continuar formando suas capacidades intelectuais, afetivas, sociais, éticas, corporais e práticas, tecnológicas, aprendendo a pensar, valorizar, criar, cuidar, sentir, viver, compreender as diversidades e conviver com os outros.
Um currículo pobre e rígido não facilita o fortalecimento destas características. Os materiais curriculares que permeiam a educação latino-americana atualmente, com raras exceções, são baseados em propostas do século XVIII, se referindo somente a alguns aspectos que incidem na aprendizagem e através de uma lógica rígida e inflexível. Urge hoje em dia adotarmos currículos mais flexíveis e ricos que facilitem a construção identitária dos jovens, sem deixar de lado a visão igualitária da formação e desenvolvimento destes.
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