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Resenha Casa Grande e Senzala

Por:   •  9/6/2016  •  Resenha  •  1.414 Palavras (6 Páginas)  •  1.056 Visualizações

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CASA GRANDE E SENZALA

        Gilberto de Mello Freire (1900-1987), Casa Grande e Senzala, edição brasileira 17ª, cidade do Rio de Janeiro, o autor foi filósofo, cientista, escritor literário, jornalista, poeta e pintor, natural de Recife, Pernambuco. Formou-se na Faculdade de Ciências Políticas da Universidade de Columbia, Nova Iorque, em 1921, Mestrado na Universidade de Columbia, em 1922, intitulada Vida Social no Brasil em meados do século XIX, Doutor honoris causa pela Universidade de Columbia, Coimbra, Paris,  Münster, Oxford, Recife e Recebeu da Rainha Elizabeth II o título de Sir, sendo um dos poucos brasileiros detentores desta honraria da coroa britânica. Além de Casa Grande  e Senzala, publicou outras obras que destacamos: Sobrados e Mocambos (1936), Açúcar (1939), Ordem e Progresso (1957) e Brasis, Brasil e Brasília (1968). Esta obra apresenta a formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal, dentro de uma sociedade conservadora, católica, patriarcal, com um linguajar coloquial, extremamente simples, retratando hábitos e costumes do dia-a-dia na vida do brasileiro, tendo como linha de pesquisa o expressionismo. Ele vai se utilizar de tudo o que tiver ao seu alcance, e para isto utiliza como por exemplo: livros de acento, documentos da inquisição, oralidade, método da compreensão, método da empatia, etc.

        No campo político, Getúlio Vargas era o presidente do Brasil, com uma política centralizadora e com fortes traços autoritários, quebrando a dominação da República Oligárquica ou República café com leite, também conhecida como República dos coronéis com grandes áreas de latifúndio, tendo as fazendas de plantadores de café como carro chefe da economia. No campo social, naquele momento na Alemanha, Hitler ascendia ao poder e começava a botar em prática as ideias de purificação de raça, a raça Ariana. No Brasil, as doutrinas de branqueamento, com análises racistas, tendo uma hierarquia; raça superior e raça inferior. O Brasil era um país pobre, com base na agricultura, sendo um país exportador de matérias primas. Gilberto freire vai nos dizer o tempo todo através do livro que a miscigenação vai adaptando ou recriando as mesmas fontes primárias, que foram trazidas ou da Europa, ou da África ou dos próprios indígenas, concluindo que nada ficou puro,  quebrando a ideia de raça superior e raça inferior.         

        O autor inicia apresentando a história como foi colonizado o Brasil, especialmente de origem portuguesa e declaradamente católico. Quando chega no Brasil, este homem branco depara-se com os índios, que por sua vez o recebe muito bem, principalmente pelas mulheres que se entregam a ele, tendo este homem branco como um semideus, esta relação de intensa sexualidade se dá muito pelo fato que no primeiro século da nossa colonização quase não existe mulheres brancas. No momento seguinte com a chegada do homem negro; na condição de escravo; dentro de uma sociedade patriarcal, o autor diz “Não há escravidão sem depravação sexual”. É da essência do regime (Freire, p.316). Um absurdo responsabilizar o negro pelo que não foi obra sua nem do índio, mas do sistema social e econômico. Gilberto também comenta em outro momento esta condição dizendo “Não era a raça inferior à fonte de corrupção, mas o abuso de uma raça por outra” (Freire, p.320). As doenças sexualmente transmissíveis, como a sífilis, marcou a nossa sociedade no período colonial. O grande mal venéreo, trazidos pelos senhores das casas grandes, negras ainda mulecas de 12 ou 13 anos, entregues a rapazes brancos, já podres de sífilis das cidades grandes. A sífilis sempre fez o quis no Brasil patriarcal (matou, cegou, deformou a vontade, fazendo abortar muitas mulheres). No século VXIII o Brasil era assinalado em livros estrangeiros como a terra da sífilis (Freire, p.319).

        Como era uma sociedade escravocrata, ou seja, a dominação total do branco sobre negro, tendo este, como propriedade, o autor nos relata a imposição da vontade da Casa grande sobre a senzala, iniciando já pela escolha do senhor ou da senhora dono ou dona da propriedade, de qual negro ou negra poderia frequentar a casa grande, e nesta escolha, ocorria uma seleção bastante criteriosa, só o escravo que fosse de total confiança do seu senhor. Para o homem negro e a mulher negra, era sem dúvida positivo quando era escolhido, para trabalhar na casa grande, porque iria obviamente desfrutar de benefícios que naturalmente não teria na senzala. Então surge as qualidades do negro, por exemplo a importância que tiveram as ama de leite, ou seja aquelas mulheres negras que amamentaram os filhos das mulheres brancas. Em decorrência desta proximidade as amas de leite também desempenharam um papel muito importante na linguagem desta criança branca, como relata o autor “A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo que com a comida: machucou-as, tirou-lhes as espinhas, os ossos, as durezas, só deixando para a boca do menino branco as sílabas moles(...). A linguagem infantil brasileira, e mesmo a portuguesa, tem um sabor quase africano: cacá, pipi, bumbum, tentem, nenén, tatá, papá, papato, Lili, mimi, au-au, bambanho, cocô, dindinho, bimbinha (Freire, p.331).  

        O autor trás a luz as relações entre a senhora dona de engenho com a escrava, quando esta desconfiava deque o seu marido estava flertando com a negra, e movida por ciúmes muitas vezes, mandava castigar a escrava, imputando castigos, mutilações e em certos momentos mandando até matar a escrava, como nos relata o autor “Não são dois nem três, porém muitos casos de crueldade de senhoras de engenho contra escravos inermes. Sinhá-moças que mandavam arrancar os olhos de mucamas bonitas e trazê-los à presença do marido, à hora da sobremesa, dentro de compoteira de doce e boiando em sangue ainda fresco. Baronesas já de idade por ciúmes ou despeito mandavam vender mulatinhas de quinze anos a velhos libertinos” (Freire, p.337). Na culinária ouve muita contribuição da etnia negra, com pratos muito saborosos como por exemplo Vatapá, Cururu e doces que fizeram muito sucesso, trazendo até recursos financeiros para as mulheres negras, também a cozinha brasileira muito se valeu do tempero africano, principalmente na região nordestina, em especial na Bahia. Outra área importante na formação do brasileiro foi as crenças medievais trazidas pelos portugueses, que devida a miscigenação sofreram um interação com as crenças africanas, e que muito influenciou na formação da criança brasileira e na religiosidade do brasileiro, como relata o autor nas cantigas para as crianças quando não queriam dormir:

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