Resenha: História dos Estado Unidos (intro e cap 1)
Por: Nina Patrocino • 22/8/2017 • Resenha • 1.647 Palavras (7 Páginas) • 482 Visualizações
Universidade Federal de Ouro Preto - Instituto de Ciências Humanas e Sociais
Departamento de História
Prof. Dr. Luiz Estevam de Oliveira Fernandes
Disciplina: História da América I
Alunas: Beatriz Miranda (16.2.3029) e Marina Julião (16.2.3565)
Resenha: KARNAL, Leandro et al. História dos Estados Unidos. São Paulo: Contexto, 2007. pp.11-29.
Leandro Karnal é licenciado em estudos sociais pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos desde 1984. Em 1995 o professor concluiu seu doutorado em história social na Universidade de São Paulo e atualmente ministra aulas no departamento de história da Universidade de Campinas. Karnal possui ainda pós-doutorado pela Universidade Nacional Autónoma do México e pelo Centre National de la Recherche Scientifique em Paris.
O historiador trabalha com cursos de capacitação de docentes e é especializado em história da América, história da religião e história social da cultura. Além de ministrar cursos de extensão com essas temáticas, Karnal também já publicou diversos livros como “Conversa com um jovem professor” em 2012 e “O Teatro da Fé – Formas de Representação Religiosa no Brasil e no México no século XVI” em 1998.
Além da atuação acadêmica Leandro Karnal participa ativamente nas mídias televisivas, atualmente participa do programa Café Filosófico no TV Cultura e tem uma coluna na Band News TV chamada Careca de Saber. Também publica em jornais e revistas de ampla circulação como o jornal Folha de São Paulo e o Jornal Zero Hora.
O livro “História dos Estados Unidos” foi publicado em 2007 pela editora contexto e foi escrito por Leandro Karnal, Sean Prudy, Luiz Estevam Fernandes e Marcus Vinícius de Morais. Neste livro os especialista em História da América discutem os processos históricos que levaram os Estados Unidos a serem a maior potência não só econômica mas também cultural do mundo. Ademais exploram o caráter das influencias que ele exerce em outros países e como as sociedades avaliam o poder e influencias dos EUA.
Na introdução do livro Karnal relata uma história vivida por um jornalista norte-americano pra tratar das diferentes impressões ao redor do mundo a respeito dos EUA. Com esse relato chega-se à conclusão de que os sentimentos relativos ao país são ambíguos, de um lado impressões positivas que qualificam os EUA como o país da liberdade, da democracia, da riqueza e das oportunidades, do outro lado os EUA são vistos como um país egocêntrico e hipócrita que desconhece as diversidades dos outros países e exerce seu poder imperialista.
O carácter ambíguo das opiniões a respeito do país é uma característica comumente vivenciada pelas potencias dominantes, que segundo Karnal acabam concentrando impressões polares, que também são como um "espelhos de duas faces". A atenção direcionada a essas potencias se deve ao fato de elas serem centros de decisão que não conhecem as demandas de outros países e populações.
Em seguida o autor caracteriza o domínio imperial estadunidense diferenciando-o do imperialismo inglês no século XIX. Segundo o historiador o imperialismo inglês pretendia conhecer e classificar as culturas dominadas para, justamente, subjuga-las dentro de uma noção iluminista que considerava a Europa a região mais desenvolvida e portadora da civilidade e do progresso. Diferentemente, o império norte-americano se constituiu a partir da dificuldade do país em compreender culturas externas à dele. A única identificação que os EUA fazem de outras culturas é de antagonismo.
O livro pretende então analisar tais dados a respeito do carácter das relações e impressões que os EUA estabelecem com outras populações. Para isso o autor trabalha um pouco a história do pais. Os EUA são interesse de análise de outros desde o século XVIII por causa de sua independência e do sistema social e político criado por eles. Este interesse fez com que os EUA recebessem não só críticas e elogios, mas também um contingente enorme de imigrantes. Ou seja o país atraiu grande atenção e curiosidade.
No século XX o país chama ainda mais atenção depois de sua participação nas Guerras Mundiais, participação esta que mudou o rumo de ambas. Além disso consolidou-se como potência industrial e econômica no mundo. Mais tarde durante a Guerra Fria o imperialismo estadunidense é comparado ao imperialismo soviético e ambos foram duramente criticados, os EUA particularmente depois da Guerra do Vietnã.
O clima de vitória pós Guerra Fria acaba com o atentado de onze de setembro de 2001. Este acontecimento reconfigura o lugar dos EUA diante do mundo, inicia-se uma relação de carácter doloroso, como afirma Karnal. O autor apresenta ainda o fato de que os cidadão estadunidenses não associavam o ataque às Torres às políticas externas do governo, enquanto no Oriente Médio algumas pessoas consideravam o ataque como uma resposta justa às interferências violentas que os norte-americanos faziam na região.
A partir desse histórico o autor propõe analisar e responder à uma pergunta proposta pelos próprios estadunidenses: "porque o mundo odeia os EUA?". Para isso ele contrapõe a análise do historiador francês Jean-François Revel e do cineasta americano Michael Moore.
O francês defende que os ataques aos EUA decorrem de sentimentos de inveja e de ressentimento. Por parte dos europeus, principalmente dos franceses, o ressentimento se inicia com sucesso do país americano nas Guerras Mundiais. Dessa forma os países europeus preferem culpabilizar os EUA, por todos os problemas do mundo contemporâneo, mesmo que a Europa seja, também, protagonista de intervenções agressivas no oriente ou causadora de problemas ambientais. Na visão de Karnal, Revel está correto em perceber que as potencias europeias também são atores dominantes e imperialistas, entretanto a crítica ao seu pensamento está no fato de que os problemas causados pela Europa não podem anular os problemas causados pelos EUA.
O cineasta norte-americano Michael Moore, responsável pelo filme “Tiros em Columbine” é crítico à forma como é conduzida a política no seu país, em seus filmes e em seu livro ele demonstra repudio ao patriarcalismo branco norte americano. Entretanto suas analises não criticam o próprio sistema político, mas sim os líderes que o conduzem, o que na visão de Karnal é um erro.
Karnal questiona em seguida a ambiguidade entre o sucesso dos filmes de Moore e as reeleições de políticos conservadores, como Bush, que são criticados pelo cineasta. Com essas informações o autor defende que tais aparentes contradições são fruto de uma sociedade não homogênea. Ou seja, nem os norte-americano e nem a população mundial são iguais entre si, e por isso as visões a respeito dos EUA possuem várias formas, e não são apenas dicotômicas.
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