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Resenha Nuestra America

Por:   •  13/9/2016  •  Resenha  •  657 Palavras (3 Páginas)  •  1.151 Visualizações

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

DISCENTE:

DISCIPLINA: História da América

CURSO: Relações Internacionais – Noturno

RESENHA: Nuestra América.

Em 1891, o cubano José Martí escreve o que seria uma espécie de manifesto, expondo o que desejava às novas Repúblicas da América recém independentes e exaltando a diversidade étnica latino-americana. De maneira geral, o autor clama pela união dos povos da América para que haja uma força contra os ex-colonos do Velho Continente, sendo França e Espanha os países mais citados como oposição e, mais especificamente, ressalta a importância do povo nativo conhecer a realidade de sua pátria e a valorizá-la, pois os problemas existentes são, basicamente, advindos da antiga administração europeia que oprimia o povo latino.

De início, o autor destaca a necessidade de uma batalha de ideias, as ideias dos governantes e intelectuais europeus e as ideias do povo americano, para que haja um governo justo e que preze pela liberdade de seu povo. E, para que o governo não caia em tirania e em erros fatais, Martí acredita que a originalidade nas ideias são essenciais e que imitar o modelo antigo de governo europeu não levará a uma pátria livre e justa. O autor diz “É preciso prestar atenção para governar bem; e o bom governante na América não é o que sabe como se governam o alemão e o francês [...]” (MARTÍ, 2005, pág. 32.), ou seja, conhecer as características únicas de seu país para que se constitua um governo eficiente, um estado ideal, onde os indivíduos possam cumprir suas tarefas e desfrutar da natureza, é fundamental. Como defensor da variedade de identidades culturais da América, o antigo estereótipo estabelecido pelo europeu do latino subjugado como selvagem e irracional, e o homem branco europeu categorizado como civilizado e portador da razão e do conhecimento, é duramente criticado pelo escritor, pois, no trecho “Não há batalha entre a civilização e a barbárie, mas sim entre a falsa erudição e a natureza” (MARTÍ, 2005, pág. 32.) fica explícito como essa forma de pensamento não é mais válida, na medida em que desvaloriza os povos da América e os rebaixa como meros seguidores de ordens.

Retornando aos métodos de governança, a atenção é voltada à educação e ao conhecimento. De acordo com o autor, a América falha em termos de governantes pois não há instituições adequadas e suficientes que ensine a arte de governar, a qual consiste basicamente em investigar e refletir os elementos particulares do povo latino-americano. Logo, a única saída para que não se instaure a tirania é conhecer seu país e utilizar o conhecimento para uma melhor gestão dos governados. O conhecimento passa a ser essencial também como mecanismo de luta contra a ex-colônia, a qual desprezava a raça aborígene e exportava ideias que não eram cabíveis às repúblicas das Américas, e, cabe aos jovens, levar pra frente novas formas de pensamento às futuras gerações. Basicamente a transformação começa quando “entendem que se imita demais e que a salvação é criar. Criar é a palavra-chave desta geração” (MARTÍ, 2005, pág. 37.).

Com uma linguagem exaltada, José Martí convoca a todo momento o povo nativo da América para uma luta, uma guerra invisível, entre o Velho e o Novo Continente. A importância da investigação e observação da pátria é de muita importância para barrar a influência constante das ideias dos homens europeus, sendo esta influência considerada um obstáculo para a instalação de um governo voltado para o povo americano, e não às vontades das minorias. O respeito e a tolerância à diversidade dos indivíduos é constantemente ressaltada, mesmo que implicitamente, para que haja uma melhor convivência e transformação. Martí até mesmo diz “Não devemos supor, por antipatia, provinciana, uma maldade congênita e fatal no povo loiro do continente [...] (MARTÍ, 2005, pág. 39.), ou seja, apesar das intrigas por conta do passado, o respeito não deve ser deixado de lado.

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