Resenha crítica "Fontes Históricas"
Por: Larissa Chicareli • 16/11/2015 • Resenha • 1.275 Palavras (6 Páginas) • 1.728 Visualizações
BACELLAR, C. Fontes documentais: uso e mau uso dos arquivos. In: PINSKY, C. (Org). Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2005. p. 23-80.
LARISSA S. CHICARELI JOSÉ.
O capítulo fontes documentais “Uso e mau uso dos arquivos” foi escrito por Carlos Bacellar, e faz parte do livro ‘Fontes Históricas’ organizado pela historiadora Carla Pinsky e publicado no ano de 2005. Esse livro reúne texto de vários historiadores e pretende mostrar como esses profissionais lindam com as fontes históricas. Trazem, portanto em seu corpo, possibilidades de trabalhar com fontes documentais, arqueológicas, impressas, orais, biográficas e audiovisuais.
Carlos Bacellar é doutor em História e atualmente é presidente do Conselho Supervisor do Sibi- Sistema integrado de bibliotecas da USP. Diante desse breve contexto podemos entender a proximidade desse autor com o tema - fontes documentais.
USO E MAU USO DOS ARQUIVOS.
O autor começa o texto introduzindo a ideia que muitos alunos ao ingressarem nos cursos de qualquer natureza histórica se sentem cheios de entusiasmo e começam logo a procurarem os centros de pesquisas para conhecerem sobre tal assunto. No entanto, elenca que muitos programas curriculares tem como foco de estudo as discussões historiográficas, e se esquecem de procurar as fontes que embasam essas bibliografias. Diante disso, Carlos Bacellar tem como objetivo indicar caminhos, apresentando alguns exemplos e trabalhos referenciais de como trabalhar com as fontes manuscritas disponíveis nesses ambientes, tendo como recorte temporal trabalhos que abordam principalmente os séculos XVI até o XIX. Para isso dividiu o texto em dois grandes temas e dentre esses, alguns subtemas. O primeiro tema abordado é “os historiadores e as fontes de arquivos”, e o segundo “a hora da ‘mão na massa’: a prática da pesquisa”.
No primeiro tema, Bacellar apresenta algumas naturezas de arquivos que os pesquisadores poderão consultar. Aborda arquivos de base: do Poder executivo, legislativo e judiciário, arquivos cartoriais, eclesiásticos e privados. Por ser de mais fácil acesso e por ter mais acervo, os arquivos do Poder Executivo trazem mais exemplos e especificações. Subdivide então, os arquivos do Poder Executivo em:
Correspondência: ofícios e requerimentos. Esse tipo de arquivo diz respeito como o próprio título elenca as correspondências e pela quantidade variada desses arquivos, fica muito difícil sua categorização e indexação por assuntos. Mas constitui um campo riquíssimo de pesquisa.
Listas nominativas de habitantes. Refere-se a listas elaboradas primeiramente para fins de recrutamento militar, contendo informações importantes como, “composição de cada domicílio, indicando nome, idade, cor, estado civil, condição, naturalidade e ocupação econômica, permitem análises bastante ricas e diversificada das condições econômicas”. (p.28)
Matrículas de classificação de escravo. Correspondem a listas criadas após a Lei do Ventre Livre, e tem como principal tema de estudo o conhecimento da organização da força de trabalho escravo para os anos finais do Império.
Listas de qualificação de votantes. Listas essas que elencavam as pessoas que poderiam votar de acordo com a renda de cada indivíduo. O estudo desses arquivos trazem a possibilidade de conhecer além das pessoas de classes mais altas a possibilidade de se perceber a divisão dos votos entre os diversos grupos.
Documentos sobre imigração e núcleos coloniais. Esse tipo documental abrange uma gama variada de arquivos de naturezas diversas que abordam os processos de imigração ocorridos durante esse período, o que possibilita aos historiadores conhecerem um pouco mais sobre as pessoas que desembarcavam em território brasileiro.
Matriculas e frequência dos alunos. O trabalho com arquivos dessa origem possibilita o trabalho sistémico da frequência dos alunos, e mais precisamente, que tipo de alunos frequentavam as escolas, e por que período ocorria à permanência desses nesse espaço.
Documentos de polícia. Também corresponde uma infinidade de arquivos para pesquisa, possibilitando se traçar o “perfil social dos prisioneiros, relacionando a qualidade da contravenção com a cor, idade e outros dados de identificação” (p.32).
Documentos de obras públicas. Abrangem as obras de caráter variados produzidas durante o Império. Possibilitando uma gama variada de estudo sobre as diversas documentações, porém constitui um campo pouco explorado pelas pesquisas históricas.
Documentos sobre terras. Compreende um campo de disputa e por isso por muito tempo o acesso a esses arquivos ficou restrito. Abrange data de empossamento, cartas de sesmarias, concessões, entre outros assuntos ligados a posse da terra. Desta forma, é um rico acervo de fonte para o trabalho historiográfico.
Já os arquivos que englobam o Poder Legislativo e Judiciário constituem um campo embora muito importante pouco acessível, tanto pela falta de espaços organizacionais quanto pelo descaso desses órgãos. O primeiro corresponde às sessões legislativas que discutem os projetos desse poder, já o segundo Poder, abrangem os preciosos testamentos, inventários, o que interessa muito a um segmento historiográfico que visa compreender os vários segmentos sociais bem como suas práticas culturais.
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