Resenha de Restall: Os índios estão se acabando: o mito da desolação nativa
Por: pipikuka • 18/4/2018 • Resenha • 742 Palavras (3 Páginas) • 1.074 Visualizações
RESTALL, Matthew. “Os índios estão se acabando: o mito da desolação nativa”. In: Sete mitos da conquista espanhola. Tradução Cristiana de Assis Serra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006, pp.179-219
Autoria: RESTALL, Matthew;
Título do Texto: Os índios estão se acabando: o mito da desolação nativa;
Ideia Central: o autor critica o difundido conceito na literatura de que os indígenas não lutaram para que sua cultura era não fosse destruída pelos colonizadores espanhóis. Segundo o autor houve sim resistência por parte dos nativos, o que justificou muitas vezes o uso da violência por parte dos espanhóis para com eles, e se mostram adaptáveis a tal conjuntura.
Procedimento metodológico: O autor faz uma análise dos argumentos de vários relatos e obras do mito da falha na comunicação nos momentos da conquista para mostrar a importância dos interpretes nativos permitiu uma melhor compreensão no dialogo entre os espanhóis e os nativos. Através de uma análise minuciosa, o autor avalia os mais variados tipos de explicações sobre a conquista elaboradas entre séculos XVI ao XX, ao comparar os relatos escritos na época da colonização com obras elaboradas recentemente.
Premissa teórica: Ao longo do capítulo o autor aborda o conceito mito paradoxal da comunicação / falha na comunicação. Que segundo ele foi defendido muitos historiadores tradicionais, a ideia de que afirmando a falta de comunicação permitiu que os que os nativos fossem vencidos por não terem domínio da comunicação em relação aos espanhóis, nomeadamente pelo fato dos colonizadores já dominarem a escrita.
Fontes primárias utilizadas: relatos nauas na conquista do México, gravura de Jan van der Straet
publicações europeias do período colonial, textos em naútle e espanhol do Códice Florentino de Sahagún, relatos de Diaz e Cortez, relato de pensadores do século XVIII.
Em Os índios estão se acabando - O mito da desolação nativa, Restall combate a muito disseminada ideia de que os nativos ficaram paralisados ou inativos enquanto sua cultura era destruída pelos conquistadores espanhóis. Inicialmente, o autor apresenta três estereótipos referentes aos indígenas. O primeiro estereótipo era relacionado ao fato de que os espanhóis acreditavam que os índios eram destituídos de cultura, visto que não consideravam suas crenças como uma religião, não acreditavam que sua linguagem não alcançava o nível da verdadeira fala e nem reconheciam sua forma de governo. E foi esse estereótipo que levou os espanhóis a crer que os índios poderiam ser "civilizados".
O segundo estereótipo estava a relacionado a visão de inocência, bondade e gentileza dos indígenas, estereótipo sustentado por Las Casas e o Frei Antonio de Montesinos. A combinação da visão dos nativos como "tábulas rasas" e naturalmente inocentes acabou inspirando várias tentativas de contrução de comunidades cristãs. Os nativos eram vistos como maleáveis, mas como argumenta o autor, eles não tinham nenhuma maleabilidade natural maior que a dos espanhóis. A tentativa de colonizá-los funcionava da maneira que esperavam quando coincidiam com os costumes e práticas nativos. Do contrário, havia resistência, o que contribui para o desenvolvimento do terceiro estereótipo, o do índio perverso, brutal, desobediente e incapaz e de aprender, Do contrário, havia resistência, o que contribui para o desenvolvimento do terceiro estereótipo, o do índio perverso, brutal, desobediente e incapaz e de aprender, o que por vezes justificou tratamentos rudes dispensados aos mesmos. O autor ainda enfatiza que a comparação dos índios com as feras selvagens feita por Sepúlveda ligava aos nativos uma série de características consideradas animalescas.
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