Resumo "O Círculo e a Linha", Newton Bignotto
Por: pinabebel • 17/11/2022 • Resenha • 686 Palavras (3 Páginas) • 90 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
História Moderna I
Docente: Silvia Liebel
Aluno: Isabel Azevedo Pina
DRE: 121134700
RESUMO “O CÍRCULO E A LINHA” DE NEWTON BIGNOTTO
No texto “O círculo e a linha”, de Newton Bignotto, o autor discorre sobre as diferentes conceituações de tempo e história no período medieval e na Europa moderna, e a forma que tais conceitos influenciaram na vida dos cidadãos e na política de cada época, assim como o processo de ruptura entre esses dois períodos e os agentes que influenciaram nisso.
Ele inicia citando um trecho de Pico della Mirandola, explicitando um dos agentes que influenciaram na ruptura entre o período medieval e a idade moderna: a sugestão de que nós, os humanos, “somos os inventores de nossa natureza e também de nossa história” (BIGNOTTO, 1992, p. 177) — ou seja, os humanos escrevem a própria história e, portanto, as noções de tempo.
O filósofo acredita que o Renascimento italiano desenvolve uma nova antropologia e sentido da história, vindo com isso, a popularização da ideia de Idade Média como “idade das trevas” e de filósofos que escreviam contra a filosofia escolástica, em oposição à Idade Moderna com a retomada dos clássicos. Com essas reflexões, ele se propõe a responder a pergunta: o Renascimento italiano teria, realmente, forjado uma nova percepção da história e do tempo? Se sim, que percepção foi esta?
Apesar de encontrar certas dificuldades para a resolução dessas perguntas, Bignotto parte do ponto de que, com muita frequência, os textos políticos do Quattrocento italiano “se referiam ao tempo e à história usando a imagem do círculo” (BIGNOTTO, 1992, p. 179), assim como as referências ao tempo circular de Políbio. Porém ele também evidencia que, mesmo assim, os autores muitas vezes acabavam sendo prolixos ao falar sobre tal concepção de tempo. Antes de aprofundar nos pensamentos de tais autores, Bignotto se propõe a voltar um passo, e entender a concepção do tempo e da história, pois só assim pode-se entender realmente o que foi e como aconteceu este processo de ruptura. Ele também se atenta à diferença entre tempo e história, pois esses dois conceitos não são a mesma coisa:
O tempo é tanto um problema metafísico e cosmológico quanto antropológico, e pode ser pesquisado independentemente da forma como os homens vivem suas vidas em comum. Já a história diz respeito necessariamente à vida em sociedade e guarda laços indissolúveis com a política. (BIGNOTTO, 1992, p. 179)
Na segunda parte de seu texto, ele explica como o tempo era visto pela concepção cristã, “a linha”. Segundo essa concepção, o tempo seria uma sucessão de fatos lineares, com um único fim, predestinados pela Bíblia, e o tempo não poderia ser separado da história. Segundo Bignotto, essa linha de pensamento era essencial para manter o regime jurídico medieval, que tinha lideranças religiosas.
O filósofo Santo Agostinho reforçava que o tempo era uma criação de Deus, linear e progressivo, voltado para um único fim possível e justificado pela Bíblia, no qual os indivíduos eram marcados pelo pecado original de Adão. Bignotto disserta sobre a dualidade de Agostinho, e a forma que tal concepção de tempo começou a ser questionada.
As primeiras críticas vieram dos juristas, que diziam que não havia sentido em existir regras de convívio e sociedade, se tudo estava destinado a morrer. Depois, vieram as críticas dos averroístas, que retomaram a doutrina aristotélica de mundo e de tempo, que dizia que não existia gênese.
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