SUBJETIVIDADES EM DESLOCAMENTO: TRAJETÓRIA DE MULHERES AFRICANAS EM CRICIÚMA (2010 – 2018)
Por: Hannah Beatriz • 28/6/2019 • Pesquisas Acadêmicas • 1.701 Palavras (7 Páginas) • 169 Visualizações
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE
CURSO DE HISTÓRIA
Subjetividades em deslocamento: trajetórias de mulheres africanas em Criciúma (2010 – 2018)
Hannah Beatriz Silvano Nunes
Criciúma – SC
2019
HANNAH BEATRIZ SILVANO NUNES
SUBJETIVIDADES EM DESLOCAMENTO: TRAJETÓRIA DE MULHERES AFRICANAS EM CRICIÚMA (2010 – 2018)
Pré-projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de História – UNESC, como requisito básico para a conclusão do Curso de História.
Orientador (a): Michelle Maria Stakonski Cechinel
Criciúma – SC
2019
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO – TEMA E PROBLEMATIZAÇÃO 3
2. JUSTIFICATIVA 5
3. OBJETIVOS 6
4. METODOLOGIA DA PESQUISA 7
5. CRONOGRAMA 9
REFERÊNCIAS 10
1. INTRODUÇÃO – TEMA E PROBLEMATIZAÇÃO
A construção cultural de Criciúma, se fundamenta em processos migratórios, seja na propaganda da cidade de multicultural (europeia), ou na tentativa do resgate do imaginário colonizador – explorador, desenvolvimentista – A cidade se constituiu de fluxos migratórios desde a exploração do carvão até a restruturação do imaginário acerca da mesma na festa do centenário, que trouxe exatamente para os processos de colonização o chamativo turístico, na tentativa da formação de um “pedaço da Europa no Brasil”, trabalhador, aventureiro, de gastronomia típica e ligação com o local.
A festa do centenário de Criciúma ocorreu pela administração do então prefeito Altair Guidi, e marcava os 100 anos de colonização – 1980 – sendo essa uma tentativa de reconstrução da identidade criciumense. Marcada pela exploração do carvão, via – se o principal produto entrar em crise mais uma vez, das tantas inconstâncias que o carvão apresentara economicamente, encontrando na colonização uma forma de reafirmar a identidade criciumense, as culturas: italiana, polonesa, alemã, foram os carros chefe do modelo proposto, sendo genericamente colocadas as demais como etnias árabe e africana.
A festa, tal como a identidade urbana que se expressou nela, buscou integrar o conjunto dos moradores. Entretanto, como veremos, a entrada no esquema identitário não significava que todos eram iguais e tinham a mesma importância. As etnias tinham também sua própria hierarquia. (NASCIMENTO, 2007, p. 4).
A construção do cenário contemporâneo de migrações observadas na cidade passa fundamentalmente pelo passado e pela construção do imaginário migratório: a invenção de uma cultura que misture todas as características coloniais de países europeus apresentam sentimentos de deslocamento para os moradores locais, mas, também, para populações em constante fluxo migratório, como se observa atualmente nos países de Gana, Senegal, África do Sul, Togo e Haiti, locais de populações que a partir de 2012 chegaram efetivamente a Criciúma, criando novos fluxos de deslocamentos, redes de apoio que se estendem por todo o território e fora, inserindo um novo sujeito no cotidiano da cidade, com suas experiências transculturais e transnacionais, que Segundo Hall o sujeito em deslocamento também é um agente de transformação nos novos locais em que é inserindo, configurando um sujeito e cultura híbridos, “trata-se de um processo de tradução cultural, agonístico uma vez que nunca se completa, mas que permanece em sua indecibilidade” (2003, p. 71).
A pesquisa surge com o ímpeto de compreender e analisar essas novas trajetórias africanas, e as subjetividades desses deslocamentos, principalmente os femininos que até pouco tempo não configuravam nos estudos sobre migrações, como citado por ASSIS (2017, p. 749), ‘’os homens representavam a maioria dos fluxos internacionais, e mesmo quando a maioria eram mulheres, essas não tiveram suas experiências tratadas como objeto de análise’’. Utilizando suas histórias e memórias, como fonte de análise, na busca pela compreensão dos seus descolamentos, bem como a criação novos arranjos familiares e redes de apoio tecidas durante o processo migratório, ‘’laços sociais que ligam as comunidades remetentes aos pontos específicos de destino nas sociedades receptoras. ’’ ASSIS (2017, p. 753).
Por meio desses novos fluxos surge os diversos questionamentos, como esses novos sujeitos se inserem e se adequam a uma nova sociedade que marginaliza e excluí todo aquele que se difere do habitual? Quais são seus mecanismos de sobrevivência e permanência? Qual a importância das suas redes, e laços de apoio?
2. JUSTIFICATIVA
O presente trabalho aconteceu por meio do projeto de pesquisa, que teve início em abril de 2018, com subsídio do Programa de Iniciação Cientifica (PIC) proporcionado pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), e finalizado em fevereiro de 2019, o qual teve como seu tema e eixo central de pesquisa ‘’ Subjetividades em deslocamento: trajetórias de mulheres africanas em Criciúma (2010 – 2018)’’ A pesquisa se desenvolveu a partir de uma das temáticas do projeto “memórias fraturadas”, emergindo ainda mais nas experiências e memórias dessa população em fluxo, apresentando as subjetividades no fluxo migratório: consequências da viagem, permanências, cultura e das relações estabelecidas na sociedade. Parafraseando CECHINEL, Michelle Maria Stakonski (2018) neste sentido o estudo das reminiscências das memórias, no contexto da utilização dos pressupostos teórico-metodológicos da história oral, suas problemáticas com relação à desconstrução do caráter formal e verossímil da memória.
Por meio da pesquisa, que dei continuidade ao longo do ano de 2019 de forma voluntária, me permitiu o contato com a “Escola de Migrantes” – aulas de língua portuguesa, rodas de conversa sobre leis, direitos trabalhistas e experiências, que ocorrem todos os Sábados no período matutino, em conjunto com os cursos de História e Letras da Universidade do Extremo sul Catarinense. Projeto esse que me proporcionou o maior contato com comunidade migrante em Criciúma, proporcionando a criação de um diário de campo, com as observações feitas de suas construções sociais, falas, questionamentos, religiosidades e culturas. E também a formulação de análises e perguntas, como a falta ou a pouca presença de mulheres migrantes no projeto, e como se dá a construção dos seus arranjos familiares.
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