Tradicao oral
Por: Adelita Brito Bueno Silva • 3/3/2016 • Trabalho acadêmico • 3.380 Palavras (14 Páginas) • 439 Visualizações
A TRADIÇÃO ORAL E SUA IMPORTÃNCIA NO PROCESSO HISTÓRICO
Cássio Santos da Silva
Dulce
Samuel
Marlene
Professora: Elisangela de Melo Nunes
Centro Universitário Leonardo da Vinci- Uniasselvi
Licenciatura em História (HID 0368)- Disciplina Seminário da Prática
03/05/2015
“Eu não tenho a letra. Eu tenho a palavra”. Dona Fiota, Brasilia, março de 2006
Resumo
As narrativas orais existem desde os primórdios da humanidade e da cultura grega, com sua obra tão conhecida como a Odisseia, atribuída a Homero, uma obra tão importante que sua importância chega até os dias hodiernos sendo tão relevante a nossa cultura literária. Este artigo estuda a importância da tradição oral no processo Histórico, o presente artigo tece reflexões com teóricos como Antônio Houaiss, Emilio Bonvini, Cintia Jalles e outros autores.
Palavras chave: tradição, oralidade, Literatura, Cordel
Introdução
A Tradição oral remonta até as culturas mais antigas que se tem conhecimento, as tradições da oralidade foi por vezes ameaçadas por povos que colonizando e missionários ao ter contato com povos de cultura ágrafas quase conseguiram apagar suas memórias que eram passadas de geração a geração.
A tradição literária oral representa um importante meio de resguardar a memória popular dos povos antigos e também dos dias hodiernos onde a escrita não é algo tão forte no meio de sua cultura. A elaboração do presente artigo tem como objetivo trazer reflexões sobre as culturas ágrafas e de tradição oral, numa tentativa de perceber como o papel do historiador é de fundamental importância no processo de dar validade não apenas as fontes escritas, mas também aos textos da tradição oral.
O artigo faz uma leitura de manifestações das culturas mais remotas e fazendo considerações com manifestações religiosas mais primitivas onde o leitor vai se encantar com as origens de seu processo de formação. O trabalho faz uma leituras de como as culturas menos favorecidas sofreram e quase tiveram sua história esquecidas no tempo. Ainda apresentamos como a tradição oral é vivida e fortalecida como símbolo de luta e resistência através do cordel e das canções no Nordeste Brasileiro.
A Tradição Oral e sua Importância no Processo Histórico
- Os povos Ágrafos
Nos dias hodiernos o ser humano envolto a tantas tecnologias percebe-se cada vez mais as formas diversas de deixar registradas suas memórias e ações no mundo, quer sejam nas opções mais tradicionais como a escrita ou passando por gravações em áudios ou vídeos. Nem sempre foi assim, pois com a pesquisa histórica, cada vez mais é revelado os povos que viveram em um passado distante que desenvolveram formas de deixarem seu legado no tempo.
Os povos que deixaram seus registros de forma não escrita e que marcam sua passagem no tempo são conhecidos como povos Ágrafos, os povos ágrafos são caracterizados pela ausência de textos escritos. O ser humano criou sua forma particular de se comunicar ao longo de sua peregrinação, sempre deixando suas marcas no tempo como sobrevivência da espécie humana na terra.
A cultura ágrafa permaneceu nas comunidades humanas por muitos milhares de anos. O homem desenvolveu outros segmentos da sua cultura comunicacional como a fala, a formação de linguagem oral diversificada, linguagem gestual, linguagem corporal e linguagem simbólica, até que surgiu a grafia na forma de escrita propriamente dita, com os povos mesopotâmicos e os egípcios.
Presume-se que o homem observando a sua própria pegada na terra molhada, aprendeu a discriminar o que seria o animal humano, distinguindo-o dos outros animais, posteriormente aprendendo a distinguir muitos animais uns dos outros e até mesmo distinguir homens uns dos outros, seu peso, seu tamanho etc. (Roberval José MARINHO)
Percebe-se que a escrita não é a única fonte de registros que o ser humano pode se comunicar, nas culturas agrafas são vários os registros deixados. Outra fonte não escrita que é de grande relevância para os estudos históricos é o relato oral, também chamado de História Oral. Essa fase da humanidade e de forma mais específica a sociedade ágrafas foi de grande importância para humanidade, pois com suas formas de registros de pinturas e outras expressões foi que se desenvolveu posteriormente formas mais elaboradas de registro na história como sinaliza Roberval José Marinho.
Foi a partir dos desenhos das figuras existentes em cada comunidade e da simplificação dos desenhos representativos de cada coisa que chegou-se à criação das letras e de alfabetos.
Cada letra é um signo gráfico abstrato, oriundo de uma forma figurada de algum elemento da natureza, que é também representado por um som. A junção de letras leva a formação de palavras designativas das coisas ou conceitos e conjuntos de palavras leva ao discurso explicativo de comunicados mais completos. (Roberval José Marinho)
Essas comunidades ágrafas espalhadas pelo planeta legaram grandes contribuições para a posteridade, o ser humano dos dias hodiernos acostumados com as facilidades de expressar suas memórias, talvez não perceba toda a riqueza que foi legada para a posteridade desses povos que ainda não tinham a escrita como forma de registros, pode-se notar uma diferença enorme na forma de perceber a tradição oral da tradição da escrita segundo aponta J. Vasina; “Uma sociedade oral reconhece a fala não apenas como um meio de comunicação diária, mas também como um meio de preservação da sabedoria dos ancestrais, venerada no que poderíamos chamar elocuções-chave, isto é, a tradição oral.” Nas culturas que não tinham a escrita como forma de registro se valorizava a figura dos anciãos, como diz um velho ditado africano “Na África, quando um velho morre, é uma biblioteca que queima!”. A tradição oral tem também os seus problemas, pois por ser passada de uma pessoa para outra através da fala corre-se o risco de ser transmitidos fatos que foram vivenciado por testemunha ocular ou apenas ser fruto de boatos. Diante desse constante perigo de textos orais existentes serem apenas boatos, como deve agir o historiador? J. Vansine no seu artigo diz o seguinte:
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