Viriatto Corky Violação
Resenha: Viriatto Corky Violação. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: xuxu28 • 21/11/2014 • Resenha • 1.857 Palavras (8 Páginas) • 208 Visualizações
CAVALCANTE, Vanessa Matheus. “O “patriota insuperável”: Tiradentes nos palcos” (cap. 4). In: O teatro de Viriato Corrêa: uma escrita histórica para o povo brasileiro. Dissertação de mestrado em História, Política e Bens Culturais. Rio de Janeiro: CPDOC, 2012. Pp. 95-134.
Vanessa Matheus Cavalcante possui graduação em História pela Universidade Federal Fluminense (2008) e mestrado pelo programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens Culturais do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea (CPDOC) da Fundação Getúlio Vargas (FVG). O resultado de seu mestrado foi a dissertação “O teatro de Viriato Corrêa: uma escrita da história para o povo brasileiro”. Obra que apresente a carreira desse teatrólogo sua contribuição com o projeto do estadonovista de disseminação do nacionalismo e do patriotismo através da apresentação dos “heróis” brasileiros e da difusão da história nacional.
Deste trabalho analisaremos o capítulo 4 “O ‘patriota insuperável’: Tiradentes nos palcos”, no qual a autora trata do retorno aos holofotes de Viriato Corrêa e de como se deu a escolha de Tiradentes como principal herói brasileiro republicano. Ela se utiliza da figura de Viriato Corrêa para mostrar a trajetória do teatro nacional, somado as dificuldades da vida artística daquele momento. Além disso, nos mostra a importância do teatro na construção da identidade nacional e seu apoio ao projeto nacionalista do Estado Novo.
1. Retorno de Viriato Corrêa
Com a chegada de Vargas ao poder, em 1930, Viriato Corrêa (deputado federal pelo Estado do Maranhão) é preso por ter demonstrado apoio ao então presidente da República Washington Luís. Essa ação trouxe consequências para a sua vida como um todos, foi despedido do jornal A Noite, o qual escrevia em uma coluna “Microlândia”. O ex-deputado foi perseguido politicamente e intelectualmente, ficando preso por um mês e depois recebendo abrigo de um deputado maranhense, Hugo Napoleão.
Sendo recusado em vários jornais, ainda em 1930, Viriato Corrêa consegue ser aceito como colaborador no Jornal do Brasil, tornando-se o responsável pela coluna “Gaveta do Sapateiro”, porém o intelectual escrevia inicialmente com um pseudônimo de Frei Caneco - permanecendo nesta coluna até 1933. Neste período era difícil se manter somente escrevendo em colunas de jornal, por isso ele recorre a outras possibilidades de escrita, como literatura infantil e o teatro.
O teatro teve um papel essencial pra o retorno de Viriato Corrêa ao campo intelectual. A peça responsável por esse reingresso foi “Bombonzinho” encenada pela primeira vez em 1931, retratando os costumes urbanos em forma de comédia, pela Companhia Procópio Ferreira. Procópio Ferreira foi um grande ator do teatro da década de 1930, considera até hoje como um dos mais importantes, ele auxilia Viriato nesse momento complicado de sua vida. Essa ajuda foi de grande importância para o intelectual, fazendo com que ele regressasse ao campo cultural.
Vanessa Cavalcante destaca como o meio teatral tinha um grande apreço pela figura de Getúlio Vargas. Ainda em 1928, como deputado federal pelo Estado do Rio Grande do Sul, Vargas implementa uma lei a favor da categoria dos atores teatral, conhecida como “Lei Getúlio Vargas”, regulamentando os profissionais da área teatral. Apesar de todas as dificuldades enfrentadas o teatro brasileira se desenvolve na década de 1930, principalmente com as comédias.
O auge de Viriato Corrêa se dá no final da década de 1930, com o lançamento do livro infantil Cazuza (um dos seus livros mais vendidos) e sua entrada na Academia Brasileira de Letras, após muitas tentativas. No âmbito teatral, consegue sua consagração nesta época, tendo como marco inicial a peça Marquesa de Santos – 1938.
2. Teatro e Nacionalismo no Estado Novo
“O período ditatorial do Governo Getúlio Vargas, conhecido como Estado Novo, é considerado neste trabalho como um momento estratégico no que diz respeito à construção de representações da nacionalidade brasileira.” Para alcançar seus objetivos, o governo adotou políticas públicas na área cultural, afim de promover determinados aspectos culturais do passado nacional e “sua fixação no imaginário brasileiro” .
O governo estadonovista buscava construir um passado brasileiro comum que legitimasse sua existência, assim como valores e tradições da sociedade. Para remontar a história do Brasil, os intelectuais do governo se utilizaram de figuras centrais, com grande carisma popular, os transformando em heróis republicanos no novo imaginário de nação, como é o caso de Tiradentes.
Além dos orgãos do governo que foram criados com o objetivo de censurar mas também de estimular as produções artísticas e literárias, como o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda, os intelectuais tiverem um papel muito importante para a formação desse imaginário de nação e da construção de uma identidade nacional. Grande parte possuía atuação em vários meio de comunicação e estavam presentes nesses orgãos governamentais.
Durante a gestão de Gustavo Capanema, como ministro da educação e saúde (1934 – 1945), temos uma aproximação do Estado com o teatro brasileiro. Sendo criado, em 1936, a Comissão de Teatro Nacional, que era constituída por diversos intelectuais da época que tinha como objetivo divulgar o trabalho teatral em todo território brasileiro, buscando a sua valorização e reconhecimento assim como dos trabalhadores desse segmento.
Em 1937, a comissão é substituída pelo Serviço Nacional do Teatro (SNT), instituição, que segundo o governo, poderia atuar de forma mais “continua e permanente”. O SNT possuía inúmeras competências, dentre elas: estimular a construção de teatros por todo o país, criar estabelecimentos de ensino teatral e estimular a produção brasileira. Diferente da Comissão Nacional do Teatro, o SNT só possuía um intelectual para tomar as decisões, Abadie Faria Rosa.
Esse órgão era responsável por distribuir auxílios para as companhias de teatro tanto profissionais quanto amadoras, elas eram escolhidas através de um concurso e recebiam recursos para a execução de uma peça por mais ou menos 8 meses. As principais produções escolhidas tratavam de temas relacionados a identidade nacional e a valorização da cultura erudita. Era muito importante que as peças apresentassem um conteúdo educativo para alcançar um público amplo e diverso.
O teatro “moderno” teve seu início na década de 1940, sendo a peça Vestido de Noiva de Nelson
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