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A Arte da Palavra

Por:   •  9/5/2015  •  Artigo  •  490 Palavras (2 Páginas)  •  1.929 Visualizações

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EU SOU AQUILO QUE ESCREVO

(Resumo)

Gabriel Perissé introduz seu texto, o quarto capítulo de seu livro “A arte da palavra”, fazendo uma observação relevante para os escritores. Ele revela que “a construção de um estilo pessoal requer, necessariamente, um investimento de personalidade. Se eu sou aquilo que escrevo, preciso saber quem é este eu que escreve, este eu escondido, e mais presente do que eu mesmo percebo...” (p. 49).

Posteriormente, o autor complementa que para atingirmos a plenitude espiritual temos que conhecer a nós mesmo, ou seja, “estilo é cada um ser tudo o que pode ser” (p. 56). Porém, ressalta que o autoconhecimento é útil também em outros campos, não tão somente no campo literário. Perissé defende ainda que temos que nos conhecer cientificamente e que “escrever leva-nos a esse autoconhecimento” (p. 52). Perissé compara-nos a uma gruta onde há morcegos e ouro, e também escuridão. E, segundo ele, “é nessa gruta que se esconde o material com que podemos construir os melhores textos” (p. 50), textos cheios de emoção, vívidos, com equívocos e desejosos.

Segundo Perissé, “eu sou aquilo que escrevo e eu sou tudo aquilo que vejo, penso, imagino, faço e leio enquanto não estou escrevendo” (p. 50). Portanto, ressalta ele, “escrever é conhecer-nos porque escrever é ampliar a consciência que temos de nós, do mundo, e de nós dentro do mundo” (p. 53). O autor defende que o amadurecimento de um escritor depende do amadurecimento da pessoa que o escritor é e que, em contrapartida, afirma ele, o amadurecimento consiste num grande desprendimento do próprio eu p. 55. Perissé enfatiza que ser original não é tornar-se irreconhecível, mas que somente na maturidade seremos originais.

Para o autor, o distanciamento de nós mesmo é a melhor forma de nos conhecermos e conhecer a tudo a nossa volta. Destaca ele que “ao escrever, ao ler, ao falar, ao ouvir, estou sendo edificado e identificado pelas palavras com que escrevo, pelas palavras que leio, pelas palavras com que falo, pelas palavras que ouço” (p. 59). Por isso, afirma Perissé, eu sou aquilo que escrevo, sendo mais do que eu sou. Ele discorre sobre desenvolver um estilo, e esse “estilo é desenvolver modos pessoais que nos ajudem a driblar nossa imaturidade, nossos meds, nossa ingenuidade, nossa falta de personalidade” (p. 60-61).

Perissé conclui que “escrever e viver são tarefas que se confundem. O melhor plano para o futuro é continuar vivendo, e quem escreve vive mais intensamente, prolonga sua vida em outras mentes, amplia suas experiências e percepções” (p.66). E, portanto, enfatiza ele, “dai a importância de valorizar as palavras que, por sua vez, valorizam a vida de quem as utiliza” (p. 69). Nós somos aquilo que escrevemos, o verbo ser sustenta o verbo escrever, finaliza Perissé.

Referência Bibliográfica

PERISSÉ, Gabriel. Eu sou aquilo que escrevo. A arte da palavra: como criar um estilo pessoal na comunicação escrita. 1. Ed. São Paulo, SP: Manole, 2003, p. 47-72.

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