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A CONSTITUIÇÃO DA OBRA “O CORTIÇO” COMO ROMANCE DE TESE CONSTRUÍDO A PARTIR DOS ELEMENTOS ESTÉTICOS DO MOVIMENTO REALISMO/NATURALISMO

Por:   •  9/7/2019  •  Artigo  •  4.785 Palavras (20 Páginas)  •  398 Visualizações

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA

A CONSTITUIÇÃO DA OBRA “O CORTIÇO” COMO ROMANCE DE TESE CONSTRUÍDO A PARTIR DOS ELEMENTOS ESTÉTICOS DO MOVIMENTO REALISMO/NATURALISMO

Novembro de 2017

A CONSTITUIÇÃO DA OBRA “O CORTIÇO” COMO ROMANCE DE TESE CONSTRUÍDO A PARTIR DOS ELEMENTOS ESTÉTICOS DO MOVIMENTO REALISMO/NATURALISMO

Trabalho solicitado para a disciplina de

Língua Portuguesa, com o intuito de obter nota

para a unidade, do nível médio, do curso

técnico em alimentos, do Instituto Federal

de educação, ciência e tecnologia.

Novembro de 2017

  1. Sumário

Apresentação................................................................................................................ 4

Elementos estéticos do Realismo................................................................................. 6

Resultados e conclusões............................................................................................... 9

Considerações finais..................................................................................................... 15

  1. Apresentação

Como uma resposta ao idealismo romântico, a partir da segunda metade do século XIX, o movimento realista/naturalista surgiu trazendo uma visão racionalista e cientificista da sociedade para a literatura, a qual passava por um período conturbado devido à segunda revolução industrial, descobertas nos campos da Física e Química, uma nova estruturação do capitalismo e início da entrada de filosofia positivista na Europa. No Brasil, a abolição da escravatura, a Proclamação da República, as revoltas militares, Encilhamento e surgimento das primeiras escolas de direito traziam mudanças importantes.

Machado de Assis, nesse mesmo momento, fundou a Academia Brasileira de Letras, que na opinião de críticos, oficializou a literatura brasileira. Além disso, estas várias transformações serviram de ponta pé inicial ao surgimento de novas manifestações literárias como textos jornalísticos, críticas literárias, crônicas e contos.

​Sob influência do escritor​ ​português​ ​Eça de​ ​Queirós, ​ ​com​ ​as​ ​obras​ ​O​ ​Crime​ ​do​ ​Padre​ ​Amaro​ ​e​ ​Primo​ ​Basílio​, Machado de Assis, escreve a obra Memórias Póstumas de Brás Cubas e Aluísio de Azevedo, O Mulato, que estabelecem o surgimento, em 1881, do Realismo e Naturalismo no Brasil.

Os escritores que fizeram parte destes movimentos literários se atentaram em construir um retrato fiel da realidade humana e urbana da época, buscando desmascarar as adversidades do mundo industrial, da igreja católica e da sociedade burguesa e explicar o universo através da ciência. Nesse período as filosofias de Darwin, Comte, Spencer e Haeckel motivaram os intelectuais brasileiros que se alinharam a correntes cientificistas para escrever suas obras. Tobias​ ​Barreto​ ​ideólogo​ ​da Escola​ ​de​ ​Recife, ​ foi de imensa importância para o movimento, já que foi um dos seus principais divulgadores.

Os romances realistas eram voltados essencialmente para as questões humanas influenciadas dentro de uma perspectiva social. O Realismo se fundamentou como uma escola que aponta os desvios, os conflitos e as perplexidades dessa realidade urbana da camada social burguesa.

Por sua vez, o Naturalismo procurou vincular-se ainda mais às descobertas científicas sobre a origem dos homens e o seu lado selvagem, animal e instintivo, constituído de uma influência natural que nem sempre podia ser completamente “domesticada” e controlada pelas regras sociais. Na verdade, objetivava-se notar como forma de reação do corpo em nome das normas culturais que o convívio social insistia em impor.

Entre os principais autores do Realismo e Naturalismo estão Machado de Assis, - que escreveu obras como Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas e Quincas Borda – Raul Pompéia, – escritor de O Ateneu, Uma tragédia no Amazonas e Joias da Coroa - Adolfo Caminha, – que escreveu O Bom Crioulo e A Normalista – e também Aluísio de Azevedo – autor de O Mulato, Casa de Pensão e O Cortiço, obra a qual será foco deste trabalho.

Aluísio de Azevedo, pioneiro do naturalismo no Brasil, nasceu em São Luís do Maranhão, em que retratou, conforme a época, satirizando os hábitos dos moradores, possuindo alta dedicação em descrições - tanto dos personagens, quanto do ambiente - e uma narrativa lenta.

O Cortiço (1890) é uma obra Naturalista que mostra a realidade vivida pela população no Rio de Janeiro e o seu aumento, além do aparecimento de núcleos habitacionais, denominados cortiços, onde trabalhadores e gente de atividades incertas viviam em agrupamento. O livro é composto por 23 capítulos.

A obra tem como tema mais específico uma crítica ao capitalismo, refletindo a avareza e a exploração do homem por ele mesmo, além disso há a supervalorização do sexo. Por isso temas como adultério, prostituição e corrupção tornam-se frequentes.

Sendo assim, este trabalho pretende estudar a construção da obra “O Cortiço” a partir dos elementos estéticos do Realismo e Naturalismo.

  1. Elementos Estéticos do Realismo

Nas obras realistas, muitos aspectos estéticos se mostram fortemente presentes e repetidos ao decorrer do enredo, o que não se faz diferente em O Cortiço. A crítica aos valores urbanos e cotidianos - desmascarando as patologias sociais, presença de correntes cientificistas que estavam em ascensão na época – com ênfase ao determinismo e darwinismo, personagens comuns não idealizados e análise psicológica destes são características expoentes do realismo/naturalismo presentes na obra.

Entretanto, através da percepção, da observação e da análise apurada de fatos, os escritores denunciam a sociedade que é corrompida pela hipocrisia, pela convivência social mantida por aparência, pelos relacionamentos de interesses, pelo casamento como contrato social e não como vínculo afetivo, pelo adultério e corrupção, com o intuito de denunciar e desmoralizar tais patologias sociais, fazendo com que o naturalista dê preferência às personagens degeneradas, portadoras de distúrbios físicos e morais, taras e vícios. Assim, a escola literária explora um espaço coletivo da época, a fim de estudar a nova estrutura urbana estabelecida.

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