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A Obra “Mensagem” de Fernando Pessoa

Por:   •  25/4/2023  •  Resenha  •  496 Palavras (2 Páginas)  •  98 Visualizações

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A obra “Mensagem” de Fernando Pessoa, publicada em 1934, pode ser considerada um livro o qual possui características de um texto épico, já que, ao longo dos poemas, a história de Portugal é apresentada de forma mítica e gloriosa, exaltando os grandes feitos do passado nacional. Contudo, a diferença é que as epopeias são compostas por poemas extensos e únicos, divergindo, pois, da obra de Pessoa, a qual é dividida em três partes. Além disso, é importante ressaltar que o autor dispensa o uso da métrica clássica, ou seja, não há a presença de decassílabos em sonetos, destacando, por conseguinte, as particularidades do Modernismo, movimento literário do qual o escritor faz parte.

Diante disso, em “O Brasão”, a primeira parte, é possível observar personagens e acontecimentos correspondentes ao surgimento do país, e, por isso, é dado um enfoque à nobreza do povo português. Com isso, antes do poeta introduzir o leitor aos personagens do início de Portugal, ele apresenta heróis mitológicos, começando por Ulisses, que, segundo a lenda, fundou a cidade de Lisboa, e partindo, logo depois, para a figura de Viriato, o qual possui uma existência legitimada, mas, após sua morte, uma visão fantasiosa foi atribuída às suas ações. Dessa forma, Pessoa tinha o intuito de mostrar uma visão crescente e progressiva, isto é, expor primeiramente o mito, em seguida um “mito parcial” e, por fim, a figura do homem, um agente histórico capaz de mudar a realidade.

Ademais, na segunda parte, “Mar Português”, verifica-se o engrandecimento das expansões marítimas, o principal período da história lusitana. Sob esta perspectiva, o descobrimento português das Novas Terras é visto como uma vontade divina, o que pode ser exemplificado pelo trecho “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”, do poema “O Infante”, significando que Deus guiou as ações dos indivíduos e, assim, eles conseguiram encontrar a outra parte do mundo. Então, por meio deste talento concebido pelo destino, Fernando Pessoa infere que a grandeza marítima de Portugal se sobrepôs ao Império Romano, uma vez que este conquistou apenas o mar finito, no caso o Mediterrâneo, já o outro tomou posse do mar “infinito”, por ter acesso às águas do Ocidente e do desconhecido.

Por fim, na terceira parte, “O Encoberto”, um grande destaque é dado ao Sebastianismo, uma lenda a qual acreditava na volta do rei Dom Sebastião, desaparecido após a batalha de Alcácer-Quibir. Em virtude disso, Pessoa revive também o mito do Quinto Império, enfatizando que, depois de Grécia, Roma, Cristandade e Europa, uma nova supremacia surgiria a partir da figura de Sebastião, que perderia o aspecto humano e assumiria a posição de símbolo. Logo, esse novo império, assim como o seu líder, seria imaterial e teria o intuito de distribuir a fraternidade, bem como o conhecimento, para o mundo. Apesar disso, o escritor termina o livro em um tom pessimista e melancólico, ao refletir sobre o cenário do próprio país durante o século XX, afirmando que nenhum rei ou autoridade conseguirá regenerar o legado passado de Portugal.

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