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A Representação de Vozes Sociais Através da Polifonia no Romance Os Subterrâneos da Liberdade

Por:   •  21/5/2019  •  Projeto de pesquisa  •  4.670 Palavras (19 Páginas)  •  190 Visualizações

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1 TEMA

Representação de vozes sociais na literatura modernista

2 DELIMITAÇÃO DO TEMA

A representação de vozes sociais através da polifonia no romance Os Subterrâneos da liberdade, de Jorge Amado.

        

3 QUESTÕES DA PESQUISA

  • Como se representam as vozes sociais através da polifonia no romance?
  • Que efeitos polifônicos estão presentes nas relações discursivas e textuais?
  • Que correntes dialógicas se entrecruzam no romance?
  • Como as vozes sociais atuam na construção do discurso?

4 OBJETIVOS

4. 1 Geral

  • Analisar a representação de vozes sociais no romance Os Subterrâneos da liberdade, de Jorge Amado.

4. 2 Específicos

  • Identificar os aspectos que aproximam a obra Os Subterrâneos da liberdade da construção polifônica descrita por M. Bakhtin;
  • Analisar as correntes dialógicas que se entrecruzam no discurso polifônico do romance Os Subterrâneos da liberdade;
  • Verificar a atuação de vozes sociais na composição do discurso do romance Os Subterrâneos da liberdade.

5 ANTECEDENTES DA PESQUISA

Este trabalho investiga a representação das vozes sociais através da polifonia no romance Os Subterrâneos da liberdade do escritor modernista Jorge Amado.´

O escritor modernista Jorge Amado, não figura entre os mais estudados pela academia, seu destaque ocorreu em função dos leitores de suas obras. Talvez por isso encontram-se poucos trabalhos acadêmicos acerca de sua obra. Dessa forma, acreditamos que essa pesquisa seja a primeira a enfocá-la à luz da representação das vozes sociais pelo viés da polifonia.

O romance que se desenvolve entre os anos de 1937 e 1940, compõe-se de três tomos, sendo que, no primeiro, Os Ásperos tempos, a narração é desenvolvida nos anos de 1937 e nos primeiros meses de 1938. São narrados acontecimentos anteriores e posteriores ao golpe de Estado de Getúlio Vargas. No segundo tomo, Agonia da noite, prossegue a sequência dos fatos políticos armandistas e integralistas contra o governo de Getúlio e a prisão dos comunistas, abrangendo, assim, os anos de 1938 e 39. No último tomo, A luz no túnel, são narradas as torturas, prisões e julgamentos dos comunistas, momentos decorridos nos anos de 1939 e 1940.

Para que se possa compreender o contexto literário e histórico no qual o corpus desse projeto foi desenvolvido, faz-se necessário, embora de forma embrionária, um recuo no tempo, verificando as mudanças ocorridas na literatura e na sociedade, de 1922 a 1945.

Esse recuo, seguindo a linha histórica e literária, observando que um momento pode ser apenas “a ponta do iceberg”, ou seja, atrás de uma data histórica há uma sequência de fatos que desencadeiam outros acontecimentos, como descreve Alfredo Bosi em seu ensaio Tempo e Tempos (1992): “O antes é a semente, o germe, a raiz do depois [...]” (p.21).

Nesse retorno de tempo, percebe-se que o movimento modernista da semana de 22 rompe com as formas tradicionais, contribuindo para uma mudança estética e desencadeando uma nova geração de escritores. Dessa forma, pode-se dizer que o movimento da semana de 22, que inaugurou o modernismo no Brasil, foi um marco do tempo, “a semente”, que gerou as várias mudanças que ocorreriam posteriormente.

As transformações na literatura permanecem e, na década de 30, surge o regionalismo, que estava mais direcionado aos problemas brasileiros e acrescenta ao modernismo de 22 não somente a mudança estética, mas também a mudança temática.

Esse movimento literário é analisado pelo crítico Antonio Candido, em sua obra Literatura e Sociedade, como um movimento de idéias que dá inicio a uma literatura direcionada para “a libertação do academicismo, dos recalques históricos, do oficialismo literário; as tendências de educação política e reforma social; o ardor de conhecer o país” (CANDIDO, 1965, P. 148).

É dentro desse contexto de transformações políticas e sociais que surge a 2ª fase do Modernismo, a geração de 30, na qual, segundo Antonio Candido (1965), a literatura e o pensamento deram um grande avanço, tornando a prosa liberta e amadurecida. O romance é marcado por uma inspiração popular, refletindo, em um primeiro momento, os dramas do país, tais como a decadência da aristocracia rural e a formação do proletariado, bem como a luta do trabalhador do campo.

Junto a outros escritores, nessa fase, encontra-se Jorge Amado com a publicação de sua primeira obra, O país do carnaval (1931), a qual possui marcas regionalistas e sociais da Bahia e do povo baiano, bem como da lutados trabalhadores nas fazendas de cacau. Sob esse mesmo contexto publicou também Cacau (1933), Suor (1934), Jubiabá (1935), Mar morto (1936) e Capitães de areia (1937).

Devido a sua ideologia partidária notadamente explícita, o romance foi considerado por vários críticos brasileiros como “literatura de cunho panfletário”, assim, não é uma das obras do autor que possui grande impacto junto ao público, que abraçou as obras de um outro momento do autor, romances mais populares como Gabriela, Cravo e Canela (1958), Dona Flor e seus dois maridos (1966), Tieta do Agreste (1977), Tenda dos milagres (1969), Teresa Batista cansada de guerra (1972). Estas tendo adaptações para o cinema e a televisão.

Os romances de Jorge Amado foram traduzidos para vários idiomas, suas obras refletem a realidade dos temas, as paisagens, dramas humanos, secas e migrações, êxodos, sensualidade e rituais afros. Com uma linguagem rica em elementos folclóricos, e de grande conteúdo humano. É um dos representantes do regionalismo brasileiro, e seus romances mostram a passagem de uma sociedade agrária para a industrial, trazendo ainda a preocupação com os problemas coletivos, assim, sua obra é importante para a compreensão da nossa realidade social e histórica.

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