A VIDA E OBRA: CAMÕES
Por: flavioespanhol • 21/3/2020 • Resenha • 761 Palavras (4 Páginas) • 163 Visualizações
CAPÍTULO VIII
LUÍS DE CAMÕES
Luís de Camões é o poeta erudito do Renascimento, se inspira em canções ou trovas populares e escreve poesias que lembram as cantigas medievais. Revela em seus poemas uma sensibilidade para os dramas humanos, amorosos ou existenciais. A maior parte da obra lírica de Camões é composta de sonetos e redondilhas, de uma perfeição geométrica, sem abuso de artifícios, tudo parece estar no lugar correto.
Ele é considerado o maior poeta renascentista português e uma das mais expressivas vozes de nossa língua. As poesias camonianas, como todos os poetas que buscam por meio da expressão filosófica a explicação e expressão do amor cristão, possuem uma estreita relação com as ideias de Platão acerca do que seja esse amor.
A lírica camoniana abrange canções, odes, églogas, elegias, oitavas, sextinas, redondilhas e sonetos. Camões cultivou o ideal Platónico: o Amor (com maiúscula) é um ideal superior, único e perfeito, o bem supremo pelo qual desejamos. Mas os seres decaídos e imperfeitos são incapazes de atingir esse ideal. A estes restam a probabilidade do amor físico (com minúscula), simples imitação do Amor ideal. A constante tensão entre esses dois polos gera toda a angústia e insatisfação da alma humana.
Na poesia de influência tradicional, é evidente o aproveitamento da temática da poesia trovadoresca e das formas palacianas. Assim, podemos encontrar temas tradicionais e populares (o amor, a saudade, a beleza da mulher, o contato com a natureza, e etc.)
Na poesia com influência clássica e renascentista, fruto das novas ideias trazidas, de Itália, por Sá de Miranda e António Ferreira, verifica-se um alargamento dos temas e a colocação do ser humano no centro de todas as preocupações. Merece destaque o tratamento de certos temas: o Amor platónico, a saudade, o destino, a beleza suprema, a mudança, o desconcerto do mundo, o elogio dos heróis, os ensinamentos morais, sociais e filosóficos, a mulher vista a luz do petrarquismo. Camões foi o melhor poeta português de escol petrarquista, e, ao mesmo tempo o mais acabado artista da escola do Cancioneiro Geral, foi o poeta que produziu uma epopeia, aspiração literária do Renascimento português.
O amor surge, a maneira petrarquista, como fonte de contradições, entre a vida e a morte, a água e o fogo, a esperança e o desengano. A concepção da mulher, outro tema essencial da lírica camoniana, em íntima ligação com a temática amorosa e com o tratamento dado à natureza oscila igualmente entre o polo platónico, representado pelo modelo de mulher petrarquista a Laura e o modelo renascentista de Vénus. A mulher, objeto do desejo, também ela um ser imperfeito, é espiritualizada, tornando-se a imagem da mulher ideal. Pois, a mulher petrarquista: ideal de beleza, é uma espécie de deusa que aparece em visões ao poeta e contamina a natureza, embelezando.
Outro tema muito presente e separável do tema amoroso é o Desconcerto do Mundo onde relata a certeza de que o mundo vive em desconcerto: desarmonia, a contradição, entre aquilo que se deseja alcançar e as expectativas ideais e aquilo que existe na realidade.
O poema "Os Lusíadas", tem como base elementos épicos e líricos e sintetiza as principais marcas do Renascimento português: o humanismo e as expedições ultramarinas, onde o autor expressa sua experiência íntima que viveu durantes suas expedições, e narra fatos heroicos da história de Portugal, em particular a descoberta do caminho marítimo para as Índias por Vasco da Gama. No poema, Camões mescla fatos da História Portuguesa a intrigas dos deuses gregos, que procuram ajudar ou atrapalhar o navegador. Um aspecto que diferencia Os Lusíadas das antigas epopeias clássicas é a presença de episódios líricos, com composições graciosas e delicadas, sem nenhuma relação com o tema central que é a viagem de Vasco da Gama.
...