ANÁLISE DO CONTO OLHOS D’ÁGUA – CONCEIÇÃO EVARISTO
Por: Tatiana Abreu • 27/8/2018 • Trabalho acadêmico • 749 Palavras (3 Páginas) • 3.383 Visualizações
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
CURSO: LETRAS - HAB: PORTUGUÊS/INGLÊS
TRABALHO DA DISCIPLINA
LITERATURA E OUTRAS SÉRIES CULTURAIS
Aluna: Tatiana Abreu
Rio de Janeiro
Junho/ 2018
RESUMO DO CONTO OLHOS D’ÁGUA – CONCEIÇÃO EVARISTO
Maria da Conceição Evaristo de Brito, escritora mineira, aborda sempre de forma muito sensível em seus temas a discriminação racial, de gêneros e de classe.
Em seu conto Olhos d’água, a autora foca a pobreza e a violência que cercam a população afro-brasileira. O texto é narrado em primeira pessoa, onde a personagem é a narradora. Sem dúvida a obra reflete a vida da autora.
A personagem se vê atormentada pela indagação que não lhe sai da cabeça: “De que cor eram os olhos de minha mãe?”. Parece uma pergunta muito simples mas para a personagem, lembrar a cor dos olhos de sua mãe a remete a tudo o que viveu no passado, como viveu, as mulheres que passaram por sua vida, a religiosidade, as dificuldades enfrentadas, a adolescência mal vivida e não desfrutada, das histórias contadas por sua mãe nos momentos de miséria extrema e pobreza.
É doloroso não se recordar dos olhos de sua mãe, a narradora se sente culpada. Como não se lembrar dos olhos de uma mãe tão carinhosa, zelosa, que contava histórias e amenizava tanta miséria com docilidade e lhes fazia sorrir?
Sair de casa foi uma opção tomada a partir da necessidade de buscar melhores condições de vida. Deixar para trás não pode significar esquecer.
Inquieta e tomada pela angústia, mas também pela certeza de sua decisão, a personagem volta ao seu lar. É preciso resgatar o que se perdera.
É chegado o encontro e entre muitas lágrimas, alegrias, lembranças, a personagem descobre que a cor dos olhos de sua mãe são a cor dos olhos d’água. Observar os olhos de alguém revela muito mais do que cores, revela almas e sobretudo, sentimentos.
Ao ler esse conto, fui obrigada a buscar na memória histórias que minha avó, neta de escravos vinda da África me contava na sacada de seu apartamento na Freguesia. Ficávamos juntas quando minha mãe ia ao supermercado. Os relatos dessa gente tão sofrida datam de muito tempo e, infelizmente, pouco mudou. Minha avó, hoje já falecida, foi dada por seus pais que não podiam criá-la a uma família em Lorena aos nove anos. Nessa época ela já sabia toda a história de sua árvore genealógica. Minha avó não teve muito estudo, mas narrava as histórias com grandezas de detalhes. Confesso que não sei se tudo o que eu ouvia era verdade, mas ficou em minha memória e até meus filhos já sabem desses “causos” como ela mesma dizia.
Teve uma infância sofrida, carregava latas de água na cabeça, ajuda a cuidar da casa e dos irmãos mais novos. No fim da adolescência voltou ao Rio e construiu sua família. Dona Luzia, mulher de pele parda, teve 12 filhos, criou alguns na favela do Pinto, zona sul do Rio de Janeiro, outros foram dados para orfanatos. Certamente foi melhor avó do que mãe, mas esse julgamento não cabe a mim.
Falando sobre a temática da violência sofrida pelos afrodescendentes pelo mundo, lembrei-me do filme A outra história americana, o filme mostra como o ódio racial acaba com a vida de agredidos e agressores.
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