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ANÁLISE TEMÁTICA E OS SUJEITOS LÍRICOS POESIAS DE PAIO GOMES CHARINHO

Por:   •  6/11/2020  •  Trabalho acadêmico  •  2.219 Palavras (9 Páginas)  •  265 Visualizações

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UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

CURSO DE LETRAS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Neide Suterio dos Santos.*

Patricia Hybner Lopes do Couto.**

Rafael Costa. ***

ORIENTADORA: Cláudia Menezes da Cruz

Santos – 2017

ANÁLISE TEMÁTICA E OS SUJEITOS LÍRICOS

 POESIAS DE PAIO GOMES CHARINHO 

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho “Análise Temática e os Sujeitos Líricos – Poesias de Paio Gomes Charinho” visa analisar duas cantigas deste trovador galego-português,  de acordo com o seu “eu lírico” e a sua temática amorosa.

Inicialmente, faz-se necessário contar a história do referido trovador situando suas obras no momento histórico da era medieval e sua localização geográfica na Península Ibérica, ponto chave para compreendermos a influência da natureza na composição das poesias/cantigas, assim como as características que as diferenciam.

Em seguida, faremos uma abordagem mais detalhada das cantigas “Pois mia ventura tal é, pecador” e “Que muitas vezes eu cuido no bem”, expondo as diferenças das relações dos sujeitos líricos entre uma cantiga de amigo e uma cantiga de amor.

 Palavras-chave: Cantigas. Eu Lírico. Galego-português. Paio Gomes Charinho .

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nesta pesquisa selecionamos um exemplar de cantiga de amor e um exemplar de cantiga de amigo para a realização de uma análise temática, assim como observaremos a diferença de interpelação entre o eu-lírico feminino e masculino, cuja abordagem específica proporciona um melhor entendimento dos sentimentos expostos, pois de acordo com Moysés, Pag. 24 (1966), ao invés do idealismo da cantiga de amor, a de amigo respira realismo em toda sua extensão.

Salientamos que a motivação para a realização deste trabalho analítico e comparativo das duas cantigas aqui mencionadas, a qual pretende estudar a temática e suas características, é o fato de serem grandes exemplos das obras produzidas no Período Medieval, as quais exprimem a rica influência linguística que o Brasil herdou de Portugal, motivos mais do que suficientes para explicar a relevância deste trabalho, pois como afirma Saraiva (1999) : "o galego-português e o castelhano nasceram [...] como dois dialetos da mesma língua neolatina e foram-se diversificando ao longo do tempo"....

Também pretendemos auxiliar na compreensão e na divulgação da relevância da lírica trovadoresca de Paio Gomes Charinho e na sua importância para a Literatura, assim como estabelecer um elo entre as duas cantigas, buscando entender a temática e a influência do eu- lírico presente nos seus textos.

Para o desenvolvimento deste trabalho, foi necessária a realização de várias consultas e pesquisas em livros de autores renomados, importantes e experientes estudiosos do tema, e também em sites diversos da Internet, onde obtivemos dados consideráveis e relevante quantidade de material pertinente ao assunto, que facilitaram muito a confecção deste trabalho e com certeza permitirá aos leitores e consultores deste trabalho, conhecer melhor as características das cantigas galego-portuguesas e a biografia e obra de Paio Gomes Charinho, e mais do que isso, valorizar a Literatura Portuguesa, numa das suas mais belas expressões.

Utilizamos como fonte de pesquisa, alguns livros de autores especialistas, profundos conhecedores do assunto, como Massaud Moysés, Antonio José Saraiva, Joaquim Ferreira, José Carreiro, entre outros grandes escritores e fomentadores deste importante estilo literário.

BIOGRAFIA DE PAIO GOMES CHARINHO

Trovador galego, ativo nas últimas décadas do século XIII. Nascido numa linhagem da pequena nobreza sediada em Pontevedra, Paio Gomes Charinho foi gradualmente adquirindo importância na corte castelhana, acabando por assumir cargos de relevo na corte da Sancho IV. Tendo talvez participado, já muito antes, na conquista de Sevilha (1248), segundo nos informa a inscrição da sua sepultura (mas inscrição essa que pode ser apenas encomiástica), é durante a década de 1280 que a sua ascensão social é mais visível, muito particularmente depois da subida ao trono de D. Sancho, cujo partido tomou nas lutas que o infante herdeiro manteve com seu pai, Afonso X, nos últimos anos do seu reinado. Assim, a partir de 1284, para além de se tornar privado do novo rei, assume o cargo de Almirante do Mar, pelo menos até 1286. Nesse ano, acompanha Sancho IV na sua peregrinação a Santiago de Compostela, onde parece ter ficado, talvez na sequência de qualquer desacordo com o monarca. Seja como for, em 1290 aparece com o cargo de meririnho-mor da Galiza. Após a morte de D. Sancho (1295), intervém nas disputas relacionadas com o complicado processo da sua sucessão, acabando por ser assassinado, nesse mesmo ano, por Rui Peres Tenoiro (que será irmão do trovador Mem Rodrigues Tenoiro).

Sugere Resende de Oliveira que a ascensão inicial de Paio Gomes Charinho na corte castelhana terá sido também favorecida pelo casamento de uma sua irmã com João Garcia de Villamayor, mordomo-mor e privado de Afonso X. Quanto ao trovador, casou, em data incerta, com Maria Geraldes Maldonado, de quem teve três filhos, segundo o Nobiliário do Conde D. Pedro (74Q5). Para além dos cargos desempenhados, Paio Gomes foi ainda senhor de Rianxos, em frente da ria de Arousa. Está sepultado no convento de S. Francisco, em Pontevedra.

TEMÁTICA DAS CANTIGAS DE AMOR E CANTIGAS DE AMIGO

Género de registo aristocrático, a cantiga de amor galego-portuguesa segue muito claramente o universo do fin’amor provençal (sobretudo o da fase mais tardia), num modelo que não é apenas formal, mas que retoma também uma “arte de amar” que define, em novos moldes culturais e sociais, as relações entre o homem e a mulher, ou, na terminologia usada pelos trovadores à exaustão, entre o poeta servidor e a sua senhor (o chamado “amor cortês”, numa terminologia pouco exata, mas que se tornou tradicional). De forma retoricamente elaborada, a cantiga de amor apresenta-nos assim uma voz masculina essencialmente sentimental, que canta a beleza e as qualidades de uma senhora inatingível e imaterial, e a correlativa coita (sofrimento) do poeta face à sua indiferença ou face à sua própria incapacidade para lhe expressar o seu amor. Se bem que decididamente influenciada pela canso provençal, como se disse, a cantiga de amor galego-portuguesa assume, no entanto, algumas características distintas, desde logo o facto de ser em geral mais curta e de frequentemente (em mais de metade dos casos conservados) incluir um refrão (quando a norma provençal é a cantiga de mestria, ou seja, sem refrão).

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