Análise do Poema Motivo de Cecília Meireles
Por: Márcia Ferreira • 27/5/2019 • Trabalho acadêmico • 795 Palavras (4 Páginas) • 5.242 Visualizações
ANÁLISE DO POEMA “MOTIVO” DE CECÍLIA MEIRELES
Cecília Meireles nasceu em sete de novembro de 1901 na cidade do Rio de Janeiro; de acordo com documentos, a autora perdeu seus pais muito cedo e foi educada por uma avó de Moçambique. Com a solidão familiar, Cecília começa, desde cedo, a se identificar com a leitura e escrita. Em seus textos, é possível observarmos diversas características advindas dessa infância solitária, sobre a vida e a morte. Cecília publicou sua primeira obra em 1919, denominada de Espectros.
O poema “Motivo” utilizado nesta análise encontra-se na obra Viagem, publicada em 1938, tal obra recebeu o prêmio da Academia Brasileira de Letras, concedendo à autora um grande reconhecimento nacional.
Cecília Meireles faleceu em 9 de novembro de 1964 em sua cidade natal, o Rio de Janeiro. Um ano após sua morte, a Academia Brasileira de Letras concedeu à autora o Prêmio Machado de Assis.
De acordo com Cândido (1996), o estudo sobre o poema pode ser dividido em quatro diferentes partes. Em primeiro momento, é possível observarmos os fundamentos do poema, que se configuram como a sonoridade, o ritmo, o metro e o verso. Depois disso, nota-se as unidades expressivas do poema: a figura, a imagem, o tema, a alegoria e o símbolo.
Ainda, temos a estrutura do poema: os princípios estruturais, os princípios organizadores e o sistema de integração. Ao fim, o autor esclarece sobre os significados: sentido ostensivo e latência, tradução ideológica, poesia direta e oblíqua, clareza e obscuridade; além, também, da unidade do poema.
Todo o estudo de Cândido (1996) nos ajuda a entender a pensar a analisar tais obras a partir de diversas perspectivas. Posto isto, faremos uso das técnicas demonstradas pelo autor, em sua obra Estudo analítico do poema.
Para que esta análise se construa da melhor forma, é necessário, primeiro, demonstrarmos as características gerais do poema:
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta
Irmão das coisas fugidias;
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou se passo
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada
E um dia sei que estarei mudo:
- Mais nada
Ao lermos o poema, notamos que existem aspectos bem subjetivos, como a narrativa poética em primeira pessoa, descrevendo seus sentimentos e tentando demonstrar o quão intenso é seu sentir. O poema é composto por quatro estrofes com quatro versos cada.
Notamos que, ao final de cada estrofe, o efeito sonoro é entrecortado, fazendo com que o verso encerre de modo brusco a estrofe. O ritmo é construído principalmente pela vogal semi-aberta “o” e pela vogal fechada “i”, encerrando o poema com uma grande diferença, utilizando a vogal aberta “a” em “mais nada”.
Além
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