As Memórias da Ditadura Civil Militar Brasileira no Filme: O Ano que meus pais saíram de Férias (2013) de Cao Hamburger.
Por: João Vitor • 6/8/2021 • Resenha • 435 Palavras (2 Páginas) • 212 Visualizações
Memórias da Ditadura Civil Militar Brasileira no Filme: O Ano que meus pais saíram de Férias (2013) de Cao Hamburger.
João Vitor Bispo Cerqueira[1]
Resumo: As décadas de 60 e 70 foram conturbados no mundo, principalmente o período de 1960, que é marcado pelas revoluções artísticas e políticas, pelas lutas populares e estudantis, pelo movimento feminista que ganhou força e também foi a época da libertação colonial. Em 1964 instalou-se no Brasil a ditadura civil-militar, a fase mais sombria na história do país, que durou 21 anos marcados pelo autoritarismo, censura, corrupção e violência contra seus opositores. As vítimas do autoritarismo que se instalou no Brasil, no período da ditadura civil-militar, quase sempre estão disponíveis para falar publicamente sobre os traumas sofridos. Essas falas, sobre o que foi vivenciado por elas, são necessárias para construir uma reflexão/denúncia. Partindo das experiências das vítimas, o filme O ano que meus pais saíram de férias (2006), direção de Cao Hamburguer, é narrado durante o governo do General Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), caracterizado como o tempo mais sombrio e violento, sendo nomeado de anos de chumbo, com o endurecimento da censura e a perseguição aos opositores. O filme é visto como uma obra pessoal, ficando a margem de uma obra autobiográfica – memória ficcional - do diretor, de acordo com o próprio Cao Hamburger, diretor do filme, “ como muitas vezes olhar para o outro é uma forma de olhar para nós mesmos, o olhar de estrangeiro teve um sentido inverso e acabei me voltando para minha própria origem, minha infância e minha cultura” (2008). Cao Hamburger buscou informações sobre o período histórico na literatura e sobre sua gênese, junto com outros roteiristas, montou o roteiro da obra, criando um dos filmes políticos mais relevantes do cinema brasileiro. O plot do filme pode ser compreendido através de três pontos: a perseguição que os pais de Mauro sofreram por serem opositores do governo, tendo como consequência o exílio ao serem obrigados a fugir do país, a limitada informação do filho sobre a situação dos seus pais e a Copa do Mundo, que foi usada para camuflar os problemas que estavam acontecendo no Brasil devido ao estado de exceção. De acordo com FIGUEIREDO (2010, p.14) [...] “o golpe de 1964 foi um atentado à legalidade e à constituição, instaurando um regime de exceção, em que as liberdade democráticas eram tolhidas por um regime repressor.” Mas a memória também é uma ferramenta para construir e completar as lacunas das terríveis histórias da ditadura.
Palavras – Chaves: Cinema; Ditadura; Memórias; Ficcional; Literatura.
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[1] Discente do mestrado em Estudos Literários pela Universidade Estadual de Feira de Santana.
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