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As Políticas Linguísticas

Por:   •  29/10/2018  •  Projeto de pesquisa  •  1.467 Palavras (6 Páginas)  •  147 Visualizações

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Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira

Curso de Graduação em Letras – Língua Portuguesa

Componente curricular: Políticas Linguísticas

Docente: Profa. Dra. Cláudia Ramos Carioca

Discente: Maria Eliane Pereira Oliveira

AVALIAÇÃO PARCIAL

“Da nossa língua vê-se o mar e ouve-se o seu rumor. Esse mar que nos faz encontrar um dia e que alarga o horizonte à medida da esperança que aqui nos reúne e do afecto que liga os nossos povos. ”

(Virgílio Ferreira, citado por Jorge Sampaio, Discurso proferido no ato de constituição da CPLP em 17 de julho de 1996)

As políticas linguísticas e o ensino do português no Brasil e na comunidade lusófona

Comecemos por definir o que são política linguística que, para Torquato (2010) “o conceito de política linguística, que engloba o de planejamento linguístico, foi formulado no campo da sociolinguística, sobretudo, a partir dos anos 1960 e estava inserido na própria constituição desse campo”. Oliveira ao cita Calvet (2007) considera que as políticas linguísticas trata-se das “grandes decisões referentes às relações entre as línguas e a sociedade”. Em Casagrade e Bastos ao citar Calvet (1996) afirmam que “a concepção de Política Linguística como uma relação imposta pelo Estado a um determinado povo. ” Pois segundo o autor, é o poder político que privilegia esta ou aquela língua, quando de sua imposição a uma comunidade.  Já Torquato (idem) ao cita Calvet (2002, p. 145) afirmar que, para além do aspecto institucional, a política linguística é definida como “um conjunto de escolhas consciente referentes às relações entre língua(s) e vida social”.

Neste sentido, Castilho (2012) de um modo simplificado explica política linguística como uma espécie de ‘sociolinguística intervencionista’, mas afirma que tal adjetivo não seja o adequado a ser utilizado, pois nem todos entenderiam o termo “Intervencionista”, que se trata de um tipo de política no qual o estado intervém na atividade econômica do pais, visando a regularização do setor privado. Castilho (idem) exemplifica melhor ao cita Elvira Arnoux que afirma que “o estudo das políticas linguísticas constitui um campo complexo em que a descrição e a avaliação de situações sociolinguísticas são estimuladas por necessidades sociais e, em grande medida, tende a propor linhas de intervenção”.

Para Sousa & Soares (2014), ainda referente a questão das políticas linguísticas, partindo da definição de Spolsky (2009, p 01), a “política linguística é feita de escolhas”, independentemente de quais sejam, se relacionadas a qual língua utilizar considerando um contexto multilíngue, ou se relacionadas a qual variedade ou variante utilizar considerando um contexto não multilíngue. Partindo, então, dessas definições, conclui-se com a definição de Torquato que afirma que “as políticas linguísticas são, portanto, instrumentos e espaços de relações de poder e de conflitos de interesses. ”

Tratando-se de comunidade lusófona, podemos citar Hanna et. al. (2010), ao afirmar que:

Encontrar significados e direções comuns, no âmbito da lusofonia, também significa reconhecer e respeitar múltiplas e distintas vozes. A pluralidade de sensações e sentimentos que a mera evocação da palavra faz aflorar, necessita do conhecimento e do (auto)reconhecimento da imagem histórico-cultural de cada um dos espaços da chamada “comunidade lusófona”. (HANNA, et. al., 2010, p. 160).

Neste sentindo, Hanna et. al. (2010), lembram que, num contexto geograficamente disperso, naturalmente multi e pluricultural, de vários sistemas lingüísticos e de diferentes normas do português, “somente é possível conceber uma comunidade lusófona legitima quando a entendemos múltipla e quando nela distintas vozes são reconhecidas e respeitadas”. Neste caso, vale colocar em destaque, de acordo com Sousa Galito (2012) que a lusofonia reporta-se ao conjunto de falantes de língua portuguesa com relação à escada global. Geralmente, abrange o total de habitantes dos países de língua oficial portuguesa (no caso, os seguintes países: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, além de territórios autônomos, como é o caso de Macau, na China, e regiões as quais tiveram grandes influencia portuguesa, como Zanzibar e Tanzânia, na África; Malaca na Malásia e a chamada Índia Portuguesa formada por Goa, Damão, Ilha de Angedriva, Simbor, Gogolá, Diu, Dadrá e Nagar-Aveli, na Ásia.

Retomando as políticas linguísticas, mas agora voltada ao ensino do português no Brasil e na comunidade lusófona. Gallimore e Tharp (1988) retratam bem a educação mundial, que se assemelha bastante com a brasileira:

Repetidamente neste século, as tendências de melhoria da escola pública ficaram aquém das expectativas reformistas. Uma razão para este progresso limitado foi a ausência de uma base comum para o entendimento e a correção do ensino e da escolarização. Embora as idéias de Vygotsky estejam exercendo uma influência profunda sobre a educação, elas em si são insuficientes para construir uma teoria da educação completamente satisfatória (…). (GALLIMORE e THARP, 1988, p. 171).

Assim, o ensino de língua portuguesa no Brasil se mante até hoje com o ensino da gramatica tradicional como método. Mas Bagno (2001) ressalta que há outra opção, que é menos dogmática, mais criteriosa e, principalmente, mais democrática, é “estudar o brasileiro” que em meio as suas justificativas está a seguinte:

Estudar o brasileiro é ter uma visão mais sintonizada com o pensamento cientifico contemporâneo. É admitir que a Gramatica tradicional, depois de 2.300 anos de soberania, é página virada da História, representa uma etapa - já concluída - da evolução do conhecimento humano sobre o fenômeno da linguagem. Que foi uma contribuição importante, mas que é preciso ir além dela, avançar, criar conhecimento novo. (BAGNO, 2001, p.10).

Fica a seguinte indagação: “ensinar gramatica ou estudar a língua? ” Bagno (2001), segundo o autor essa é uma confusão que se perpetua até hoje: confusão entre gramática e língua, que são coisas totalmente diferentes.

No que se concerne ao ensino do português na comunidade lusófona é importante ressaltar, de acordo com Oliveira & Faulstich (2009) que o Brasil, através dos blocos econômicos, insere-se nas relações internacionais, por isso “possui um relevante papel político-linguístico no contexto de um novo mapa de interação social no panorama da intercomunicação entre povos”, partido desta interpretação, é válido afirmar, conforme Oliveira & Faulstich (2009) que:

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