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As Raízes Históricas do Conto Maravilhoso: O Início do Conto

Por:   •  30/9/2018  •  Resenha  •  1.689 Palavras (7 Páginas)  •  485 Visualizações

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As raízes históricas do conto maravilhoso: O início do conto(p. 29-48)

Propp, Vladimir. O início do conto. In: . As raízes históricas do conto maravilhoso. São Paulo: Martins Fontes, 1997. P. 29-48.

1- Afastamento:

“As primeiras palavras do conto: “Em um certo reino, em um certo estado….” já introduzem o ouvinte em uma atmosfera[...] que se caracteriza pela tranquilidade épica. Mas trata-se de uma impressão ilusória.”(p.29)

[Em um primeiro momento, no conto, as famílias vivem felizes e tranquilas, porém essa felicidade é interrompida quando surgem catástrofes]

“às vezes tais acontecimentos têm início quando um adulto se afasta”(p.29)

[As desgraças ocorrem quando os pais deixam seus filhos sozinhos, os maridos deixam suas esposas sozinhas. Outra formas mais acentuada de afastamento consiste na morte dos pais. Assim, cria-se um terreno para o acontecimento da desgraça. A mesma situação pode surgir com o afastamento das crianças e não dos adultos.]

2 - As proibições relacionadas com o afastamento

“O pai (ou marido) que se ausenta ou que deixa o filho sair cerca de proibições tal afastamento. Obviamente elas são infringidas provocando, às vezes como a rapidez de um raio, uma horrível desgraça [...]” (p.30)

[ Em todos os casos é a desobediência que provoca a desgraça, como o dragão que rapta a princesa, a bruxa que encanta as crianças desobedientes etc.]

“Poderíamos pensar que se trata de uma preocupação normal dos pais[...] Entretanto, não é bem assim.”(p.31)

[Quando o pai recomenda para a filha “não saias de casa!”, não se trata de uma simples precaução, mas de um temor mais profundo. O medo é tão grande que, nos contos, os pais além de proibirem que os filhos saiam também chegam a trancá-los.]

3– A reclusão dos reis em Frazer

Em o ramo de ouro, Frazer mostra o complicado sistema de tabus que outrora cercava os reis, os chefes religiosos e seus filhos. Cada um de seus movimentos era regulamentado por um código de leis extremamente rígido. Uma delas consistia em nunca deixar o palácio.(p.31)

[De certa forma, ser nobre,nos contos, trazem mais prejuízos e tristezas do que alegrias.]

“Frazer assinala a seguinte proibição : o rei não deve expor o rosto ao sol e por isso vive sempre na obscuridade. Tampouco deve tocar a terra. Por isso sua morada é mais alta que o chão: vive em uma torre.” (p.31)

[Esse fenômeno remonta os primórdios da formação do Estado. É atribuído ao chefe o quão rei um poder sobrenatural, e do bem-estar dele depende o bem-estar do povo. Por esse motivo, proteger meticulosamente o rei significa estar protegendo todo o povo.]

IV – O isolamento dos filhos de reis no conto

Esse rei, que as adorava como a menina de seus olhos, mandara construir para elas quartos subterrâneos onde viviam trancadas como pássaros na gaiola, para que nem o sopro dos ventos turbulentos as tocasse, nem o raio do vermelho as queimasse” (Af.80/140).(p.33)

[Não se trata apenas de um desejo natural de se proteger, mas de um medo de natureza diferente. Nos contos georgianos e mingrelianos, a princesa é chamada de mzedunag av. Esse termo tem dois sentidos “não vista pelo sol” e “que não viu o sol”. Estreitamente ligada à proibição de ver a luz é a de ver quem quer que seja.]

“Assim, vemos que o conto conservou todas as formas de proibição que outrora pesavam sobre a família real: proibição da luz, do olhar, do alimento, do contato com a terra, da comunicação com outras pessoas.[...]”(p.35)

[ Há uma grande coincidência entre o conto e o passado histórico da família real, assim, pode-se afirmar que a coincidência é tão plena que reflete a realidade histórica. A proibição com relação a não tocar a terra não é mencionada diretamente no conto russo, mas está ligada ao aprisionamento na torre.]

5- o confinamento das jovens

“Comparando os estudos de Frazer e o conto, é possível notar que Frazer menciona reis, chefes, ao passo que o conto fala de filhos do reis.”(p.35)

[Em primeiro lugar, o próprio rei, às vezes está aprisionado com os filhos no conto.]

“O conto conservou mais um tipo de proibição [...] trata-se da proibição de cortar os cabelos.”(p.35)

[considera-se que no cabelos residia a alma ou o poder mágico. A história de sansão e de rapunzel são exemplos. Além disso, a proibição de cortar os cabelos nunca é expressa diretamente. Com isso, a proibição de cortar o cabelo é exposta no contexto de isolar as jovens menstruadas. Quase sempre, depois de seu confinamento, a jovem casa-se.

6 - A motivação do confinamento

“Na realidade histórica, a reclusão dos reis tinha como justificativa o fato de que o rei ou o sacerdote era detentor de faculdades sobrenaturais e encarnava a divindade[...]”(p.38)

[Por conta disso, considerava-se o rei como responsável pelo mau tempo, pelas más colheitas e por todas as calamidades do gênero]

“No conto, a sobrevivência do povo não depende dos reclusos.”(p.38)

[trata-se apenas da segurança pessoal do príncipe ou da princesa]

“A preocupação com a segurança do czar fundamenta-se [...] da ideia de que o ar está carregado de ameaças.”(p.38)

[Há uma ideia de que o ar está carregado de ameaças, de forças que podem surgir contra o indivíduo]

“Nilson já havia assinalado: tudo está repleto de coisas desconhecidas, que provocam temor.”(p.38)

[Brinton e nilsson erram apenas em um ponto: as forças, os espíritos que cercam o homem afiguram-se desconhecidos apenas aos etnógrafos, e não aos povos, que os conhecem bem. Assim, apesar de no conto, as vezes, o medo ser indefinido, na maioria das vezes ele é definido e possui um nome]

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