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Contos novos de mario de andrada

Por:   •  25/6/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.709 Palavras (7 Páginas)  •  396 Visualizações

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INTRODUÇÃO

O trabalho apresentado irá destacar as principais características modernistas do autor presente no seu conto “o peru de natal” do livro “contos novos”, escrito entre os anos de 1930 e 1940. “O peru de natal”, desenvolvido pelo autor de 1938 a 1942, se relaciona com outros três contos do livro: “Vestida de Preto”, “Frederico Paciência” e “Tempo da camisolinha”. As quatro histórias juntas podem formar uma só narrativa em primeira pessoa que também será explorada no desenvolvimento dos argumentos.

O escritor, Mário de Andrade, foi um dos principais autores da corrente modernista e vanguardista brasileira dos anos 1920. Começando com Pauliceia desvairada, na qual ele deixa clara sua visão de mundo e desenvolvimento, passando por Macunaíma, que mostrava a busca pela entidade nacional, e indo até Contos Novos, o autor deixa claramente concretizada a sua influência e contribuição nas vertentes artísticas, politicas e sociais na construção do nosso movimento modernista.

DESENVOLVIMENTO

O conto “o Peru de Natal” conta, em primeira pessoa, um capítulo da história de Juca, um rapaz de 19 anos que mora na São Paulo moderna. No começo da história, Juca introduz o assunto principal do conto: o primeiro Natal depois da morte de seu pai, o Natal que, para ele, reestabeleceu a felicidade na sua família. O episódio gira em torno da relação entre ele e seus os parentes e como o pai, agora motivo de luto na casa, sempre fora um “puro sangue dos desmancha-prazeres” .

Mário de Andrade apresenta, na história, o perfil da nova sociedade burguesa da época. Com isso em mente, ele descreve, não só nesse, mas em outros contos, a rotina e o modo de vida dos personagens. Como diz Ivone Daré Rabello em sua análise: “Na investigação psíquica dos indivíduos isolados (...), buscava-se apreender a situação dos sujeitos históricos, imersos na tradição familiar e na moral burguesa (...)” na qual Juca e seus familiares estavam inseridos. Isso fica bem claro no conto quando o narrador critica a “parentagem infinita” que já “preparados pela tradição, invadiam a casa por causa do peru” mostrando que o vínculo consanguíneo não garantia que houvesse amor entre eles e, no começo do conto quando ele diz “Nós sempre fôramos familiarmente felizes, nesse sentido muito abstrato da felicidade (...)” , como se viver em família e sem dificuldades econômicas não fosse suficiente ou não sobressaísse à realidade burguesa que se formava oscilando entre o progresso e os antigos costumes; como se pequenas impossibilidades humanas – tais como não comer peru sem a família inteira, ou não comprar uma geladeira nova – fossem mais evidentes e provassem que a felicidade era, no seu ambiente familiar, um tabu, sempre cercada pela moderação.

É com base nisso que, após a morte do pai, o qual se acredita ser o centro da família, aquele que a mantém segundo esses padrões, Juca tem a ideia de quebrar a tradição e ver a tia, a irmã, o irmão e, principalmente, a mãe, mais felizes. Isso fica evidente quando Juca narra, quase falando com o leitor, numa linguagem rápida e coloquial, como se o que interessasse viesse mesmo depois do fato e depois do pai: “Morreu meu pai, sentimos muito, etc.” . E o que segue também é rápido, não muito detalhado, com discurso indireto livre, tudo levando o leitor aonde o Juca queria chegar: quando ele se aproveita da sua fama na família e faz uma de suas “loucuras”.

No texto, para justificar essa fama de louco entre a família, Juca cita o episódio descrito em “Vestida de Preto” no qual a Tia Velha – personagem do conto – pega ele beijando a prima em flagrante. Segundo o narrador, esse cunho de louco da família lhe deu uma liberdade da qual não poderia se queixar, o que é interessante, uma vez que, mesmo com essa liberdade que ele afirmava ter, ele continuava se sentindo pressionado por costumes da família e da sociedade burguesa.

Mais tarde na narrativa, aparece outra personagem também do “Vestida de Preto” e que também é citada em “Frederico Paciência” , a Rose. Ela, que em “Vestida de Preto” foi só uma caso amoroso perdido de Juca que não podia ter Maria e, em “Frederico Paciência” uma personagem que estava lá quando Juca descobria sua sexualidade, aqui, em “O Peru de Natal”, faz papel importante como aquela que desvia Juca das tradições, que ajuda na quebra dos costumes e da vida burguesa rotineira. É dela que Juca tira a receita do recheio do peru e é pra ela que ele se volta também no final do conto.

Nesse ponto da história, porém, fica clara a principal temática de Mário de Andrade para o livro: o fingimento, a máscara. Para Anatol Rosenfeld o tema do livro gira em torno do “homem disfarçado” que é “desdobrado” em “o ser” e “a aparência”. Juca diz que “Está claro que omiti onde aprendera a receita, mas todos desconfiaram” e aqui fica claro o encobrimento que ele faz da sua “companheira”.

A principal análise a ser feita aqui é a de que Mário de Andrade procurava superar o conflito que havia entre o ser e a essência, como se esse homem que anda disfarçado, a família e a sociedade burguesa conseguissem superar esse contraste. O autor registrava os opostos combinando o atraso e o progresso, a vida pública com a vida familiar, a ausência de direitos e a imposição de regras e costumes ainda presentes. E com base nisso também é que se pode fazer a relação entre os quatro contos: “Vestida de Preto”, “O Peru de Natal”, “Frederico Paciência” e “Tempo da camisolinha”. Os três primeiros contos apresentam algumas personagens em comum, além do próprio narrador Juca, que deixam evidente a relação entre eles. Porém o que realmente os interliga é a ideia do sujeito em primeira pessoa que se apresenta refletido na sociedade burguesa: as quatro histórias tratam da vida doméstica, de episódios da vida de um garoto e como sua vida e seus modos dentro da família são moldados pelos ideais de

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