Inclusão Da Criança Com síndrome De Down: Desafio E Possibilidade
Artigos Científicos: Inclusão Da Criança Com síndrome De Down: Desafio E Possibilidade. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: susani • 4/11/2014 • 3.424 Palavras (14 Páginas) • 845 Visualizações
RESUMO
O estudo teve como objetivo buscar evidências na literatura acerca da inclusão de crianças com Síndrome de Down na rede regular de ensino. Os dados desta revisão, em sua maioria provenientes de relatos de experiências, indicaram que os fatores que colaboraram ou dificultaram o processo de inclusão da criança com síndrome de Down na rede regular de ensino relacionaram-se à escola, aos pais e ao professor. Os resultados deste estudo oferecem possibilidades para melhorar o processo de inclusão, apresentam os desafios e ainda apontam a necessidade do desenvolvimento de novas pesquisas, cujos resultados possam ser aplicados na prática.
Palavras chave: Síndrome de Down. Inclusão educacional. Família. Educação Especial.
INTRODUÇÃO
O acesso à escola contribui consideravelmente para o processo de desenvolvimento humano, visto que é por meio dela que o aluno Down é integrado socialmente a partir da apreensão das normas e regras que são definidas pelo grupo sociocultural. Assim, a proposta colocada através da Declaração de Salamanca de 1994, garante a inclusão na escola regular ao portador de necessidades especiais – Síndrome de Down, de modo que esse indivíduo, apesar das diferenças manifestadas, terá seu direito garantido.
É importante estudar o contexto de inserção do aluno portador de Síndrome de Down na escola regular, pois ele traz marcado no seu corpo o resultado de fatores biológicos que certamente é alvo de olhares diferenciados na sala de aula, e no momento de luta em relação a inclusão como medida favorável ao exercício da tolerância em relação a estas pessoas diferentes, o tema em questão passa a ser objeto de amplas repercussões no âmbito educacional.
Deve-se compreender que a temática proposta para o estudo oferece amplas oportunidades de desenvolver reflexões no sentido de entender o quadro diferenciado que os portadores da Síndrome de Down enfrentam na escola regular, onde obstáculos estão presentes desde os olhares discriminatórios de alunos, pais e demais atores que circundam no ambiente da escola, até a qualificação do professor que certamente influencia no processo de aquisição do saber dos sujeitos portadores de Síndrome de Down.
Quando é analisado o quadro social revelado pela sociedade capitalista, pensa-se que as diversas maneiras favoráveis a exclusão estão presentes nas relações que se processam entre os seres, de modo que a escola idealizada no mundo capitalista almeja formar a mão-de-obra para o processo produtivo e consequentemente reproduzir as relações de dominação e submissão, não foi idealizada para atender a todos, muito menos estes marcados pelas suas diferenças e especificidades. As relações de exclusão se fazem presente no momento em que a sociedade assume e legitima o preconceito, a discriminação e a violência simbólica nos diversos indivíduos que buscam através da escola sua inserção nas oportunidades aos bens culturais.
Pensar nas diversas maneiras de exclusão, especialmente quando se revela através das deficiências que os sujeitos apresentam, levou a investigar o processo de acesso à escola ao portador de necessidades especiais - Síndrome de Down, visto que alguns fatores de ordem estrutural devem impedir um atendimento de qualidade oferecido através da escola, tais como: a ausência de profissionais qualificados para atendê-los, o preconceito, a discriminação, o desconhecimento de pais e professores das anomalias apresentadas por esses indivíduos, revelando em grande parte as barreiras que se sucedem na construção de uma sociedade inclusiva, apesar de constar na Lei constitucional, garantida, o acesso à escola aos portadores de necessidades especiais. Contudo, o usufruto desses direitos ainda é marcado pela resistência que se instalou na escola e a ausência de recursos que favoreçam a obtenção, de fato, de um ensino de qualidade. Assim, a proposta inclusiva demarca a possibilidade de elaboração dos direitos ao portador de necessidades especiais de exercer plenamente sua cidadania.
Assim, a pesquisa realizada objetiva obter o reconhecimento e a valorização da diversidade como fator de enriquecimento do processo educacional, provocando mudanças na escola e na formação docente, propondo uma reestruturação da educação que beneficie todos os alunos. A organização de uma escola para todos e o acesso à escolarização e ao atendimento às necessidades especiais.
A partir dos objetivos propostos busca-se conhecer como a direção da escola, os professores e pais podem desempenhar um importante papel no sentido de combater as barreiras que o preconceito e a discriminação trazem em relação a presença do Portador de Síndrome de Down na escola regular.
1 A INCLUSÃO DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN NA REDE REGULAR DE ENSINO
A síndrome de Down (SD) é uma condição crônica que impõe múltiplos desafios não só à criança acometida, mas também a toda sua família. Trata-se de uma desordem cromossômica, a trissomia do cromossomo 21, cuja frequência é de 1:750 nascidos vivos, tendo como fator de risco preponderante a idade materna avançada (³35 anos) (CAPONE, 2004; PUESCHEL, 1999).
Entretanto, nem todos os portadores desta síndrome apresentam os mesmos fenótipos, a deficiência mental é a única característica presente em todos os casos. A identificação dos sujeitos afetados, já ao nascimento, possibilita a intervenção precoce, estendida a todos os familiares envolvidos.
Além das manifestações referidas, o indivíduo com síndrome de Down manifesta comprometimento no desenvolvimento da linguagem, que mostra-se mais lenta; é neste domínio que a criança acometida apresenta os maiores atrasos (Schwartzman, 1999), havendo, assim, necessidade de um trabalho de estimulação precoce. Tomando-se como pressuposto que a linguagem se constrói por meio do processo de interação, numa relação dialógica na qual adulto e criança têm papel fundamental (Lemos, 1989), para a criança com SD é essencial estabelecer essa interação, que tem como maior aliada sua inclusão na rede regular de ensino.
No Brasil, a educação inclusiva que visa inserir as crianças com necessidades educacionais especiais no ensino regular, fundamenta-se na Constituição Federal de 1988, a qual garante a todos o direito à igualdade (art. 5º). No seu artigo 205, trata do direito de todos à educação, visando ao "pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para
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