Inclusão de Crianças Autistas nas Aulas de Língua Inglesa
Por: Jéssica Fávero • 9/1/2020 • Projeto de pesquisa • 4.553 Palavras (19 Páginas) • 172 Visualizações
CENTRO UNIVERSITÁRIO ASSIS GURGACZ – FAG
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
PRÁTICAS APLICADAS EM ESPECIALIZAÇÃO EM LÍNGUA INGLESA: ESTUDOS LINGUÍSTICOS, LITERÁRIOS E CULTURAIS
RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO
INCLUSÃO DE CRIANÇAS AUTISTAS NAS AULAS DE LÍNGUA INGLESA EM UM CENTRO DE ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
JÉSSICA FÁVERO ROQUE
DEZEMBRO DE 2019
CASCAVEL - PARANÁ
- INTRODUÇÃO
O ensino do aluno portador do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é abaixo da média do que se espera em relação à lei que defende o direito à educação inclusiva. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948) considera a educação como um direito social fundamental, e a Constituição Federal do Brasil (BRASIL, 1998), através da Lei no. 13.146, de 6 de julho de 2015, garante o acesso a esse direito a todos os cidadãos.
Teodoro, Godinho e Hachimine (2016) presumem que em 2016 existiam cerca de 2 milhões de crianças autistas no Brasil e, embora haja legislação que garanta a inclusão, há escolas que só as inserem nas salas de aula sem se preocupar com o desenvolvimento e a aprendizagem efetiva, que acontecem de forma mais tranquila e potencializada quando ocorrem as devidas adaptações. Como o autismo ocorre em um espectro, nenhuma pessoa autista é igual à outra, o que implica em diferentes adaptações e abordagens de acordo com cada caso.
Crianças diagnosticadas com TEA e que também são aprendizes da Língua Inglesa, ou que desejam aprender o idioma, enfrentam obstáculos a mais no processo de aprendizagem, visto que a maioria das escolas, tanto de ensino regular quanto centro de idiomas, não fornecem treinamentos, técnicas e ferramentas adequadas para facilitar e possibilitar o processo de aprendizagem de uma língua estrangeira.
Nesse contexto, este trabalho, ao considerar os estudos sobre autismo e inclusão, buscou, como objetivo maior, adaptar as aulas em um centro de Língua Inglesa, principalmente quanto aos materiais e procedimentos didático-metodológicos, com o intuito de incluir crianças autistas nas aulas de Língua Inglesa de modo que estas apresentem desenvolvimento satisfatório e interação com todo o grupo.
A Fisk – Centro de Ensino, fundada em 1992, tem como missão "produzir programas educacionais a fim de promover o ensino com total qualidade e responsabilidade social, contribuindo para o desenvolvimento intelectual e cultural dos alunos, professores e colaboradores" (FISK, 1992, s/p). Como está descrito, a excelência no ensino é prioridade, assim como a busca constante por aperfeiçoamento no conhecimento e na evolução de suas dinâmicas. Para tanto, faz-se necessária a constante atualização dos métodos e abordagens de ensino.
- DESENVOLVIMENTO
Autismo origina-se da palavra grega "autos" que significa "sozinho" e o termo foi oficialmente introduzida pelo cientista Kanner em 1943 (KIRST, 2015). Segundo a American Psychiatric Association - APA (2014, p. 75-76) o Transtorno do Espectro Autista (TEA)
[...] caracteriza-se por déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, incluindo déficits na reciprocidade social, em comportamentos não verbais de comunicação usados para interação social e em habilidades para desenvolver, manter e compreender relacionamentos (APA, 2014, p. 75-76).
A grande variabilidade de sintomas dificulta a identificação da etiologia, sendo ilimitados os aspectos biológicos, ambientais ou de interação entre ambos, que contribua para a manifestação do TEA (COUTINHO; BOSSO, 2015).
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-V (APA, 2014), a idade em que o prejuízo funcional fica evidente irá variar de acordo com as características do indivíduo e seu ambiente. É importante ressaltar que nem todas as pessoas diagnosticadas com o TEA possuem todas as características descritas, sendo que algumas podem apresentar um número limitado delas, assim como a intensidade também pode variar entre uma e outra.
Segundo Brunoni (2011, p.56), "a investigação genética de um paciente com diagnóstico suspeito ou estabelecido de TEA é eminentemente clínico. Não há, a priori, um exame ou uma sequência de exames a ser solicitados".
O reconhecimento dos sintomas manifestados pelo autista é fundamental para a obtenção de um diagnóstico precoce. Normalmente, as manifestações são percebidas por pais, familiares, cuidadores ou pessoas próximas à criança que notam comportamentos atípicos. Em alguns casos, essas pessoas já têm conhecimento das características do transtorno (PINTO et al., 2016), porém a maioria interpreta os sintomas como uma "fase do período de desenvolvimento". Diante disso, é primordial que a criança seja submetida a profissionais especialistas e com experiência no assunto.
Segundo Silva, Gaiato e Reveles (2012, p.137):
Para as crianças com autismo, o diagnóstico precoce é de fundamental importância. Por isso, os pediatras precisam observá-las com muito critério desde o nascimento e, a qualquer alteração notada, devem encaminhá-las a um especialista mesmo que não tenham certeza do diagnóstico [...] (SILVA; GAIATO e REVELES, 2012, p. 137).
Zanon, Backes e Bosa (2014) destacam que para diagnosticar o autismo existem dois manuais internacionais, o Código Internacional de Doenças (CID-10), de 1993, formulado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), da Associação Americana de Psiquiatria.
O CID-10 define o autismo como um Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (TID), que se caracteriza pelo desenvolvimento anormal e/ou comprometimento nas três áreas da psicopatologia: interação social, comunicação e comportamento estereotipado e repetitivo, que se manifesta antes dos três anos de idade. Além dessas características, são comuns também os distúrbios de sono e alimentação, fobias, crises de birra e (auto) agressividade. Já o DSM-V define o Transtorno do Espectro Autista como uma condição geral para um grupo de desordens complexas do desenvolvimento do cérebro, antes, durante, ou após o nascimento (SCHWARTZMAN, 2014).
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