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Ler e Escrever: Estratégias de Produção Textual

Por:   •  9/7/2024  •  Resenha  •  2.039 Palavras (9 Páginas)  •  99 Visualizações

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RESENHA DESCRITIVA

Jacilda de Siqueira Pinho1

KOCK, Ingedore Villaça & ELIAS, Vanda Maria. Ler e Escrever: estratégias de produção textual. 2. ed. 2ª reimpressão - São Paulo: Contexto, 2014.

Ingedore Villaça Koch, licenciada em Letras e bacharel em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), mestre e doutora em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e livre-docente em Análise do Discurso pela Universidade de Campinas (Unicamp). Foi professora titular do Departamento de Linguística do IEL-Unicamp, onde implantou a área de Linguística Textual. Dentre suas obras, podemos elencar: A coesão textual (1990); A inter-ação pela linguagem (1997); O texto e a construção dos sentidos (2007) e outros em parceria.

Vanda Maria Elias, licenciada em Letras pela Universidade de Pernambuco (UPE), é mestre e doutora em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Seus estudos de pós-doutorado foram realizados no Instituto de Estudos da Linguagem na Universidade de Campinas (IEL-Unicamp), é coautora de ler e compreender os sentidos do texto; Ler e escrever: estratégias de produção textual; Pequena gramática do português brasileiro e coordenadora da coleção Linguagem & Ensino, além de outras produções.

Na obra, Ler e Escrever: Estratégias de Produção Textual, as autoras registram que o objetivo do livro é apontar, de forma simples e didática, algumas estratégias importantes para produtores de textos, no momento da escrita. Como elas escrevem:

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1 Professora na Escola Estadual “Irmã Lucinda Facchini”, município de Diamantino-MT. Mestre em Letras pela Universidade Estadula de Mato Grosso/Unemat.

buscou-se “estabelecer uma ponte entre teorias sobre texto e escrita e práticas de ensino”.

O livro é estruturado em oito (8) capítulos, nos quais as professoras disponibilizam um conjunto de exemplos comentados, mobilizando aspectos da teoria, de modo a proporcionar a compreensão por parte do leitor. Elas utilizam textos de alunos de diversas séries, oferendo um panorama de produções reais, fato que provoca a análise da relação com situações vividas, principalmente, por professores.

As autoras afirmam que a atividade de escrita é regida pelo princípio da interação e esse fato requer a mobilização de conhecimentos sobre a língua em situações interativas. A concepção de texto adotada é a sociocognitiva e interacional de linguagem em que o texto é concebido como o próprio lugar de interação verbal e seus interlocutores empenhados, dialogicamente, na produção de sentido.

Acrescentam que a produção de linguagem é uma atividade interativa altamente complexa, em que a construção de sentido realiza-se com base nos elementos linguísticos selecionados pelos enunciadores, não apenas para a mobilização de um vasto conjunto de saberes de ordem sociocognitiva cultural, histórica de todo o contexto, mas, sobretudo no processo de reconstrução no momento da interação.

As autoras estabelecem a diferença entre o texto escrito e o texto falado sublinhando que “a distinção está em como a produção se realiza” (p. 13). No texto escrito, não há coprodução, o escritor dialoga numa relação ideal com o possível leitor, ele planeja, elabora. Neste caso, a escrita assume um caráter de afastamento, “mas não deixa de ser contextualizada”. Já no texto falado, a produção nasce no próprio momento da interação.

Citando Marcuschi (1995), elas reafirmam que “as diferenças entre fala e escrita se dão dentro do continum tipológico das práticas sociais e não na relação dicotômica de dois polos opostos. ” Koch e Elias defendem que tanto a oralidade quanto a escrita

possuem características que não são exclusivas só das duas modalidades. Algumas características foram estabelecidas tendo como parâmetro o ideal da escrita.

Didaticamente, elas enumeram as seguintes características da fala: a) é relativamente não planejada; b) se constrói em sua própria gênese, tendendo, pois, a se desnudar no processo da sua construção; c) apresenta descontinuidades frequentes no fluxo discursivo; d) a sintaxe é característica. É processo, portanto, dinâmica.

Em contraposição, a escrita é o resultado de um planejamento centrado. A obra apresenta o percurso de como a escrita foi e vem se constituindo, ao longo do tempo, considerando-a como um produto sócio-histórico-cultural, que demanda diferentes modos de leitura, em diversos suportes.

Buscam respaldo em autores como Eisenstein (1998); Ferreiro e Teberosky (1999); Torrance e Galbrait (1999); Chartier (2003, 2002, 2001, 1998) Landsmann (2006), tanto para tratar do processo de aquisição da escrita quanto para fazer compreender o modo pelo qual a escrita é concebida como uma atividade cuja realização demanda a ativação de conhecimentos e o uso de várias estratégias no curso da produção do texto.

E, assim, definem os três focos da escrita: 1- Foco na língua: nesta concepção de texto, o que está escrito é o que deve ser entendido em uma visão situada, não além, nem aquém da linearidade, mas entrada na linearidade. 2- Foco no escritor: nesta concepção, o texto é visto como um produto lógico do pensamento do escritor, sem levar em conta as experiências e os conhecimentos do leitor. 3- Foco na interação: este foco ganha especial atenção, a escrita é vista como produção textual. A diferença reside no fato de que a escrita, neste foco, é compreendida na relação escrito-leitor, não ignora o fato de que o leitor com seus conhecimentos é parte constitutiva deste processo.

Além da discussão produtiva sobre a distinção entre fala e escrita, as autoras refletem sobre a escrita e as práticas comunicativas sob a perspectiva de gêneros textuais, proposta por Bakhtin (1992,) em sua composição, conteúdo e estilo, na qual o

autor afirma que em todas as esferas da atividade humana, por mais variadas que sejam, estão sempre relacionadas com a utilização da língua e que o enunciado reflete as condições específicas e as finalidades de cada uma dessas esferas [...]. Cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que denominamos gêneros do discurso.

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