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Na Cadeia

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Por:   •  13/3/2014  •  2.444 Palavras (10 Páginas)  •  1.267 Visualizações

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MINISTERIO DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLANDIA

INSTITUTO DE LETRAS E LINGUISTICA ILEEL – Curso de Letras

MATERIA: Teoria da Poesia

PROFESSORA: Elzimar Fernanda

ALUNA: Marta Gomes

ATIVIDADE AVALIATIVA – POÉTICA ROMÂNTICA E SIMBOLISTA

NA CADEIA

Camilo Pessanha

Na cadeia os bandidos presos!

O seu ar de contemplativos!

Que é das flores de olhos acesos?!

Pobres dos seus olhos cativos.

Passeiam mudos entre as grades,

Parecem peixes num aquário.

_ Campo florido das Saudades,

Porque rebentas tumultuário?

Serenos... Serenos... Serenos...

Trouxe-os algemados a escolta.

_ Estranha taça de venenos

Meu coração sempre em escolta.

Coração, quietinho... quietinho...

Porque te insurges e blasfemas?

Pschiu... Não batas... Devagarinho...

Olha os soldados, as algemas!

Sobre o autor e sua literatura:

Camilo de Almeida Pessanha nasceu em 7 de setembro de 1867 na cidade de Coimbra em Portugal e veio a falecer na China em 1 de março de 1926. Camilo foi um poeta português, que além de poeta também estudou direito na Universidade de Coimbra. Considerado o expoente máximo do Simbolismo em língua portuguesa, além de antecipador do princípio modernista da fragmentação. No que se refere a suas publicações, o mesmo o fez em várias revistas e jornais, mas produziu um único livro Clepsidra (1920), e uma curiosidade é que a publicação do seu livro ocorreu sem sua participação (pois se encontrava em Macau) por Ana de Castro Osório, a partir de autógrafos e recortes de jornais. Assim graças a João de Castro Osório a quem ditara as suas produções, foi impresso o livro já mencionado acima Clepsidra. Sua literatura sofre uma grande influencia a principio por Cesário Verde e Pierre Balayet, tornando-se o mais puro dos simbolistas portugueses. Seu contato com a cultura chinesa levou-o a escrever vários estudos e a fazer traduções de vários poetas chineses, sendo que, todavia foram seus poemas simbolistas que largamente influenciaram a geração de Orpheu, desde Mário de Sá-Carneiro.

1. Análise fônica, Análise Lexical, Análise Sintática e Análise Semântica no soneto “Na cadeia” de Camilo Pessanha

Na/ ca/dei/a os/ ban/di/dos/ pre/-sos!

O/ seu /ar/ de /con/tem/pla/ti/-vos!

Que é /das/ flo/res /de o/lhos/ a/ce/-sos?!

Po/bres /dos/ seus/ o/lhos/ ca/ti/-vos.

O poema Na cadeia de Camilo Pessanha é composto de 4 estrofes, cada estrofe com quatro versos. Estes versos, são constituídos pelo que chamamos de sílabas poéticas, no qual ao contarmos verificamos que o poema de 16 versos possui em cada verso 8 sílabas poéticas, sendo que as rimas se dão pela forma ABAB e como considera as normas de Goldstein é um verso “octossílabo”. Essa regularidade de sílabas poéticas pode ter a ver com a regularidade da vida das pessoas da época, se formos considerar a época de escrita. De acordo com a obra VERSOS SONS E RITMOS de Goldstein, tem haver com a época em que o soneto foi escrito, no qual, considerando o século passado e os anteriores, o modo de vida das pessoas eram padronizadas. “Neste período, o rítmo era simétrico e regular. Ele correspondia a vida que as pessoas levavam. A regularidade – de vida e de ritmo poético”[..](Goldstein, p.13).

Análise poética em Nível Fônico. (Rítmo, sonoridade, rima, aliteração, e assonância)

De acordo com Goldstein o ritmo tem a haver diretamente com o poeta. De acordo com suas normas “o ritmo ´formado pela sucessão, no verso, de unidades rítmicas resultantes da alternância de sílabas acentuadas (fracas); ou entre sílabas constituídas por vogais longas e breves. Além do ritmo temos as rimas, que seguindo os critérios de Goldstein “rima” é o nome que se dá à repetição de sons semelhantes, ora no final de versos diferentes, ora no interior do mesmo verso, ora em posições variadas, criando um parentesco fônico entre palavras presentes em dois ou mais versos.

No soneto em que tratamos aqui, percebemos que se trata do que chamamos de rimas externas, que ocorrem quando se repetem sons semelhantes no final de diferentes versos. Considerando o esquema ABAB temos as rimas Presos/ acesos ; contemplativos/ cativos ; grades/ Saudades ; aquário/ tumultuário ; Serenos/ venenos ; escolta/ escolta ; quietinho/ Devagarinho ; blasfemas/ algemas.

Por assim dizer, também mediante as considerações de Goldstein temos que tais rimas são rimas consoantes, apresentando semelhança de consoantes e vogais, como visto nas rimas citadas acima. As rimas deste soneto, de acordo com Goldstein segue o esquema ABAB CDCD caracterizando-se assim como rimas cruzadas ou alternadas..

Mais um fator a ser abordado a respeito das rimas é o fato de existirem rimas pobres e rimas ricas, sendo que as rimas ricas ocorrem quando há a utilização de palavras de classe gramatical diferente, como substantivo e adjetivo, adverbio e adjetivo e etc... No soneto Na cadeia percebemos que as rimas de “A” são consideradas rimas pobres, pois pertencem a mesma classe gramatical (preso/acesos), advérbio de modo. E nas rimas de “B” temos que também são pobres pois pertencem a mesma classe gramaticais (contemplativos/cativos) estas palavras indicam também uma condição, ou seja, também temos aqui um advérbio de modo.

Ao observamos a ultima estrofe do poema, encontraremos uma figura de linguagem denominada onomatopeia.

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