O Ensino de Língua Portuguesa e suas Literaturas
Por: Marlene Pereira • 12/8/2022 • Resenha • 536 Palavras (3 Páginas) • 123 Visualizações
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO SUDESTE DE MINAS GERAIS - CAMPUS MURIAÉ
Curso: Ensino de Língua Portuguesa e suas Literaturas
Disciplina: Análise do Discurso aplicada ao ensino de Língua Portuguesa
Professora: Elayne Silva de Souza
Aluna: Marlene Neiri Pereira
Resenha
O artigo “Focault e a análise do discurso em educação”, de Rosa Maria Bueno Fischer, apresenta os principais conceitos relacionados à teoria foucaltiana do discurso: enunciado, prática discursiva, sujeito do discurso, heterogeneidade discursiva.
Inicialmente a autora aborda a necessidade de analisar os discursos de forma intensa, explorando suas complexidades, levando em conta sua forma de produção, que é proveniente das relações sociais, de poder e de saber.
O enunciado é conceituado como uma “função” que atravessa estruturas e unidades possíveis, criando conteúdos concretos no tempo e no espaço. Tal função é caracterizada por quatro elementos básicos: um referente (um princípio de diferenciação), um sujeito (no sentido de “posição a ser ocupada”), um campo associado (coexistir com outros enunciados), e uma materialidade específica (a reprodução do que foi dito seja por vídeo, escrita, etc.). Compreender as especificidades dos enunciados permitirá situá-los em uma determinada formação discursiva.
Sendo assim, a análise do enunciado e sua formação discursiva estão relacionadas, e buscam atingir à prática discursiva, direcionando a formação do discurso ao campo do saber que lhe é conveniente, isso define o que pode e deve ser dito dentro de determinado campo e de acordo com a posição que se ocupa nesse campo.
A dispersão dos enunciados diz respeito à heterogeneidade discursiva, na qual temos a ideia de que os discursos são acontecimentos, repletos de singularidades que serão multiplicadas dentro da realidade do que é dito em cada situação ou tempo. Assim, cada discurso se torna o lugar para a pluridiscursividade, bem como para a multiplicação dos sujeitos.
Os sujeitos envolvidos no processo de significação dos discursos surgem à medida em que há a dispersão, assim, o indivíduo é ao mesmo tempo falante e falado, porque através dele outros ditos se dizem, adequando sua fala a lugares e tempos distintos.
A formação discursiva é viva, faz-se através do interdiscurso, no qual tantos outros enunciados complementam-se, podendo trazer mudanças ou acrescentar algo novo, por isso, não há em que se falar em enunciado livre, pois todo enunciado faz parte de um conjunto em que um se apoia e se distingue, produzindo seu próprio discurso.
O discurso não tem apenas uma realidade ou história, a temporalidade dos enunciados mostram que as coisas ditas têm uma existência rápida, dispersam-se e as técnicas, práticas e as relações sociais em que estão inseridos os enunciados em determinado tempo histórico, abrem-se às novas possibilidades de formações discursivas.
O artigo de Fischer apresentou importantes conceitos da teoria de Focault sobre o discurso. É possível compreender o quanto a análise discursiva é resultado da contribuição dos sujeitos e sua heterogeneidade nos discursos, permeados pelo tempo histórico e social, envolvendo relações de poder e saber. A leitura do texto proporcionou uma reflexão acerca das mudanças e transformações que ultrapassam nosso cotidiano, pois tudo que é dito poderá ser reproduzido levando em conta outras relações, outro momento histórico e outros sujeitos sociais.
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