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O Mercador De Veneza

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Por:   •  5/5/2014  •  2.078 Palavras (9 Páginas)  •  514 Visualizações

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Uma cidade é construída por diferentes tipos de homens;

pessoas iguais não podem fazê-la existir.

ARISTÓTELES, Política

O texto em questão, O Medo do Contado, a ser análisado esta enserido no trabalho de Richard Sennett, O Corpo e a Cidade na Civilização Ocidental, segundo o autor o intuito de seu rabalho é retratar:

“uma história da cidade contada através da experiência corporal do povo: como mulheres e homens se moviam, o que viam e ouviam, os odores que atingiam suas narinas, onde comiam, seus hábitos de vestir, de banhar-se e de que forma faziam amor.” (pg.15)

O Capítulo em questão ( VII) terá como objetivo estudar esta cultura corporal na renascensa e mostrar como isso interfirio no fenomeno social e nas transformações da cidade de Veneza, segundo o autor:

“Na Renascença, os cristãos sentiram seus ideais de comunidade ameaçados à medida que povos não-europeus de outras crenças eram atraídos para a órbita da economia urbana do continente. Nesse ponto, procurei averiguar como essas diferenças ameaçadorasse articularam na criação do Gueto de Veneza, em 1516.” (pg.21)

Como fonte de pesquisa para alcançar seus resultados Richard Sennatt utilizou a obra de Shakespeare, O Mercador de Veneza, que é um classico do teatro shakesperiano, esta obra mostra como se dava a relação entre judeus e cristãos durante a Renascensa em Veneza.

“No enredo de o mercador de Veneza (1596 – 1597), de Shaskepeare, Shylock, o rico banqueiro judeu, empresta a Bassanio 3.000 ducatos, aceitando p aval de Antônio, um aristocrata cristão.Se o débito não fosse quitado em três meses, Shylock puniria Antonio, exigindo cerca de 400 gramas de sua própria carne. Como no teatro tudo é possivél, a sorte está contra. Antonio e os navios que transportam a riqueza de Bassanio vão a pique. A situação inusitada é que Antonio e as autoridades cristãs que participam da história se vêem na brigação de manter a palavra empenhada.” (pg. 180)

Em relação a citação acima, e a seguinte, fica claro o objetivo da peça de Shakesperare de mostrar não só a relação dos judeos e cristões mas também de enfatizar a instituição católica que na epoca regia a sociedade conforme os dogmas da Idade Média e também de resaltar a relevancia do contrato firmado.

“Aparentemente, a peça diz respeito à força cada vez maior das universidades medievais e de outras corporações. Faz alusão, ainda, ao contrato imutável, segundo o acerto entre as partes. Shylock detém um crédito, e o Estado não pode negar isso.” (181)

Através da obra de Shakespeare, Sennett vai mostrar que além do medo do contato, os judeus também eram uma ameaça às instituições católicas pelo poder econômico, e a reação a esse poder foi justamente afasta-los, os encurralando nos guetos a fim de diminuir seu poder econômico. Outra medida tomada pelas instituições cristãs visíveis em outras obras de Shakespeare foi a de trazer um caráter de compaixão aos cristões que não cabe aos judeus.

“O poder econômico dos judeus afronta a comunidade cristã, representada pelos venezianos encurralados. Generosamente, Antônio concordara em ajudar seu amigo Bassanio. Diferentemente de Shylock, ele não pede nada em troca; a situação difícil do amigo enche-o de piedade. Comporta-se, nos negócios, como um cavalheiro inglês, ele e seus conterrâneos. Sob outras roupagens, o mesmo tipo reaparecerá em Sonho de uma noite de verão, onde a compaixão cristã acaba por recolocar tudo nos devidos trilhos.”(pg. 181)

A obra de Shakespeare retratou uma realidade, embora seja no ponto de vista do dele, pode se ter uma ideia de como era aquela sociedade, seus medos, anseios e desejos, tanto dos judeus e cristões, como a população em geral.

“No retorno, elas se constituíam em excelentes alvos, cobiçados pelos piratas e pelos turcos, cujo poderio cresceu no século XIV; compelidas por ataques severos, defendiam-se da melhor maneira possível. O drama de Shakespeare, portanto, baseava-se numa ameaça real.” ( pg.186)

“Nos sete anos seguintes ao desastre de Agnadello, até o surgimento do primeiro gueto judeu em Veneza, o ódio contra a sua crescente presença combinava-se à campanha pela reforma moral da cidade, como se a decadência espiritual tivesse ocasionado a perda material.” (pg. 188)

“Foi o que aconteceu em Veneza, depois de Agnadello. Os habitantes da cidade sentiram-se ameaçados pela decadência sensual, transferindo essa auto depreciação aos judeus.” (pg.192)

Com tudo a obra de Shakespeare em seu carácter lúdico e como peça mão pode ser tida com uma reprodução fiel da verdadeira Veneza, assim como nenhuma obra literária, pois estas estão sempre sujeitas a enfatizar o ponto de vista do autor sobre sua época e nunca uma visão neutra, imparcial e panorâmica.

“Na verdadeira Veneza, grande parte do que resultou da inspiração de Shakespeare teria sido impossível. Em determinado momento, por exemplo, Antônio convida Shylock para jantar e o judeu recusa; um fato assim não aconteceria jamais.” (pg. 182)

Se pensarmos em toda a repulsa que os cristões nutriam pelos judeus, poderíamos nos perguntar, por que então eles não os expulsaram de Veneza? Por que simplesmente os judeus e os estrangeiros eram o que mantinha o comércio da cidade principalmente após o desastre de Agnadello, a economia Veneziana entra em declínio, nesse momento o que lhes assegura uma possível retomada de sua economia são as relações comercias ocorridas entre cristões e estrangeiros, e o que vai viabilizar esse tipo de comércio entre eles é o contrato.

“Residentes na cidade — alemães, gregos, turcos, dálmatas e judeus — não tinham cidadania oficial, vivendo permanentemente como imigrantes. Para abrir as portas das suas riquezas só havia uma chave: o contrato. Como declarou Antônio,” (pg. 182)

“Se o comércio que os estrangeiros têm

Conosco, em Veneza, for negado,

Muito irá questionar a justiça do Estado,

Pois a riqueza e o lucro da cidade

Pertencem a todas as nações.” (pg. 182)

“No entanto, outros itens foram aceitos, o que fez de Shylock um personagem parcialmente real. A carta reconheceu que o direito de livre negócio valia para todos os venezianos não-turcos, assegurando a santidade do contrato quase universalmente.”( pg. 206)

Sendo

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