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O Preconceito Linguistico

Por:   •  1/5/2015  •  Seminário  •  3.344 Palavras (14 Páginas)  •  295 Visualizações

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PRECONCEITO LINGUÍSTICO EM SALA DE AULA –

atitudes linguísticas constrangedoras[1]

Elionai Aguiar – UVA

1 INTRODUÇÃO

        Entende-se que a língua é um fenômeno social, pois funciona para a interação entre as pessoas e que ela deve se adequar ao contexto situacional. Como a língua  representa a manifestação da vida em sociedade, não se pode conceber o seu estudo isolado da fala, como postulou Saussure (1916) em sua dicotomia langue/parole (língua/fala). No entendimento de que a língua pode ser compreendida em seus dois aspectos: a modalidade oral e a modalidade escrita, construímos um projeto que leve em consideração a heterogeneidade da língua, ou seja, que busque apresentar a compreensão dessa língua a partir da sua modalidade oral, pois se a língua se manifesta no social, estamos diante da fala.

        A pesquisa que pretendemos realizar trata das atitudes linguística do professor em relação à variante do aluno. O propósito é realizar uma pesquisa que mostre que as atitudes linguísticas do professor podem levar ao constrangimento do aluno e impedir o desenvolvimento de sua competência.

Ao observarmos os casos de constrangimento de alunos vindos de estratos sociais de menor prestígio ou mesmo da zona rural, perguntamos: qual o papel do professor diante da diversidade linguística do aluno? Sua atitude é de respeito ou de preconceito? Quais seriam estratégias metodológicas adequadas para que o professor trabalhe a redução do preconceito? São questões como essas que nos levam a uma outra que representa o problema a ser solucionado por nossas pesquisas: Quais são as implicações pedagógicas geradas pelas atitudes linguísticas do professor para a redução do preconceito linguístico, contamos com os pressupostos teórico-metodológico de Marcos Bagno (1991, 2002), autor de Preconceito Linguístico e as considerações da Professora Solange Carvalho (2007, 2010, 2011) no que diz respeito as atitudes linguísticas, além das considerações de outros autores sobre o “bom” uso da língua.

        As atitudes linguísticas do professor carregadas de preconceito constrangem o aluno e o impedem de desenvolver novas competências em sala de aula. A partir dessa hipótese construímos os nossos objetivos.

Primeiramente, investigar as atitudes linguísticas do professor em relação ao aluno que levam ao constrangimento e o impede de desenvolver competências. Para atender o objetivo geral temos os seguintes objetivos específicos: 1. Identificar palavras e expressões do professor motivadoras de aprendizagem; 2. Verificar as atitudes linguísticas do professor dirigidas ao aluno; 3. Analisar os fatores condicionantes de preconceito linguístico, propondo estratégias de trabalhar a variação linguística em sala de aula.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Preconceito linguístico        

        

        Todo preconceito, juízo preconcebido, manifestado em forma de atitude discriminatória perante pessoas e lugares, é o julgamento depreciativo, desrespeitoso e humilhante da fala do outro ou da própria fala, geralmente contra variedades associada a grupos que pertencem a classes de menor prestígio socialmente. Bagno (2006) afirma que o preconceito linguístico está fundamentado na ideia fixa de que só existe uma única língua portuguesa digna deste nome e que seria a língua ensinada nas escolas, explicada nas gramáticas e catalogadas nos dicionários.

        Esse autor elaborou oito itens que considera uma ilusão criada em torno da língua portuguesa. Seguem os “populares” mitos de Marcos Bagno. De início (primeiro capítulo), ele aponta oito MITOS do preconceito linguístico, que são:

1. "A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente"

2. "Brasileiro não sabe português / Só em Portugal se fala bem português"

3. "Português é muito difícil"

4. "As pessoas sem instrução falam tudo errado"

5. "O lugar onde melhor se fala português é no Maranhão"

6. "O certo é falar assim porque se escreve assim"

7. "É preciso saber gramática para falar e escrever bem"

8. "O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social"

                No primeiro mito, o autor esclarece que não há uma única forma de falar e sim diversas maneiras de dizer a mesma coisa com o mesmo valor de verdade, portanto, não há uma unidade linguística, trata-se de um grande equívoco.

                O segundo mito é uma crítica ao professor Pascoalli. Dizer que o brasileiro não sabe português é negar que a língua e a cultura tem uma relação de imbricação. Afinal o que é falar bem o Português, se não servir para ser compreendido localmente?

                Dizer que o português é muito difícil realmente foi um muito difundido entre os brasileiros que se conformavam na condição do mito anterior, que “Brasileiro não sabe Português”.

                Já o quarto mito apontado pelo autor diz respeito ao conceito de “certo” e “errado” que guia a escola no ensino da gramática normativa. Errado por quê? Porque não segue as prescrições da gramática? Errado em que sentido se há como entender e dá-se a entender? De fato essa polêmica perdura até hoje, embora os linguists falem sobre adequação e não adequação em vez de certo e errado.

                Também foi levantado no livro o mito de que no Maranhão é o local onde melhor se fala o Português. Ora, se entendemos a relatividade dessa questão de falar bem, não há que se considerar uma fala regional melhor que a outra, não há em termos de língua, superioridade. No Maranhão, por se preservar alguns usos que não entraram em variação ganha essa fama, entrando em consonância com os que se pautam pela noção “certo” e “errado”, “falar bem”, “falar mal” em relação à língua.

        Quando se julga um modo de falar como “certo” pela proximidade com a modalidade escrita da língua, então estamos diante da dicotomia de Saussure (1964), quando este separa a língua da fala. Sabemos que não há que se separar a língua da fala, pois tudo se refere à língua, o que temos são duas modalidades da língua, a modalidade falada e a modalidade escrita, ambas válidas.

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