O prefixo e suas diversas abordagens
Por: Carol Benazzato • 26/11/2017 • Monografia • 1.407 Palavras (6 Páginas) • 323 Visualizações
Introdução
Este trabalho foi desenvolvido tendo como base o texto “O prefixo e suas diversas abordagens", de autoria de Paulo Mosânio Duarte. Dentre os variados processos de formação de palavras, observa-se o fenômeno da derivação prefixal – sistema pelo qual se obtém um novo vocábulo, chamado derivado, a partir de outro já existente, chamado primitivo. Assim, o objetivo é a pesquisa dos diferentes empregos dos prefixos super– e mega–, realizando uma análise da escolha de um ou outro prefixo, se aleatória ou motivada, a partir da ideia do nível de formalidade de cada documento constituinte do corpus estudado.
Inicialmente, tomamos por hipótese a ideia de que o prefixo super– acompanha, em quase todos os casos, um substantivo, sendo ainda bastante recorrente em revistas de contextos mais ligados à informalidade. Já o prefixo mega–, por sua vez, surge com maior frequência em palavras de categoria adjetiva e em termos de cunho científico.
Paralelamente a essa hipótese, foi trabalhada a problemática da abordagem generalizadora dada aos prefixos pela gramática normativa, que garante ao super– o sentido estrito de "posição em cima, excesso", aparecendo como sinônimo do prefixo sobre–; e, ao mega–, a significância de "grande". Para este fim, foram utilizadas a "Nova Gramática do Português Contemporâneo", de Cunha & Cintra, e a "Moderna Gramática Portuguesa", de Bechara.
Objetivos
O objetivo deste trabalho é observar os tipos lexicais a que pertencem os vocábulos que acompanham os prefixos super– e mega–, analisando prováveis influências dos diferentes níveis de formalidade sobre a escolha de um ou de outro prefixo.
Hipótese
A partir do fato de que o corpus deste trabalho foi retirado de revistas, e, dessa forma, exprime a linguagem moderna, nossa hipótese é de que o prefixo super– seja mais recorrente em situações informais, conforme é possível observar o seu uso em situações coloquiais e cotidianas, e de que seu uso é feito, majoritariamente, para expressar ideia de intensidade. O mega–, por sua vez, é tido por nós como um prefixo um pouco mais ligado a termos científicos. Por meio de textos teóricos, análise de gráficos e dados etimológicos procuraremos comprovar se essa hipótese é ou não é verdadeira.
Metodologia – corpus e dados
O corpus analisado foi composto pelas revistas Veja, Carta Capital, Superinteressante, Capricho e Pesquisa FAPESP. Para a realização do trabalho, cada integrante do grupo foi responsável por parte dos materiais, registrando o número de ocorrências dos prefixos super– e mega–.
Com diferentes níveis de formalidade, as revistas selecionadas voltam-se para públicos claramente específicos, o que é refletido na linguagem empregada em cada uma delas.
A revista Capricho, por exemplo, cujo público-alvo são os adolescentes, apresenta uma linguagem mais descontraída, sem tantos requintes e próxima à oralidade, podendo, muitas vezes, os próprios depoimentos de seus leitores – de maior parte do sexo feminino – marcarem presença em suas páginas com dicas sobre maquiagem, namoro, e como superar experiências negativas, por exemplo.
Já as revistas Carta Capital, Veja e Superinteressante, por sua vez, embora tratem de assuntos formais como política, ciência e economia, apresentam uma linguagem intermediária, que não se localiza em nenhum dos extremos de formalidade – nem na coloquialidade, e nem na linguagem essencialmente formal –, pois são voltadas para o público interessado nessas temáticas em geral, também apresentando em seu conteúdo, com certa frequência, assuntos ditos “populares”, o que, em alguns aspectos, pode aproximar as revistas do pólo da coloquialidade.
A revista Pesquisa FAPESP, por sua vez, apresenta o seu primeiro diferencial dos outros materiais analisados, no seu público-alvo: voltado para um público essencialmente acadêmico, a revista exibe pesquisas, teses e artigos científicos das diferentes áreas de estudo, voltando-se para um público quase que estritamente específico, contando com um linguajar localizado no pólo da formalidade dos discursos.
A partir da análise desses materiais, foram coletados 48 vocábulos precedidos pelos prefixos super– e mega–, disponíveis em uma lista anexada ao fim deste trabalho.
Pressupostos teóricos
Uma grande problemática a ser tratada neste trabalho é a questão da abordagem das gramáticas normativas aos prefixos e seus diferentes sentidos, decisivos em seus mais diversos empregos. Na "Nova Gramática do Português Contemporâneo", de Cunha & Cintra, temos por definição de super–, "posição em cima, excesso, sinônimo de sobre–". Já mega–, na "Moderna Gramática Portuguesa", de Bechara, surge com o sentido de "grande".
Tais definições, no entanto, revelaram um caráter superficial e generalizador após a análise das palavras coletadas no corpus, quando pudemos observar que o prefixo mega–, por exemplo, é capaz de assumir um caráter semelhante ao de super–, de intensidade ou de excesso, não considerados em sua definição gramatical, que se restringe às dimensões físicas (“grande”) – como vê-se em combinações como mega-limpeza, mega-curioso ou meganovidade. Outro teor não mencionado pela gramática normativa e que pode ser assumido pelo prefixo mega– é o de unidade de medida e de comprimento, tais quais megabit, megabyte e megâmetro. Esses dados aparecem ilustrados pelo gráfico abaixo:
Já no caso do prefixo super–, por sua vez, embora tenha sido indicado como sinônimo de sobre–, mais próximo à ideia de posição física, em suas ocorrências observa-se a predominância da ideia de excesso, de intensidade, conforme exposto no seguinte gráfico:
Dessa forma, a definição trabalhada pela gramática normativa a respeito dos prefixos mostrou-se consideravelmente rasa e generalizadora, uma vez que deixa de ponderar certos empregos elementares dos prefixos trabalhados – empregos, esses, adquiridos ao longo do tempo pelos falantes da língua. O prefixo mega– tem origem no adjetivo grego «mégas, megálê, mega» e significância estrita de "grande", enquanto o super–, de origem latina, traz consigo a terminação "-uper", do indo-europeu, que significa "sobre" – vocábulos precedidos por esse prefixo e que possuem sentido de localização física, no entanto, não são usuais, estando
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