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Os Camões Lírico Tensões Fundamentais

Por:   •  10/12/2020  •  Ensaio  •  652 Palavras (3 Páginas)  •  1.730 Visualizações

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Camões Lírico – Tensões fundamentais

Com uma vida regrada de muitos desconcertos, e cheia de aventuras Luís Vaz de Camões envolveu-se em brigas, confusões sendo preso por várias vezes por conta de seu gênio impar, o que desclassificava da elite de homens letrados da época. Além disso, Camões foi um poeta que amou, amores desastrosos e infelizes mais que desempenharam um papel fundamental para sua lírica.

Na poesia camoniana podemos encontrar algo que nenhum outro poeta soube realizar, uma junção entre a tradição literária portuguesa e as inovações introduzidas pelos italianos.

Saraiva e Lopes (2005) foram felizes ao descrever Camões como:

Viajante, letrado, humanista, trovador à maneira tradicional, fidalgo esfomeado, numa mão a pena e noutra a espada, salvando a nado num naufrágio, manuscrita, a grande obra da sua vida. Camões assumiu e meditou a experiência de toda uma civilização cujos conflitos na sua carne procurou superar pela criação artística.

Quanto aos aspectos formais, Camões atinge mestria do verso decassílabo, uma variedade de ritmo, formalismo das antíteses, paradoxos e comparações e faz isso de uma maneira ágil. Em sua lírica influenciada pelas formas italianas revela-se o tormento do amor indo ao mais profundo da alma, corpo e ideia retornando a um homem que pensa, racionaliza.

O poeta sem dúvida articula as suas obras o pensamento da época não sendo um filosofo, mas que consegue levar consigo a realidade de um profundo desajustamento na vida social, escolar e literária. Esse desajuste tenta trazer de volta a harmonia a situações difíceis e conflitos que viveu. O outro caminho é o amor que é tema indispensável dos poetas e não foi diferente com Camões, mas este amor é bem diferente do amor trovadoresco. Ora visto como ideia (neoplatonismo) ora como manifestação carnal. Nota-se uma nítida influência da poesia Petrarca sendo a mulher amada retratada como forma ideal, superior, perfeita, angelical e iluminada, mas que está próxima, é companheira. Dividido entre esse desejo carnal e o amor sem interesse criando assim o amar pela ativa (corporal) e amar pela passiva (espiritualmente). Por isso, pela impossibilidade de obter uma síntese desses dois amores o autor usa teses e antíteses.

Continuando na temática do amor vejamos dois poemas de Luis Vaz de Camões, observando as suas formas, métodos usados que confirma a definição do amor camoniano:

Tanto de meu estado me acho incerto,

Que em vivo ardor tremendo estou de frio;

Sem causa, justamente choro e rio,

O mundo todo abarco e nada aperto.

É tudo quanto sinto, um desconcerto;

Da alma um fogo me sai, da vista um rio;

Agora espero, agora desconfio,

Agora desvario, agora acerto.

Estando em terra, chego ao Céu voando;

Numa hora acho mil anos, e é jeito

Que em mil anos não posso achar uma hora.

Se

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