Resenha Crítica - Por que Não Ensinar Gramática na Escola
Por: Maria.izabella24 • 5/6/2016 • Resenha • 2.156 Palavras (9 Páginas) • 2.233 Visualizações
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Universidade Federal Fluminense
Instituto de Letras
Aluna: Maria Izabella Souza de Lima
Resenha Crítica
Por que (não) ensinar gramática na escola - Sírio Possenti.
Niterói, Outubro/2015
Resumo
Sírio Possenti leva o leitor a refletir o modo de ensino da Língua Portuguesa debatendo a começar do papel da escola até como atuar na sala de aula. De acordo com o autor o objetivo da escola é ensinar o português padrão ou gerar condições para que seja aprendido.
Considerando-se o lado da escola, esta visa o ensino da norma padrão, e que ocupa-se da aquisição de determinado grau de domínio da leitura e da escrita. Uma comunidade que falam uma língua ou dialeto de tal maneira que julga a fala dos outros a partir da sua acaba considerando a diferença um erro. Há um preconceito muito grande com a variedade dentro de uma mesma língua do que na comparação com outra. E o que causas das variedades podem ser sociais, históricas e culturais.
Proposta de trabalho com três gramaticais diferentes, a internalizada (a que o aluno já conhece), a descritiva (com observação em ocorrências) e a normativa (que contêm regras a serem seguidas). Além de práticas metodológicas a serem aplicadas.
Palavras-chave: gramática, escola, ensino-aprendizagem, variedades linguísticas, preconceito linguístico.
Biografia
Sírio Possenti é graduado em Filosofia (Pontifícia Universidade Católica do Paraná, 1969), mestre em Linguística (Universidade Estadual de Campinas, 1977) e doutor em Linguística (Universidade Estadual de Campinas, 1986). Atualmente, é professor associado ao departamento de Linguística da Universidade Estadual de Campinas, onde coordena o FEsTA: Centro de Pesquisa, Fórmulas e Estereótipos. Autor de Por que (não) ensinar gramática na escola, publicou ainda: Discurso, estilo e subjetividade; Os humores da língua; Os limites do discurso: questões para analistas do discurso; Língua na mídia; Malcomportadas Línguas, Humor, língua e discurso.
Obra
O livro é resultado da união de dois textos menores, composto de duas partes interdependentes completas em 95 páginas. A primeira parte evidencia questões relevantes à natureza e a aquisição das línguas, destacando dez teses básicas as quais Possenti aponta como essências para o aprendizado da língua. Na segunda parte expõe conceitos da gramática normativa, internalizada e descritiva pertinente a uma proposta de ensino, apresentando práticas de como trabalha-las em sala de aula.
POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas, S. P. ALB (Associação de Leitura do Brasil) /Mercado de Letras, 1996.
Resenha Crítica
Refletindo sobre o modo de aprendizagem da Língua Portuguesa nas escolas
Por que (não) ensinar gramática na escola prende a atenção do leitor desde o título. Ao utilizar o “não” entre parênteses, o autor remete à problemática questão que parece dividir gramáticos e linguistas. O livro reúne as ideias do autor acerca do papel da gramática na educação e no ensino da língua materna, e com isso ele embasa sua posição com teses.
O autor inicia abordando a tese: “O papel da escola é ensinar língua padrão” em que ele defende que a escola deve promover condições para que o português padrão seja aprendido, autonomamente de quais dialetos, diferentes do padrão os alunos possam utilizar. Ainda defende que, do ponto de vista cognitivo, um falante é capaz de dominar inúmeras línguas e dialetos, e que o possível erro seria a imposição do ensino do português para quem não fala usualmente. E que deveria haver o domínio da escrita e da leitura capacidades essenciais.
Em “Damos aulas de que a quem?”, Possenti discorre sobre a necessidade dos professores e da escola terem uma concepção do que seja língua e criança. Segundo ele, este conhecimento revela o sucesso de crianças em aprenderem as regras necessárias para se comunicar. Independemente das complexidades, que as línguas possuem as crianças são capazes de aprende-las. O autor salienta dois processos os quais os seres humanos adquirem conhecimento: repetição exaustiva de certos movimentos; e habilidades adquiridas de forma criativa, de hipóteses constantemente propostas e testadas. Demonstrando que as formas de adquirir conhecimento vêm do ato de repetição exaustiva.
Já em “Não há línguas fáceis ou difíceis”, discute sobre o fato de as línguas possuírem complexidade e semelhança estrutural igual, que está embasada no reconhecimento da inexistência de línguas primitivas. Um equivocado julgamento que se apoiava na oposição entre primitivo e civilizado. Dialetos populares e dialetos padrão (ou cultos) se distinguem em vários aspectos, mas não pela complexidade. Por exemplo, crianças de três anos falam o tempo todo.
Em “Todos os que falam sabem falar”, Possenti acaba por descontruir outro pensamento linguístico. Ignorar o contexto social e cultural em que surge a variação linguística, julgando seus falantes de acordo com o contexto que é desconhecido, e os condena, considerando-os ultrapassados e inferiores. Expõe que, mesmo com eventuais peculiaridades, todos os seus falantes sabem falar, embora não tenham conhecimento de regras. Pontuando aqui que os professores deveriam ensinar aos alunos o que eles não sabem e não o que dominam, que a escola deve se preocupar com a produção textual.
Em “Não existem línguas uniformes” expõe o equívoco que pode ocorrer com algumas pessoas que julgam uma língua inferior por ter variações entre os falantes. Portanto, Possenti ressalta que todas as línguas, sem exceção, apresentam variações entre os falantes. Procedendo de fatores externos à língua (sociais, geográficos, idade etc.) e internos (incorporado pelos falantes e características da fala). O autor defende de forma coerente as diversificações dentro da língua, e retrata bem a realidade linguística encontrada no meio social e escolar.
“Não existem línguas imutáveis” apresenta que todas as línguas mudam, conforme o tempo e com uso que se faz delas. E que com isso certas formas de uso acabam sendo substituídas. Criticando que a forma de ensino nas escolas é arcaica, apesar de algumas formas linguísticas não serem mais usadas, exemplificando de forma clara e de fácil compreensão. Que expõe a realidade distante entre os livros de ensino normativo e as formas linguísticas utilizadas.
“Falamos mais corretamente do que pensamos” Possenti destaca o comportamento de apontar erros na fala de indivíduos algo que é muito recorrente em sala de aula, porém ele discorda disso e aponta que o papel da escola deveria ser direcionar o ensino para corrigir tais divergências. Além disso, ao longo dos tópicos, demonstrou que não correto julgar os atos de fala de alguém, porque isso não corresponde à realidade. Falamos de acordo com regras internalizadas, de modo que alguns erros de concordância ou pronúncia não podem significar não saber falar uma língua.
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