Resenha Crítica Sobre o filme Nell
Por: Ianna Lorena • 2/11/2018 • Resenha • 802 Palavras (4 Páginas) • 1.041 Visualizações
Resenha Crítica sobre o filme Nell
“Nell” é um filme estadunidense de 1994, dirigido por Michael Apted, que retrata a história de Nell (Jodie Foster), uma mulher que morava em uma casa primitiva no meio de uma floresta e apresentava um comportamento distinto. Além disso, a mesma possuía um modo de falar peculiar, por viver muito tempo isolada da sociedade, tendo contato apenas com sua mãe e irmã gêmea, sendo que esta última morreu quando tinha entre 6 a 10 anos de idade.
Dadas as primeiras cenas da longa-metragem, percebe-se que a existência dessa “mulher selvagem” só veio ser notada, após o falecimento da sua genitora. Isso porque, quando o xerife local acompanhado do Dr. Jerome Lovell (Liam Neeson) foram fazer a constatação da morte da senhora eremita, o respectivo médico acaba achando Nell escondida em um dos cantos da casa, onde o corpo foi encontrado.
A princípio, a descoberta de alguém como Nell, parecia interessante para o doutor. Depois, se tornou uma questão a ser pensada. Pois, com o falecimento daquela que cuidava dela, quem assumiria essa responsabilidade dali em diante? Primeiramente, o Dr. Lovell levou o caso para a psicóloga Paula Olsen (Natasha Richardson) analisar. Intrigada com a situação, Paula oferece como solução a internação de Nell em uma clínica especializada, para poder estudá-la melhor.
No entanto, pelo fato do Dr. Jerome não concordar com as opiniões de Paula e vice-versa, o caso vai a júri. No tribunal, o juiz estabelece aos dois especialistas, um período de 3 meses para observar e avaliar Nell, com o intuito de colher maiores informações sobre ela. Nesse tempo, Jerry e a psicóloga conseguiram conquistar a confiança de Nell, compreender a sua fala, até mesmo se comunicar com ela, aprender seus hábitos, descobrir seus medos e ensinar a enfrentá-los.
Passados os 3 meses de observação e chegado o dia da audiência que iria decidir o destino de Nell, a própria resolve se pronunciar perante o jurado e mostrar que apesar do seu jeito, da sua fala, ela tem maturidade e capacidade suficiente para viver sozinha. O discurso feito por Nell e traduzido por Jerry nas últimas partes do filme, comove todos os presentes no tribunal, incluindo o juiz que evidentemente lhe concedeu o direito de retornar ao seu lar. Tendo em vista, que o filme termina com Nell comemorando seu aniversário em sua casa na floresta, com todos aqueles que ela aprendeu a amar.
Ao longo do filme, entende-se que a fala particular de Nell é o resultado do convívio contínuo com a sua mãe, que tinha um lado da face paralisado e uma linguagem afásica. Ou seja, sua linguagem era espelhada na linguagem da sua mãe. Logo, se sua genitora tinha dificuldades para falar devido a paralisia facial, Nell reproduzia essas dificuldades mesmo não tendo essa patologia. Vale ressaltar, que a maioria das ideias de significantes e significados que ela trazia consigo, tomava por base os ensinamentos que recebia de sua mãe e os símbolos que a rodeava.
Outro fator a ser pontuado, é que embora Nell refletisse uma imagem de mulher louca, retardada, uma selvagem com problemas mentais, ela não tinha nenhum tipo de anormalidade e que mesmo levando um estilo de vida diferente, era bastante humanizada, inocente, desprovida de malícia. E ainda que tivesse relacionamentos sociais restritos, ficou claro nas cenas em que ela sepultava a mãe ou tomava banho de rio, que a mesma também possuía cultura.
Ademais, mesmo Nell sendo um indivíduo que vivia de maneira simples, que poderia nunca ter saído de casa ou da floresta, nunca ter mantido relações sociais (com exceção do contato que teve com sua mãe e irmã), não saber o que era um carro, televisão ou ao menos ter ouvido música, ela era um ser humano que não só tinha muito a ensinar para as outras pessoas, como também a aprender com elas.
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