Resenha da obra Os Sertões (Primeira parte)

A primeira parte da obra Os Sertões, intitulada A Terra, apresenta a visão do autor em relação ao sertão, descrevendo características geológicas e climáticas do lugar. Com sua experiência em Engenharia Civil, Euclides da Cunha faz uma descrição minuciosa do cenário sertanejo, de modo científico, porém faz uso de um vocabulário demasiadamente rebuscado, fazendo com que o leitor não consiga ter uma compreensão completa da história.

O autor escreve sobre os períodos das principais secas nos séculos XVIII e XIX, sobre o fato de os períodos serem praticamente os mesmos nos dois séculos mas não consegue apresentar uma explicação para o fato.

Ao descrever a flora, Euclides narra uma curiosa planta denominada favela. Ao anoitecer a temperatura diminuía e a planta chegava a ter pequenas precipitações de orvalho porém quando tocada era como uma chama, queimando a pele. Essa planta se encontrava em abundância no morro de mesmo nome, onde acamparam as tropas federais enviadas para esmagar Canudos.

Em sua viagem, o autor presencia a passagem da seca com o período de constante precipitação. A chuva que umedece o solo, traz de volta a flora tropical onde antes era apenas a seca. Ele denomina esse fenômeno como uma mutação de apoteose, um espetáculo para os olhos.

No século XIX, o sertão era tido como a parte marginal do Brasil. Euclides tem sua linha de pensamento baseada nas ideias deterministas de Hippolyte Taine, filósofo francês, que dizia que o comportamento humano é determinado por três fatores: o meio, a raça, e o momento histórico. Ao encontrar um soldado morto há três meses, no assalto de 18 de Julho, Euclides descreve que seu corpo não se encontra desfigurado pela ação de vermes, apenas murcho, mumificado, por causa da seca.

Ao adquirir essa experiência em solo sertanejo, é possível notar que Euclides não trata nada com meio termo. A seca é o momento em que o sertão se torna um deserto. Ao chegar o período chuvoso, o verde ressurge e a terra vira um paraíso, um verdadeiro espetáculo.

Toda essa descrição tem como objetivo manter uma base explicativa para o decorrer da obra.