Resenha de "o perigo de uma historia unica"
Por: Sara Da Costa • 23/8/2016 • Resenha • 514 Palavras (3 Páginas) • 2.467 Visualizações
Resenha de “o perigo de uma única historia”
Chimamanda Adichie é uma contadora de histórias que nos revela algumas experiências pessoais ao que ela intitula de “o perigo de uma historia única”.
Adichie cresceu num campus universitário de Nigéria, tornou-se uma leitora e consequentemente, uma escritora precoce, com apenas sete anos escrevia livros ilustrados, com historias fundamentadas no mundo dos americanos e britânicos, onde seus personagens eram brancos de olhos azuis, brincavam na neve, falavam de tempo, bebiam cerveja de gengibre, tudo o que ela conhecia através desse mundo que os livros faziam ela imaginar, pois não era nada igual ou sequer parecido á sua realidade.
Adichie constata que os seres humanos “são seres impressionáveis e vulneráveis face a uma historia , principalmente as crianças”.
Ela mesma representava em seus livros uma realidade que não era a sua, que ela não conhecia até que descobriu autores africanos, como Chinua Achebe e Camara Laye, que lhe permitiram entender que sua realidade também existia nos livros literários e que poderia também falar de fatos reais e não ficcionais, das suas histórias e não das outras historias.
Chimamanda, filha de uma família unida e feliz, de classe media nigeriana, também muda essa sua forma de ver quando conhece seu amigo Fide, um menino pobre, que sua mãe ajudava e o qual ela conceituava ou “pré-conceituava” como filho da pobreza, da incapacidade. Se surpreendeu novamente quando conheceu realmente a aldeia de Fide e descobriu que afinal não eram tão incapazes assim, que apesar da pobreza também criavam coisas.
Esse mesmo preconceito ela viveu quando foi a Estados Unidos, quando conheceu uma amiga que também tinha uma única historia, um único padrão sobre o mundo de Adichie, onde todos eram miseráveis, famintos e por isso lhe suscitava espírito de piedade. Na realidade Adichie verificou que talvez ela mesma, se não fosse nigeriana, iria pensar, imaginar e criar uma ficção do seu mundo, se é que não o conhecia: um lugar de lindos animais e paisagens, cheios de doenças e guerras.
Várias pessoas, entre colegas e até mesmo professores, não entendiam como ela escrevia algo tão diferente á “autenticidade africana”, com personagens dirigindo carros e não passando fome.
Como humana, ela também descobriu que era também uma julgadora de historias por ter percepções erradas de mundos. Assim como outros faziam uma ideia errada de África, ela também caiu no erro de criar uma realidade sobre México, pura e simplesmente pelo que lhe injetava mentalmente a mídia. Sentiu vergonha de acreditar na ilusão da única historia.
Historias tantas contadas por pessoas diferentes, talvez com preconceitos diferentes ou até mesmo olhares ditados por sistemas de poder, baixo dominações políticas.
Sua experiência a fez compreender, que os olhares distintos mesmo com bons desígnios criavam histórias únicas de acordo com diferentes formas de ver o mundo, criando estereótipos.
Os seres humanos, errantes e crédulos criamos mundos e temos esses mundos como verdade absoluta sem permitir dar a oportunidade de haver diferenças, outros conceitos, outras verdades, outras crenças.
Depende da visão da realidade que um autor conta para que tudo mude. Se tens uma única realidade terás uma única historia.
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