Resenha do Texto A importância da Sílaba uma Reflexão Fonológica

RESENHA DE TEXTOS:

BROWMAN, C. P. & GOLDSTEIN, L. Some Notes on Syllable Structure Articulatory Phonology.  Phonetica, 1988, pp. 45, 140 – 155.

HENRIQUES, I. A importância da sílaba: uma reflexão fonológica.  ElingUP - Revista electrónica de linguística dos estudantes da Universidade do Porto, 2009, vol. 1, n. 1; 2009 pp. 37-59.

No primeiro artigo - “Some Notes on Syllable Structure Articulatory Phonology, - BROWMAN & GOLDSTEIN discutem duas abordagens para busca dos padrões estáveis na organização gestual do discurso: a organização local dos gestos (individuais coordenados com outra organização de gestos individuais) e a organização mundial de gestos (que formam maior conglomerados).

Ao iniciar a discussão, os autores mostram que por meio da observação da atividade do trato vocal durante o ato de fala é possível observar vários padrões estáveis, a saber: a formação de liberação de constrições feitas com os lábios ou o corpo da língua, dando a entender com isso que tais padrões inerentes ao movimento, ou gestos, podem formar a base para a descrição fonológica do discurso.

Em seguida, eles abordam questões referentes ao modelo dinâmico de tarefas com a convicção de que tal modelo possibilita caracterizar gestos individuais em termos de padrões de movimentos coordenados de grupos de articulação. Por outro lado, segundo os supracitados autores, em grande escala, os gestos parecem ser coordenados por eles próprios de padrões estáveis.

Após a discussão inicial a respeito dos padrões estáveis dos gestos e da dinâmica das tarefas, Browman e Goldstein trazem à tona um trabalho que ambos estão desenvolvendo. Este se resume em um modelo computacional baseado em gestos de produção de discurso. Nesse modelo, os autores fazem uma tentativa de expandir o conjunto de regras para levar a coordenação intergestual para o inglês americano e, para isso, postulam duas diferentes organizações do grupo de gestos orais associados com um padrão: uma organização articulatória e uma organização funcional. Quanto à organização articulatória, os gestos orais são organizados em camadas que correspondem a estrutura anatômica dos lábios, a forma da língua, e o corpo da língua. No que diz respeito à organização funcional, os gestos orais são projetados em duas camadas funcionais, a camada de consoantes e a camada de vogais. A coordenação intergestual é expressa com respeito a esta divisão funcional entre os gestos vocálicos e consonantais com gestos vocálicos e consonantais individuais coordenados com cada um.

Em se tratando ainda do modelo computacional em tela, os autores ressaltam que a hipótese da importância da organização funcional apresenta-se com uma boa quantidade de apoio, tanto na literatura fonética como na fonológica, mas, embora isso seja evidente, instam que dois aspectos específicos da formulação preliminar das regras justificam uma investigação mais avançada: a falta de algum efeito da filiação silábica na coordenação gestual e a falta de algum nível intermediário de organização.

 Por meio de análises comparativas e de gráficos, entre outros, os autores concluem, ao final, que há evidências articulatórias nas palavras do inglês americano, de modo a observar que dentro de palavras ou sílabas, pós-vocálica (sílaba final) consoante podem se comportar de forma diferente do pré-vocálicos (sílaba inicial). Enquanto consoantes iniciais estão relacionados com as suas palavras, em termos de uma única métrica global para todo o agrupamento (cluster), o centro C, consoantes finais parecem estar relacionados às suas palavras em termos da métrica locais de realização do objetivo, em vez de em termos de centros C. Se confirmada por análises posteriores, essas diferenças podem ser responsáveis por algumas das propriedades fonológicas de diferentes sequências de consoantes iniciais e finais. Finalmente, Browman e Goldstein propõem uma variedade de direções para pesquisas futuras tanto para testar quanto para aprofundar ao estudo aqui proposto, a saber: (i)os padrões básicos propostos por organizações CV e VC precisa ser mais testado particularmente através da análise de encontros consonantais - sílaba final; (ii) a aparente semelhança de C-centros inicial e p-centros carregam uma investigação mais aprofundada, assim como a previsão da universalidade do centro C-métrica para consoantes sílaba-inicial.

O segundo artigo - “A importância da sílaba: uma reflexão fonológica” - de Isabel Henriques (2009), trata sílaba e os aspectos que auxiliam a determinar a relevância da desta para a fonologia. No decorrer da discussão, a autora apresenta definições de sílaba, os seus constituintes e princípios e os fatores que podem interferir na segmentação da sílaba. Para tanto, a autora ancora-se na afirmação de Spencer (1996): “um entendimento da estrutura da sílaba é essencial para um entendimento de uma organização fonológica de língua”.