Resenha do Texto de Franchi
Por: Liliane Rubato • 5/9/2015 • Resenha • 1.378 Palavras (6 Páginas) • 1.398 Visualizações
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
DCHL
Disciplina: Língua Portuguesa VIII
Docente: Carla da Silva Lima
Discente: Liliane Vasconcelos Rubato
Resenha: FRANCHI, C. “Mas o que é mesmo gramática”? In: POSENTI, S. (org) “Mas o que é mesmo gramática?” São Paulo: Parábola, 2006, p.11-33.
No texto de Carlos Franchi, organizado por Sirio Possenti “Mas o que é mesmo gramática?” tem como principal objetivo debater sobre a questão do que é propriamente gramática e sobre seu ensino, pois existem diversos questionamentos sobre o objetivo principal de se ensinar gramática na escola. No capítulo direcionado para a resenha o autor levanta uma questão, será que ainda se deve pensar em gramática no ensino do primeiro grau? E a partir desse questionamento ele afirma que há muita confusão a respeito desse assunto, ele discute a dificuldade que professores tem para tratar do ensino da gramática no primeiro grau, e traz citações que afirmam que “a gramática nada tem a ver com texto”. Essa citação demonstra a confusão dos professores, pois o propósito da escola é fazer com que os alunos aprendam a produzir textos e compreendê-los, sendo assim o autor defende que a gramática está dentro do texto e, olhando atentamente para as estruturas textuais, ensina-se gramática de maneira contextualizada. Desse modo, ele apresenta duas redações de alunos da 3ª série do Ensino Fundamental I. Com base nas duas redações o autor avaliou os conhecimentos gramaticais nela existentes e como esses conhecimentos se manifestam nos textos, e como é ilustrado a gramática dentro do texto, e mostrando que saber gramática é dominar os princípios pelos quais se constroem as expressões da língua.
Em seguida, ele traz a opinião de professores a respeito destas redações, sendo que para os professores consultados a primeira redação apresenta muitos erros de concordância e escrita em geral, ou seja, erros de acordo com a Gramática Normativa. Já a segunda redação, apresenta clara falta de coesão e coerência textual, no entanto, os professores consultados avaliaram o primeiro texto como o pior, pois o aluno “escreve como fala” e, assim, “a redação fica horrível”. Carlos Franchi prossegue expondo pressupostos que determinam a concepção de gramática e resume defendendo que “Gramática é o conjunto sistemático de normas para bem falar e escrever estabelecidas pelos especialistas com base no uso da língua consagrado pelos bons escritores” e que esse conceito já tem raízes muito antigas. Travaglia (2003) aponta que a gramática da língua portuguesa sempre foi vista historicamente como a gramática normativa, isto é, aquela que corresponde às formas de expressão produzidas por pessoas cultas. Nesse aspecto, segundo o autor, o ensino de língua portuguesa nas escolas brasileiras, tradicionalmente, veio sendo baseado na concepção de aplicação das normas ditadas pela gramática da língua culta e amparado nos renomados autores de textos literários.
A seguir, Carlos Franchi, parte para a significação dos termos “gramática”, “regras gramaticais,” “saber gramática”. O autor aborda as concepções de gramática, mais explica também que existe diferentes modalidade do uso da linguagem. Uma pode ser a culta eleita como padrão, outras como coloquial, feias, vulgares que não tenham prestigio social, mas que são modalidades de linguagem. Ele discorre sobre o modo como os alunos aprendem algumas questões de gramática, descrevendo-o passo a passo. E então, introduz o conceito de gramática descritiva, que traz literalmente a descrição estrutural e de regras de uma língua, mas deixa claro que essa gramática vai depender de quem esta escrevendo e assim a gramática normativa, é também descritiva, mas que retira de sua descrição fatos da linguagem coloquial, do dia a dia. Carlos Franchi trata também da importância da linguagem e como seu domínio introduz a pessoa em uma sociedade, como uma criança que ao adquiri a linguagem já começa a entender todo o sistema de regras que estão à sua volta. Com isso, cita a teoria de Chomsky que trata a linguagem como algo interno que “desabrocha” em um determinado momento de vida.
A linguagem e, principalmente, o domínio dela definitivamente trazem um poder a quem os têm, por conta disso surgem pessoas que conseguem manipular opinião de outras, como políticos, por exemplo, pelo simples fato de ter uma boa oratória. E então, com as explicações dadas até o momento ele passa a distinguir essas questões essenciais do texto supracitadas “o que é gramática” e o que é “saber gramática”. Sendo a primeira como o saber total linguístico de uma pessoa, e a segunda como uma questão que não depende de escolarização para existir. Seguindo esse pensamento, ele volta às redações apresentadas e chega a conclusão que a primeira redação, apesar de apresentar “erros” gramaticais, demonstra um amadurecimento textual maior em relação à segunda. Porque na primeira o aluno consegue desenvolver um texto bem amarrado, coerente, com elementos mais complexos, consegue dar ênfase em determinada situação, diferentemente da segunda.
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