Resenha sobre o texto “Ficção e Confissão” de Antônio Candido

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Aluna: Ana Júlia Teló

Professora: Rosiene Almeida Souza Haetinger

Disciplina: Literatura Brasileira IV

Resenha sobre o texto “Ficção e Confissão” de Antônio Candido.

O texto do crítico literário, Dr. Antonio Candido, Professor na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, nos apresenta alguns aspectos sobre a obra “Vidas Secas” de Graciliano Ramos.

O capítulo “50 anos em Vidas Secas” explica que essa obra é classificada como romance mas que ao mesmo tempo há alguns pretextos que fazem a obra não encaixar-se nessa classificação. A história composta nesse livro é diferente das demais escritas por Ramos, pois não foca diretamente em um protagonista, é a único escrito em terceira pessoa e sua organização está em capítulos que não são contínuos, não seguindo a estrutura orgânica dos outros romances, assim, cada um dos trezes capítulos possui o seu próprio enredo podendo ser lido isoladamente.

Portanto, a análise realizada por Cândido, nos faz perceber que classificar a obra como um “romance” é um problema, pois um dos critérios para ter essa classificação é ter uma determinada continuidade, mas que apesar disso, tem sua originalidade como destaque, fazendo com que a obra seja grandiosa.

A seca é outro assunto que deve ser ressaltado, tanto a seca contextualizada no enredo caracterizada pela inclemência causada na natureza, quanto a seca que representa o silêncio dos personagens da história. Nota-se que há uma dificuldade dos personagens em manifestar seus pensamentos e necessidades, concluindo que a linguagem verbal não é algo predominante no enredo. Esses indivíduos passam por inúmeras dificuldades, tanto sociais como discursivas, sentem fome, falta de moradia, certas opressões do patrão e do Governo que são elementos que atingem Fabiano e sua família, desamparando o campo social e até mesmo o campo discursivo.

Sabemos que Graciliano viveu em diversas cidades do nordeste brasileiro, por isso escreve com tanta originalidade. Segundo Abel (1999), a vivência nessa geografia foi uma fonte alimento para o desenvolvimento das ideias de Ramos sobre a condição social e cultural da população nordestina, oprimida à época pela fome e miséria, vulnerável a intensa desigualdade social.

Assim, podemos observar que mesmo fugindo de aspectos que o romance compõe, a obra “Vidas Secas” é uma das melhores do regionalismo brasileiro, pois retrata a vida miserável de uma família com diferentes técnicas realizadas pelo autor.  

Refêrencias

ABEL,  C.  A.  dos  S.  Graciliano  Ramos:  cidadão  e  artista.  Brasília:  Editora  Universidade  de  Brasília, 1999.

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