Trabalhadores e Cidadãos
Por: angel74 • 11/7/2015 • Resenha • 520 Palavras (3 Páginas) • 3.940 Visualizações
Na resenha de Edilson José Graciolli sobre o livro “Trabalhadores e Cidadãos” de Paulo Roberto Ribeiro Fontes no qual se conta a história dos operários da Nitro Química, uma empresa construída no subúrbio de São Miguel que foi usada para tentar entender a dinâmica da indústria brasileira, onde ocorreu um luta de classes. De um lado estava a Nitro e do outro os trabalhadores que ou resistiam ou se adequavam aquele sistema. Segundo o autor, para Paulo Fontes se desejava uma compreensão melhor da estrutura da empresa e daquele modelo de dominação e gestão de mão-de-obra exercida sobre seus funcionários que só foi desenvolvido nos anos cinquenta. Diante disso, os anos cinquenta foi o ponto mais alto desse tipo de modelo de dominação empresarial, mas também foi o início de seu fim, pois nesse período se desenvolveu uma identidade sociocultura própria sobre os seus operários, e se deu o início do movimento sindicalista e a política dos anos anteriores a 1964. Graciolli faz uma análise dos capítulos seguintes observando o contexto histórico e cultura que influenciaram o desenvolvimento da Nitro Química e relata que apesar dela ser uma empresa privada mostrava-se a serviço do nacionalismo, todavia não queria nenhuma relação com o falso nacionalismo dos comunistas, dessa forma, se desenvolveu na empresa dois mecanismo de combate ao comunismo: um que procurava o capitalismo sadio, humano e progressista e outra que concedia benefícios como: direito a saúde, a segurança e ao lazer. Porém, esse assistencialismo era olhado com desconfiança pelos operários, pois o sindicado estava ligado à política da empresa. Posteriormente, em 1956 foi instalada uma nova diretoria no Sindicato dos Químicos que ao invés de buscar contratos por empresa procurava contratos patronais, o que em 1957 ocasionou a greve dos trabalhadores e essa paralisação os levou a importantes conquistas. De acordo com Edilson, Fontes aponta a importância de uma ofensiva por parte dos trabalhadores que naquela época os ajudou na conquista de seu sindicato, na melhor organização da empresa, para a melhoria salarial e tornou o sindicato um porta voz na conquista por seus direitos. Para o autor, falta ao texto de Paulo Fontes uma abordagem mais detalhada da estrutura sindicalista e o efeito que ela causou sobre as lutas reivindicatórias, além de o assistencialismo ser um complemento importante ao sindicato, porém não deve ser visto como caridade o que pode ocasionar outras manifestação mais abrangentes. Graciolli ainda menciona que o título nos mostra que a cidadania merece ser vista com mais importância, e ainda cita o desrespeito que a Nitro tinha pelos direitos adquiridos de seus operários, porque a empresa tinha sua própria visão de direito. De acordo com Edilson, o trabalho não deve ser relacionado com a cidadania porque o conceito é visto de forma diferente para a empresa e para o trabalhador e inicialmente na Nitro Química houve uma luta contra a redução salarial e os operários não visavam de primeira mão uma reforma social. O autor conclui dizendo que o livro de Paulo Fontes é uma literatura obrigatória para aqueles que querem compreender o trabalho, ou a militância sindicalista, ou entender a realidade brasileira.
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