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Variação linguística

Por:   •  19/5/2015  •  Relatório de pesquisa  •  3.443 Palavras (14 Páginas)  •  248 Visualizações

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RESUMO

O presente artigo é resultado de reflexões teóricas, acerca da variação linguística, ao

compreendermos que este assunto faz-se imprescindível devido à realidade sócio-cultural

do país, que aponta para a necessidade de um ensino de Língua Portuguesa que favoreça a

inserção social. Nesse sentido, discutiremos sobre a importância da variação linguística,

em sala de aula, de acordo com Marcos Bagno, com o intuito de promover uma reflexão da língua e seus diferentes usos, bem como apontar recursos pedagógicos que auxiliem nas práticas docentes. Dessa forma, esperamos atender a formação necessária para o desenvolvimento do trabalho com a variação linguística, no contexto das novas linguagens, uma vez que os educadores precisam conhecer estratégias pedagógicas que favoreçam o ensino e a aprendizagem referentes a este assunto. Assim, buscamos contribuir com a educação das camadas populares, evidenciando o respeito à língua utilizada por elas, sabendo que este é um dos caminhos para a educação inclusiva, quanto às desigualdades sociais.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino, Variação lingüística, Práticas Docentes,

Aprendizagem.

SUMÁRIO

        

INTRODUÇÃO........................................................................................................................... 5

1.    RESENHA DA OBRA: A LÍNGUA DE EULÁLIA, DE MARCOS BAGNO................... 6

2.    A VALORIZAÇÃO DA DIVERSIDADE LINGUÍSTICA COMO

       FENÔMENO CULTURAL.................................................................................................. 8

3.    QUESTÕES DO ENADE 2011 SOBRE VARIAÇÃO LINGUÍSTICA .......................... 10

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 16

INTRODUÇÃO

Sabemos que a realidade atual do ensino de Língua Portuguesa ainda é decepcionante, uma vez que muitos alunos e professores não são valorizados em relação às suas práticas lingüísticas no contexto escolar, ao passo que ainda prevalece na escola a língua padrão e a prestigiada pela sociedade. Tal situação envolve a auto-estima de alunos e professores que pertencem às classes sociais menos favorecidas e de variedades linguísticas estigmatizadas.

Sendo assim, é notório que não há mais espaço para uma escola que pense apenas em ensinar a língua padrão a um público “elitizado”,que domina a norma lingüística de prestígio. A escola precisa perceber seus alunos e desenvolver um trabalho pedagógico com o intuito de contribuir significativamente para a inserção social dos menos escolarizados.

No entanto, mesmo entre os profissionais que se interessam em desenvolver um trabalho que valorize a variação linguística, surgem preocupações tais como: vamos deixar os alunos falarem errado? Cada um fala do jeito que quer e devemos respeitar? Então não vamos mais ensinar o jeito “certo”? Devo corrigir os meus alunos ou não?.

Diante do exposto, se faz imprescindível a formação necessária para o desenvolvimento do

trabalho com a variação lingüística em sala de aula, já que os educadores, apesar do respeito à diversidade da língua, encontram dificuldade quanto às estratégias didáticas que

favoreçam o ensino e a aprendizagem referentes à variação linguística, por falta de embasamento teórico.

1.   RESENHA DA OBRA:

A LÍNGUA DE EULÁLIA, DE MARCOS BAGNO

Publicada em 1997, a obra sociolingüistica de Marcos Bagno, A Língua de Eulália, procura mostrar que o uso de uma linguagem 'diferente', nem sempre pode ser considerado um "erro de português". O modo estranho das pessoas falarem pode ser explicado por algumas ciências como a lingüistica, a história, a sociologia e até mesmo a psicologia.

Embora a nossa tradição educacional negue a existência de uma pluralidade dentro do universo da língua portuguesa, e não aceite que a norma padrão é uma das muitas variedades possíveis no uso do português, a "língua portuguesa" está em constante modificação e recebe, notadamente, a influência de palavras pertencentes a outros idiomas, principalmente dos imigrantes que chegam a todo momento no país, entre eles portugueses, americanos, japoneses, alemães e italianos.

A obra faz parte da coleção Caminhos da Língüística e conta a história de três estudantes universitárias dos cursos de Psicologia, Letras e Pedagogia que escolhem a chácara de sua professora Irene, em Atibaia -SP, para passar as férias escolares. No decorrer dos dias, as jovens vão se integrando cada vez mais com a professora em situações pouco acadêmicas, desenvolvendo conhecimentos e observações diferentes dos aprendidos em sala de aula, tendo oportunidade de reciclar, com diferentes padrões, os vários conceitos da língua portuguesa.

Em diálogos e observações sobre o modo de falar de Eulália - a empregada e amiga de muitos anos de Irene -, as jovens aprendem, perplexas, que palavras pronunciadas de forma considerada errada, como "os fósfro", "os home", "as pranta", "os broco", "as tauba", "os corgo", "a arvre", "trabaiá", o "R caipira", "tamém", além da "língua de índio" - Mim fazer -, são; na verdade formas diferentes de pronúncia, e que não podem ser vistas pelos educadores como "erradas" ou "pobres", mas sim diferentes do padrão vigente (pobres são aqueles que as pronunciam, e errada é a situação de injustiça social em que vivem).

Apesar de ser considerado como "erro" por muitas pessoas, no português-padrão, que é tido como o 'correto', existem alguns verbos que têm dois particípios passados, sendo um deles com uma forma mais reduzida, como o verbo aceitar, que pode ser pronunciado como aceitado ou aceito; entregar, que pode ser conjugado como entregado ou entregue; gastar, que pode ser utilizado como gastado ou gasto, além dos verbos pagar onde as formas pagado ou pago são encontradas, e salvar, também visto como salvado ou salvo.

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