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William Wilson: Do conto á adaptação

Por:   •  29/10/2017  •  Ensaio  •  1.592 Palavras (7 Páginas)  •  648 Visualizações

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WILLIAM WILSON: DO CONTO Á ADAPTAÇÃO

Larissa da Silva Lourenço

  1. Introdução

       Este ensaio tem por finalidade fazer uma breve análise sobre o conto “William Wilson”, de Edgar Allan Poe e da adaptação franco - italiana “ Histórias Extraordinárias”, com direção do cinegrafista Louis Malle. O trabalho apresenta teorias do estudo da adaptação de Robert Stam.

        A relação entre Literatura e o audiovisual tem se tornado cada vez mais comum. As adaptações tem sido uma grande aliada do cinema. Robert Stam apresenta uma linguagem alternativa para os estudos da adaptação, através do conceito de dialogismo de Bakthtin e da definição de intertextualidade de Genette.

   

2 - A duplicidade no conto e na adaptação

       

    Robert Stam, é pesquisador, professor de cinema, e integrante da diretoria da Tisch School of the Arts, na Universidade de Nova York. È autor, coautor e organizador de dezessete livros sobre cinema, teoria da cultura, cinemas nacionais e estudos pós – coloniais.

      O teórico defende a ideia de que toda adaptação é uma nova leitura e uma nova interpretação ( STAM, 2006)

      Em seu ensaio “Teoria e prática da adaptação: da fidelidade á intertextualidade”, Stam cita termos como “infidelidade”, “traição”, “deformação”, “violação”, “abastardamento”, “vulgarização”, e “profanação”, proliferam no discurso sobre adaptações (STAM, 2006, p. 19)

        Teorias do estruturalismo e pós – estruturalismo contribuíram no processo de evolução do estudo das adaptações, uma vez que a criação de um texto  parte de outro já existente.

        Robert Stam menciona que a narratologia é “uma forte tendência dentro dos estudos do cinema ( STAM, 2006, p. 24).’

        O teórico constata que na “Teoria da Recepção” um texto é um evento cujas indeterminações são completadas e tornam, verdadeiras quando lido (STAM, 2006, p. 24).

       A “Teoria da Adaptação” tem á sua disposição, um amplo arquivo de termos e conceitos para dar conta da mutação de formas, entre mídias – adaptação enquanto leitura, re – escrita, critica, tradução,transmutação metamorfose, recriação, transvocalização, ressuscitação, transfiguração, efetivação, transmodalização, significação, performance, dialogização, canibalização, reimaginação, encarnação ou ressurreição ( STAM, 2006, p.27).

       Edgar Allan Poe (1809-1849) nasceu em Boston, nos Estados Unidos, no dia 19 de janeiro de 1809. Foi um poeta, escritor, romancista, crítico literário e editor norte-americano.  Escreveu contos sobre mistério, inaugurando um novo gênero e estilo na literatura.

          Em seu conto “William Wilson”, Poe nos traz a história de um rapaz que prefere ser chamado de William Wilson. Desde da infância, William é acostumado a tirar proveito em todos os tipos de situações. Em seu primeiro dia de aula William Wilson conhece um colega de turma com a mesma aparência física que a sua. Eram semelhantes em quase tudo. Na altura, no andar, no agir e na mesma forma de se vestir. Exceto na voz, que de seu “gêmeo” era sussurrada e baixa. Tinham o mesmo nome e haviam nascido no mesmo dia.

        A principio o narrador cogita a possibilidade de ter um irmão gêmeo, mas isso é descartado pelo leitor logo nos primeiros parágrafos.

       O pseudônimo utilizado pelo narrador, já traz a ideia sobre a veracidade desse duplo. William = Will I am ( eu sou) e Wilson = Wil’son (filho de Wilson).

       Havia uma rivalidade entre William Wilson e seu duplo. O personagem sentia ódio por ser o segundo na hierarquia, atrás apenas de seu sósia. Wilson, no decorrer do conto busca entender o motivo dessa semelhança, um ser tão parecido, que puni todas as suas atitudes erradas. Edgar Allan Poe deixa explicito o incomodo do personagem com aquele “outro” tão idêntico á ele.

         Ao abandonar os estudos William Wilson passa a ter uma vida regada a orgias e jogos de azar, e seu duplo sempre o perseguindo.

        O personagem cita durante o conto que já havia fugido para diversos lugares do mundo, afim de evitar encontros com seu sósia, mas em todos os lugares que William Wilson estava seu sósia também aparecia.È interessante notar que em todas as suas aparições , o duplo vem com a voz sussurrada, uma voz inconsciente do seu supereu.

     “William Wilson” é um conto complexo, com uma linguagem rebuscada que sugere que tudo não é o que parece. Logo nos primeiros parágrafos o leitor já adquire uma desconfiança sobre a real veracidade desse duplo, através de anagramas e mensagens subtendidas. Fica claro que o personagem sofre de distúrbios psíquicos. A temática da duplicidade e o clima do fantástico, que permeiam em todo o conto todo, levam a crer que esse sósia representa de alguma forma uma figura que se corporaliza durante a narrativa e adquire as características do próprio narrador.

      A explosão final vem com a resolução do personagem, quando Wiiliam Wilson encontra seu sósia e resolve mata-lo.  “Venceste e eu me rendo. Contudo, de agora por diante, tu também estás morto... morto para o Mundo, para o Céu, e para a Esperança! Em mim tu vivias... e, na minha morte, vê por esta imagem, que é a tua própria imagem, quão completamente assassinaste a ti mesmo (POE, 1981, p.119).”

      O filme “Histórias Extraordinárias”(1968) é uma adaptação de três  contos de Edgar Allan Poe, cada qual na visão de um diretor. “ Metzengerstein”  foi dirigido por Roger Vadim, “Toby Dammit”, por Federico Fellini e “William Wilson” dirigido por Louis Malle.

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