A AVALIAÇÃO COMO FERRAMENTA PARA O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO SUPERIOR
Por: Cristiane Zaniboni Affonso • 3/7/2019 • Artigo • 8.062 Palavras (33 Páginas) • 288 Visualizações
A AVALIAÇÃO COMO FERRAMENTA PARA O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO SUPERIOR.
Cristiane Zaniboni Affonso R.A. 39583
Orientadora: Prof.ª.Dra. Paula Nascimento S. Moura
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo, por meio de revisão bibliográfica, estudar as vantagens da avaliação como ferramenta contínua para o ensino-aprendizagem e demonstrar a importância que ela representa para a educação superior. A fim de nos aprofundarmos, buscaremos apresentar o conceito de avaliação a partir da contribuição de vários autores vinculados à educação, para nos possibilitar o resgate das suas origens, paradigmas e trajetórias. Buscamos também refletir acerca das metodologias de avaliações tradicionais e atuais, possibilitando repensar e desmistificar o papel dos métodos avaliativos diante destes modelos pedagógicos. Objetivamos também conhecer as contribuições da avaliação no Ensino Superior para o docente, através do planejamento e análise do trabalho e para o aluno, fornecendo feedback, motivação e autonomia na construção do conhecimento. Por fim, buscamos refletir acerca das perspectivas desta ferramenta e analisar as transformações vistas e previstas na utilização da avaliação na Educação Superior.
PALAVRAS-CHAVES: Ensino Superior; Avaliação Contínua; Ferramenta.
INTRODUÇÃO
Inicialmente, para compreendermos a relevância desta pesquisa e principalmente, o surgimento da questão que objetivou seu estudo, faz sentido trazer à tona a origem desta reflexão e como ela impulsionou o interesse na investigação do tema.
Desta forma, apresentamos como questão principal a importância de compreender como a avaliação pode ser melhor aproveitada e valorizada no ensino e na aprendizagem durante a formação universitária. Enquanto pesquisadora[1] confesso que esta reflexão, pessoalmente, se deu antes mesmo da formação em Docência no Ensino Superior, durante meu trabalho como Psicóloga, com avaliações psicológicas. Percebia que as avaliações traziam uma riqueza de informação, mas que nem sempre eram valorizadas ou bem aproveitadas para contribuir como retorno para o crescimento humano. Aliás, já naquela época me incomodavam as distorções e preconceitos em relação ao assunto, devido a muitas vezes serem mal utilizadas e não fazerem sentido para os sujeitos avaliados.
Posteriormente, ao ter contato com a área da educação, passei a refletir ainda mais acerca desta importância da avaliação, percebendo a sua desvalorização também nesta área. Assim, diante do curso de Especialização em Docência no Ensino Superior, tornou-se de interesse fundamental a investigação e aprofundamento no assunto e compreender as vantagens de se utilizar a avaliação durante o processo de ensino-aprendizagem, especificamente na educação superior.
Desta maneira, fez sentido buscar a importância de compreender o papel da avaliação na formação universitária, as influências, modelos, transformações e tendências desta ferramenta junto à educação e sua relação com os atores envolvidos neste processo educacional para, com isso, desmistificar idéias e tradições acerca dos métodos avaliativos, e demonstrar as contribuições que estas ferramentas podem trazer para a educação superior, no crescimento e transformação das pessoas.
Para aprofundar-me na análise dos argumentos, foram exploradas obras literárias, sites especializados, artigos e revistas científicas que debatem o assunto sob diversos pontos de vista, registrados em fichamentos, propiciando, com isso, a fundamentação e articulação das ideias relacionadas ao tema. Assim, foram investigadas as discussões acerca da história, conceitos, paradigmas e funcionamento da avaliação. E, no sentido de organizar os argumentos, o texto foi subdividido em capítulos, buscando inicialmente compreender conceitos e fatores históricos da avaliação no contexto educacional para, em seguida, descrever e comparar os modelos do ensino que embasam seus métodos, refletindo acerca das influências, desafios e transformações que estes modelos vêm encontrando no ensino superior.
O contato com importantes nomes da educação, como Cipriano Luckesi, Edmar Rabelo, Antoni Zabala, entre outros, nos traz a percepção do quanto o tema avaliação torna-se relevante e envolve todo o processo de ensino/aprendizagem, pois na rotina das aulas podemos perceber como a avaliação já ocorre de diversas maneiras, demonstrada através dos gestos, reações positivas ou negativas expressas pelo professor, mas pode ser melhor aproveitada e fazer sentido para os resultados da formação.
Assim, podemos perceber o quanto a avaliação influencia na relação professor-aluno a ponto de contribuir ricamente com o processo de ensino-aprendizagem na educação superior e encontrarmos um novo olhar para esta ferramenta. E, desta forma, é possível compreender, valorizar ou aproveitar melhor este instrumento como aliado na construção do conhecimento e no desenvolvimento do aluno universitário.
O CONCEITO DE AVALIAÇÃO EDUCACIONAL
Avaliar, comprovar ou medir são comportamentos habituais e já ocorrem naturalmente, visto que podemos perceber a frequencia em que as pessoas avaliam a si mesmas e aos outros no dia-a-dia das suas ações, tomando decisões a partir das avaliações, como argumentam os autores Berger e Terrasêca (2011) citados por Silva (2013):
[...] avaliar, apreciar um objecto, um acto, um projecto, uma organização, uma situação, é uma atividade explícita ou implícita de qualquer indivíduo, de qualquer grupo, de qualquer sociedade (BERGER; TERRASÊCA, 2011 apud SILVA, 2013, p.79).[2]
O sentido etimológico da palavra “avaliação” é tido como “Determinar o valor de algo, compreender, apreciar, conhecer, calcular ou julgar (HOLANDA, 2019)”. Tradicionalmente, também a vemos como instrumento de cálculo, classificação ou julgamento, conforme aponta Zabala (1998), renomado educador internacional, envolvido com a reflexão acerca da prática e transformação dos modelos educacionais.
Em relação ao contexto educacional, Luckesi, referência em avaliação da aprendizagem escolar, redefine a avaliação como “um juízo de qualidade sobre dados relevantes para uma tomada de decisão”. Este autor a diferencia do tradicional contexto de prova propriamente dita ao considerar que “hoje, usamos a denominação de avaliação e praticamos provas e exames. [...] Provas e exames implicam julgamento, com conseqüente exclusão; avaliação pressupõe acolhimento (LUCKESI, 2000a, p.171)”.
Deste modo, não podemos reduzir a avaliação a um único método ou sentido, mas somando-os e contextualizando o objeto e/ou a situação a serem avaliados, por isso Luckesi defende que, para compreender o conceito de avaliação como instrumento informativo, é preciso considerar o contexto do que vai ser avaliado e como esta avaliação será utilizada. Desta forma, este autor defende que a avaliação “tem a função de possibilitar uma qualificação da aprendizagem do educando. Observar bem que estamos falando em qualificação do educando e não classificação (LUCKESI, 2000a, p.66)”. Este autor compreende que a avaliação “pretende gerar mudanças em seu objeto” e também a vê como facilitadora, na relação professor-aluno, um instrumento de inclusão e acolhimento, refletindo acerca da sua definição
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