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A Alfabetização É Possível Alfabetizar Brincando?

Por:   •  3/4/2022  •  Artigo  •  14.205 Palavras (57 Páginas)  •  168 Visualizações

Página 1 de 57

Sociedade Educacional Sul-Rio-Grandense S/S Ltda

FACULDADE PORTO-ALEGRENSE - FAPA

ESPECIALIZAÇÃO EM ALFABETIZAÇÃO: TEORIA E PRÁXIS

ANDRÉA MARINA THOMÉ KRICK

É POSSÍVEL APRENDER A LER BRINCANDO?

PORTO ALEGRE

2013

ANDRÉA MARINA THOMÉ KRICK[pic 1]

É POSSÍVEL APRENDER A LER BRINCANDO?

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Alfabetização: Teoria e Práxis.

Orientadora: Ms. Síntia Lúcia Faé Ebert

Porto Alegre

2013

ANDRÉA MARINA THOMÉ KRICK

É POSSÍVEL APRENDER A LER BRINCANDO?

        Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Alfabetização: Teoria e Práxis.

Aprovado em_____________ de ____________________ de ___________.

Banca Examinadora:

        

____________________________________________

É POSSÍVEL APRENDER A LER BRINCANDO?

Andréa Marina Thomé Krick[1]

Resumo

Este artigo tem como objetivo abordar a aprendizagem da leitura na escola através da perspectiva da ludicidade e da brincadeira, analisando as alterações ocorridas desde a implantação do Ensino Fundamental de Nove Anos (EFNA), bem como apresentar as implicações que levam o educador a repensar sobre uma nova proposta pedagógica focada nesta criança de seis anos e entender suas características e necessidades. Os autores citados durante o artigo – Friedmann (2006), Moyles e colab. (2006), Brocks e colab. (2011), além de outros, enfatizam a importância do brincar para estimular o desenvolvimento infantil integral, o que reflete positivamente também na aprendizagem da leitura no 1º ano do Ensino Fundamental (EF), pois as crianças nesta fase estão ávidas e ansiosas por aprender coisas novas, principalmente a ler e a escrever. Posso afirmar que é essencial que os educadores atuantes nos primeiros anos do EF ampliem seu conhecimento sobre os estudos e pesquisas, sejam eles clássicos ou modernos, que evidenciam a importância da brincadeira no desenvolvimento das crianças e que busquem possíveis mudanças em sua prática de ensino, pois as crianças podem sim aprender a ler brincando.

Palavras-chave: criança de seis anos, ludicidade, leitura

1 Introdução

Com o passar dos anos muitas coisas mudaram na estrutura escolar, influenciando no cotidiano das salas de aula, uma delas foi a maneira de se alfabetizar as crianças no 1º ano. Nós adultos, educadores e pais, que acompanhamos essa experiência juntamente com nossos alunos e filhos, muitas vezes comparamos a maneira como fomos alfabetizados, com a cartilha, o “ba-be-bi-bo-bu”  as listas de treinamento de leitura e cadernos de caligrafia, com a metodologia atual, embasada na teoria construtivista e no letramento, e percebemos quão diferente está sendo a proposta de ensino da escrita e da leitura para as crianças de seis anos que agora ingressam no 1º ano do Ensino Fundamental (EF).

Uma das prioridades na proposta de ensino neste novo 1º ano do Ensino Fundamental de Nove Anos (EFNA) tem sido procurar respeitar e adaptar o currículo e as atividades às características e necessidades da criança de 6 anos que ingressa na escola. Tanto no âmbito nacional como estadual foram realizados e publicados estudos, pareceres e orientações sobre o assunto.  

A garantia de uma educação de qualidade para a criança de seis anos requer planejamento e diretrizes norteadoras para o atendimento integral da criança no aspecto físico, psicológico, intelectual e social, o que implica assegurar um processo educativo respeitoso e construído com base nas múltiplas dimensões e na especificidade do tempo e da infância. (BRASIL, 2004, apud MORENO; PASCHOAL, 2009, p.49)

Dentre estas múltiplas dimensões do processo educativo da criança, este artigo aborda a aprendizagem da leitura na escola através da perspectiva da ludicidade e da brincadeira, tendo em vista que, conforme destaca Moreno e Paschoal (2009) “o perfil da criança de seis anos se caracteriza pela imaginação, curiosidade, movimento e desejo de aprender aliados à forma privilegiada de conhecer o mundo por meio, principalmente, do brincar.” (MORENO; PASCHOAL, 2009, p.43).

Escolhi este tema porque em minha vivência como alfabetizadora em turmas de 1º ano tenho sentido necessidade de trabalhar o ensino da leitura com os alunos de maneira diversificada, incluindo momentos lúdicos, para tornar esta aprendizagem atrativa, dinâmica e próxima da realidade das crianças.  

As brincadeiras e jogos fazem parte das atividades “naturais” na infância, inclusive nesta faixa etária de 6 a 7 anos, quando a criança ingressa no Ensino Fundamental, e podem servir como estímulo e apoio para que as crianças possam descobrir e explorar o universo da linguagem escrita.

 Na rotina das atividades escolares no Ensino Fundamental, contrastando com as atividades da Educação Infantil, o espaço do lúdico acaba ficando relegado aos momentos de recreio ou brincadeiras livres em detrimento de atividades mais acadêmicas, para que os professores dos anos iniciais do EF possam dar conta dos conteúdos básicos programados e o aluno aprenda o que é esperado: a ler e escrever e a calcular.  Na visão de Rapoport, Ferrari e Silva (2010, p.10), o EF de nove anos não foi concebido com o intento de levá-las (crianças) a terem contato mais cedo com os conteúdos escolares, mas de fazer com que elas se apropriem mais cedo das oportunidades de conhecimento que a escola propicia.

Sabe-se que as crianças aprendem muito através dos jogos e brincadeiras, por isso a importância de se proporcionar uma diversidade de atividades, incluindo as lúdicas, na prática pedagógica no ensino da leitura, em turmas de 1º ano.  No entanto, deve-se salientar que precisamos também considerar a importância do brincar como fim em si mesmo, dedicando a esta atividade tempo e espaço na rotina escolar. Conforme Vidal,

Na verdade, mais do que um fim pedagógico – “ensinar e aprender brincando” determinados conteúdos – a atividade lúdica tem um fim em si mesma, tem seu valor pelo processo que desencadeia em quem brinca. E é também um meio que o adulto (no caso mais específico, professores) tem para conhecer, ter mais informações sobre a criança. Ao brincar, a criança se mostra por inteira: expressa suas emoções, mostra como interage com os colegas jogadores, evidencia seu desempenho físico-motor, seu estágio de desenvolvimento, seu nível linguístico, sua formação moral.” (VIDAL, 2012, p.156)

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