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A Avaliação na Educação

Por:   •  9/9/2019  •  Relatório de pesquisa  •  6.804 Palavras (28 Páginas)  •  461 Visualizações

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Abordagens históricas e teóricas da avaliação

A avaliação é um ato inerente à vida de todo ser humano. Estamos o tempo todo avaliando. Da ação mais simples à mais complexa, vemos que sempre necessitamos de alguma informação, procedimento, técnica ou instrumento que nos ajuda a tomar uma decisão para realizar uma ação posterior.Assim como o ato de avaliar é inerente ao cotidiano e ao ser humano, avaliar também é um ato inerente ao processo de ensino e aprendizagem. Na escola, geralmente, relacionamos a avaliação com a aprendizagem; portanto, é conhecida como avaliação da aprendizagem.Alguns estudiosos da avaliação remontam suas origens ao Império Chinês. Segundo Barriga (2000) e Depresbiteris (2008), a avaliação era um procedimento criado pela burocracia para que membros das castas inferiores pudessem ocupar cargos na administração. O imperador chinês utilizava alguns procedimentos para demitir ou promover oficiais. Esses autores evidenciam que, nesse momento, a avaliação cumpria um papel de classificação e seleção de funcionários e oficiais e tinha uma determinada consequência ou resultado: ser contratado, promovido ou demitido.E como a avaliação chegou até nós? Perrenoud (1999) localiza o surgimento da avaliação escolar por volta do século XVII e aponta a expansão do seu uso no século XIX. Explore a linha do tempo para saber mais.

  • Antes do sec XVII- Na Europa, até o século XVII, a escola ainda não havia se estabelecido como a instituição de ensino como conhecemos. A educação era desenvolvida, até então, por preceptores que ensinavam apenas aos filhos das famílias nobres e ricas. A maioria da população era analfabeta e, mesmo entre famílias ricas, o estudo era privilégio dos homens.
  • Sec XVII- Nos países católicos e durante o período de colonização da América Latina, a educação era monopólio da Igreja e estava nas mãos, principalmente, da ordem dos jesuítas. Luckesi (1992, p. 144) mostra que a pedagogia jesuítica entendia a avaliação como um “instrumento de controle da construção do homem educado”, promovendo, assim, uma dicotomia entre ensino-aprendizagem e avaliação e colocando a centralidade da avaliação no produto, no resultado, e não no processo.
  • Final do sec XIX - Influenciado pelo pensamento positivista, surge o modelo objetivista. O resultado da aprendizagem é centrado no aluno, desprovido da realidade na qual está imerso e desconectado do processo de ensino-aprendizagem. A avaliação vai sendo associada com a ideia de medida, o que resultou no desenvolvimento de testes padronizados para medir habilidades e aptidões dos alunos.Antes do séc. XVII
  •  Sec XX-Surge o modelo subjetivista, segundo o qual o ensino deve se adaptar ao educando. A avaliação volta-se para a apreensão das habilidades já adquiridas, que estão em desenvolvimento. Ganha relevância a necessidade de respeitar os ritmos individuais de aprendizagem, valorizam-se a autoavaliação e a interferência dos aspectos afetivos e emocionais nos processos de aprendizagem. Os instrumentos de avaliação passam a valorizar a elaboração de questões abertas, em que o sujeito elabora sua própria resposta
  • Meados do sec XX - A insatisfação com os modelos e teorias até então predominantes leva ao desenvolvimento do modelo  socioconstrutivista, que considera o vínculo entre o indivíduo e a sociedade. Torna-se essencial conhecer a realidade, a dinâmica das relações sociais e o conflito de interesses para identificar as brechas que possibilitam mudanças e rupturas, o que ressalta o potencial transformador da educação e da escola. A avaliação é integrada ao ensino, utiliza instrumentos variados e seu objetivo é formativo.
  • Segundo Abramowicz (1994, p. 87), o conceito de avaliação da aprendizagem caminhou “de uma concepção tecnicista, [em que] avaliar significava medir, atribuir nota, predizer, para uma concepção sociopolítica, em que a avaliação é vista em um contexto mais amplo, sociocultural, historicamente situada, autoconstruída, transformadora e emancipadora”. Benjamin Samuel Bloom (1913-1999) foi um importante psicólogo norte-americano que, com outros estudiosos de diversas universidades dos Estados Unidos, elaborou uma ordenação hierárquica dos objetivos educacionais (taxonomia), em 1956. Essa ordenação ou classificação dos objetivos educacionais é conhecida como taxonomia de Bloom e marcou profundamente a educação na segunda metade do século XX, sendo ainda hoje utilizada.  Explore a galeria a seguir e conheça os domínios que foram base para o desenvolvimento da taxonomia de Bloom, conforme Ferraz e Belhot (2010).

Domínio cognitivo Relaciona-se com o domínio de um conhecimento, com a aprendizagem de algo novo, com o desenvolvimento intelectual, de atitudes e habilidades. Esse é o domínio mais conhecido no campo educacional.  Categorias: conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese, avaliação.

Domínio afetivo    Relaciona-se aos sentimentos e posturas e está vinculado ao desenvolvimento emocional e afetivo. 
Categorias: receptividade, resposta, valorização, organização, caracterização.

Domínio psicomotor     Relaciona-se a habilidades físicas específicas. Esse é um domínio que não foi desenvolvido por Bloom e sua equipe, como indicado por Ferraz e Belhot (2010), mas por outros autores. 
Categorias: imitação, manipulação, articulação, naturalização.

De acordo com os estudos de Bloom e sua equipe, todos os alunos, independentemente dos fatores extraescolares, são capazes de aprender; o que difere a aprendizagem de uns para outros é o domínio ou nível de profundidade com que aprendem. Portanto, a aprendizagem dos estudantes estaria diretamente relacionada aos processos de ensino e aos seus objetivos.Em relação à avaliação, Bloom, assim como outros teóricos do momento, trazem ao menos duas ideias fundamentais:

  • A avaliação está relacionada ao ensino-aprendizagem e, portanto, se vincula tanto ao aluno como ao professor.
  • Ao entender o ensino-aprendizagem como processo, Bloom enfatiza a importância de a avaliação ser realizada não somente no final, mas também durante seu desenvolvimento, permitindo identificar se os objetivos educacionais estão sendo alcançados e, quando não, promover ações que possibilitem atingi-los

Clique nas abas a seguir e entenda as funções da avaliação, segundo a taxonomia de Bloom.

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